sexta-feira, 28 de março de 2014

Um País em desconjuntamento geral

Texro recebido do nosso leitor Augusto Kuettner Magalhães e que reflecte o sentimento geral que prevalece hoje no país, devido em boa parte a continuada incompetência da governação:
"Sendo totalmente impossível, por muito que nos esforcemos, desligarmo-nos de tudo o que nos rodeia, vamos constatando a realidade de um País em desconjuntamento geral.
Começando pelo aspecto das nossas ruas e passeios, do exterior de prédios e moradias, de lojas ao abandono, nota-se um progressivo esvaziar de tudo. Parece até, em certos sítios, que não vai haver amanhã.
Olhando para os nossos concidadãos em qualquer lugar público, novos e velhos, elas ou eles, não se notam rostos abertos, antes se sente uma tensão resultante de um descontentamento fortíssimo.
Qualquer conversa, com quem quer que seja, deixou de ser de banalidades como o estado do tempo, passando a ser sobre o estado em que estamos e o facto de não se vislumbrarem quaisquer melhorias. Falar de políticos e políticas cria ainda mais mal-estar, mais desconforto. Falar da nossa Justiça só é para dizer que não funciona. E convirá não falar da Educação, Saúde, Reformas e Pensões, Emprego e Desemprego para não se entrar em total desespero.
Não se poderia esperar que depois de três anos tão difíceis para (quase) todos nós, possamos estar alegres e contentes. Mas deveria supor-se que, nesta altura, houvesse uma porta aberta,  uma esperança com vista a um futuro com mais vida.
Mas, não, não há de modo algum. 
Ninguém entende, por exemplo, por que não foi feita a Reforma do Estado tão prometida, não só por estes governantes, como também pelos anteriores. Estes garantiram-nos que não seriam desleixados como os anteriores. Continuamos a ter o dobro das Câmaras Municipais que seriam necessárias e tudo que se lhes está associado e que não é, de todo, necessário. Como continuamos a ter tantos deputados que não parecem de modo algum serem necessários. Continuamos a ter um Governo demasiado pesado para as funções que (não) exerce. Continuamos a ter serviços centrais que repetem os serviços autárquicos e vice-versa. Continuamos a ter uns serviços da Presidência da República demasiado grandes para a actuação efectiva que têm. Continuamos a aguardar a  renegociação de modo sério das relações Estado/PPP e Estado/Bancos. A maior parte da máquina do Estado ficou exactamente na mesma.
O desemprego não diminuiu. A dívida pública aumentou. 
Por outro lado, o espaço  onde estamos inseridos - a (Des)União Europeia - continua a ser um monte de países sem destino.
Só há que viver cada dia da cada vez, o que significa viver o dia de hoje o melhor que for possível dado que om dia de amanhã será provavelmente pior.
Este sentimento de desconjuntamento geral do País deveria fazer-nos pensar. A todos, mas em particular aos governantes. Para isso mesmo são pagas, pelo erário público, tantas e tantas pessoas em cargos de responsabilidade. Assim, sem topo e com pouca capacidade das bases, não vamos lá.
Augusto Küttner de Magalhães

2 comentários:

Anónimo disse...

Um país com 10.000.000 de habitantes e com mais de 60.000 cargos políticos (excluindo a «cunha e o compadrio») só pode viver em alucinação permanente. Imagine lá nas eleições em (p.e.) Nova Iorque elegerem 60.000 mafarricos para gerirem a «coisa pública»...
Demonstração detalhada do número, distrito a distrito, aqui:
http://oportugalbipolar.blogspot.pt/2013/02/reestruturacao-do-estado-onde-cortar-4.html
com direito a rectificação aqui:
http://oportugalbipolar.blogspot.pt/2013/02/total-de-distritos-erro-de-049-faltava.html
JM

AKüttner disse...

Não imagino JM!

Não é possível!!!

AKüttner

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