Texro recebido do nosso leitor Augusto Kuettner Magalhães e que reflecte o sentimento geral que prevalece hoje no país, devido em boa parte a continuada incompetência da governação:
"Sendo totalmente
impossível, por muito que nos esforcemos, desligarmo-nos de tudo o que
nos rodeia, vamos constatando a realidade de um País em desconjuntamento
geral.
Começando
pelo aspecto das nossas ruas e passeios, do exterior de prédios e moradias, de lojas ao abandono, nota-se um progressivo esvaziar de tudo. Parece até, em certos sítios, que não vai haver amanhã.
Olhando
para os nossos concidadãos em qualquer lugar público, novos e velhos,
elas ou eles, não se notam rostos abertos, antes se sente uma tensão resultante de
um descontentamento fortíssimo.
Qualquer
conversa, com quem quer que seja, deixou de ser de banalidades como o estado
do tempo, passando a ser sobre o estado em que estamos e o facto de não se vislumbrarem quaisquer melhorias. Falar
de políticos e políticas cria ainda mais mal-estar, mais desconforto.
Falar da nossa Justiça só é para dizer que não funciona. E convirá não falar da Educação, Saúde, Reformas e Pensões, Emprego e
Desemprego para não se entrar em total desespero.
Não
se poderia esperar que depois de três anos tão difíceis para (quase) todos
nós, possamos estar alegres e contentes. Mas deveria supor-se que, nesta
altura, houvesse uma porta aberta, uma esperança com
vista a um futuro com mais vida.
Mas,
não, não há de modo algum.
Ninguém entende, por exemplo, por que não foi
feita a Reforma do Estado tão prometida, não só por estes governantes, como também pelos
anteriores. Estes garantiram-nos que não seriam desleixados como
os anteriores. Continuamos a ter o dobro das Câmaras Municipais que seriam necessárias e tudo que se lhes está associado e que não é, de todo, necessário. Como continuamos a ter tantos deputados
que não parecem de modo algum serem necessários. Continuamos a
ter um Governo demasiado pesado para as funções que (não) exerce. Continuamos a ter serviços centrais que repetem os serviços autárquicos e
vice-versa. Continuamos a ter uns serviços da Presidência da
República demasiado grandes para a actuação efectiva que têm. Continuamos a aguardar a
renegociação de modo sério das relações Estado/PPP e Estado/Bancos. A maior parte da máquina do Estado ficou exactamente na mesma.
O desemprego não diminuiu. A dívida pública aumentou.
Por outro lado, o espaço onde estamos inseridos - a (Des)União
Europeia - continua a ser um monte de países sem destino.
Só há que viver cada dia da cada vez, o que significa
viver o dia de hoje o melhor que for possível dado que om dia de amanhã será provavelmente pior.
Este sentimento de desconjuntamento geral do
País deveria fazer-nos pensar.
A todos, mas em particular aos governantes. Para isso mesmo são pagas, pelo erário público, tantas e tantas pessoas em cargos de responsabilidade. Assim, sem topo e com pouca capacidade das bases, não vamos lá.
Augusto Küttner de Magalhães
2 comentários:
Um país com 10.000.000 de habitantes e com mais de 60.000 cargos políticos (excluindo a «cunha e o compadrio») só pode viver em alucinação permanente. Imagine lá nas eleições em (p.e.) Nova Iorque elegerem 60.000 mafarricos para gerirem a «coisa pública»...
Demonstração detalhada do número, distrito a distrito, aqui:
http://oportugalbipolar.blogspot.pt/2013/02/reestruturacao-do-estado-onde-cortar-4.html
com direito a rectificação aqui:
http://oportugalbipolar.blogspot.pt/2013/02/total-de-distritos-erro-de-049-faltava.html
JM
Não imagino JM!
Não é possível!!!
AKüttner
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