Enquanto os informáticos aperfeiçoam os programas de fazer poesia, continuemos a fruir aquela que saíu, simplesmente, da mão humana para o papel. No dia que se convencionou ser o internacional da Poesia, um poema de José Gomes Ferreira
(Meditação debaixo da tília do Jardim.)
Recordar torna o mundo mais exacto
com réguas de fumo,
ângulos perfeitos de olhos nos astros
- e a inocência daquele céu pardo
das manhãs inconcretas
que todos se lembram de ser azul
e não verde para lhe chamarmos oceano
ou folha de árvore.
A realidade é mais confusão
máquina-doida-de-repetir sombras inconcluídas,
bocas dependuradas nos ramos e nas corolas,
destinos de morder o vento,
narinas nas flores,
conluio de pássaros com o sol,
as plantas enganaram-se e deram incêndios em vez de rosas,
construção da Cidade da Morte com pele e cal,
ervas pisadas por espectros
- e este cheiro tão bom a sonho
que torna o mundo mais efémero e real.
As aves nos fios telefónicos alimentam-se de palavras.
In Poeta militante II (Encruzilhada, 1949-1950), Moraes, 1983, p.118.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
O BRASIL JUNTA-SE AOS PAÍSES QUE PROÍBEM OU RESTRINGEM OS TELEMÓVEIS NA SALA DE AULA E NA ESCOLA
A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...
-
Perguntaram-me da revista Visão Júnior: "Porque é que o lume é azul? Gostava mesmo de saber porque, quando a minha mãe está a cozinh...
-
Usa-se muitas vezes a expressão «argumento de autoridade» como sinónimo de «mau argumento de autoridade». Todavia, nem todos os argumentos d...
-
«Na casa defronte de mim e dos meus sonhos» é o primeiro verso do poema de Álvaro de Campos objecto de questionamento na prova de Exame de P...
Sem comentários:
Enviar um comentário