O texto da notícia, assinado, presumo, por uma jornalista, é de grande interesse:
As universidades também potenciam o empreendedorismo empresarial. Na Universidade ...., uma incubadora de empresas de alta tecnologia ajudou a criar até agora 500 postos de trabalho. São projetos que geram milhões de euros para a economia nacional A incubadora ............... acolhe 70 empresas tecnológicas e é a prova de que as universidades não se esgotam na formação de alunos e na investigação, são também motores de empreendedorismo. Nesta incubadora, o conhecimento científico passa do mundo académico para o real.............Este conteúdo tem tudo para se afigurar pacífico, mas atente-se na primeira entrevista gravada que o ilustra (VER aqui):
E, agora, pense-se, em simultâneo, nos dois registos (texto e vídeo):
1) Nada mais há ali a ponderar a não ser o "empreendedorismo", o sagrado "empreendedorismo" e a inquestionável aproximação ao "mundo real". A função suprema da universidade é esta! Mais: a função da universidade reduz-se a esta!
2) Repara-se como se apresenta a iniciativa: um "projeto que gera milhões de euros para a economia nacional". Como podemos discordar dela, numa altura de "vacas tão magras". A manipulação é óbvia!
3) Diz-se, no texto, que as universidades "não se esgotam na formação de alunos nem na investigação". Isso é certo, mas tal afirmação derivará do conhecimento do pensamento de Alexander von Humboldt, por exemplo? Não me parece, pois se derivasse ter-se-ia percebido que uma universidade que "produz" um aluno como o entrevistado, não tem a mais pálida ideia do que é formar ou não tem o saber ou os meios para o fazer.
Escusado será dizer que empresas e universidades (ou sectores delas) como as aquelas a que me refeiro desconhecem o que quer quer seja da condição humana e nem isso lhes interessa nada!
Maria Helena Damião
1 comentário:
Ola,
Não sei bem o que é que as universidades "potenciam" (talvez seja necessario perguntar a Aristoteles), mas uma coisa sei com certeza, elas deviam servir para impedir, ou pelo menos diminuir o risco, que se publiquem frases tão completamente imbecis como a primeira frase do texto citado.
Boas
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