Os nossos gestores da Fundação para a Ciência e Tecnologia consideram a História da Ciência uma disciplina menor, tendo-a sacrificado
no altar das suas "fronteiras da ciência". Lembrei-me deles - e tive pena deles - ao ler este texto do grande Isaac Asimov, no livro "A Nova
Dimensão. Teoremas" (Galeria Panorama, 1973) de que já aqui falei. Escreveu Asimov na Introdução a esse livro este belo texto em louvor da História da Ciência:
"Há um bom par de anos, acabava eu de ser nomeado assistente universitário, fui apresentado a um eminente historiador de ciência. Nesse tempo apenas pude olhá-lo com uma condescente tolerância.Lamentei um homem que, segundo me parecia, era obrigado a pairar sobre os limites da ciência. Tinha de tremer eternamente de frio nos arrabaldes, obtendo apenas um pouco de calor do sol distante da ciência, enquanto eu, que iniciava o meu trabalho de investigação, estava mergulhado no forte e líquido calor do próprio centro do seu brilho.Numa vida inteira de muitos erros, nunca errei tanto. Era eu, e não ele, que vagabundeava na periferia. Era ele, e não eu, que vivia em plena fogueira.Tinha sido vítima da lenda do "limite cada vez mais longínquo", da crença de que só a fronteira autêntica da ciência apontava, de que tudo quanto tinha ficado para trás pelo progresso se dissipara e morrera. Mas será iso verdade? Se uma árvore se enche de rebentos de verão e reverdece, cobrindo-se de folhas, essas folhas serão a árvore? Se as novas hastes e as suas folhas fossem tudo quanto existisse, formariam um vago halo esverdeado, suspenso no meio do ar, mas por certo que isso não seria a árvore, As folhas, por si próprias, não são mais do uma decoração trivial e trémula. São o tronco e os ramos que dão à árvore a sua grandeza..."Isaac Asimov
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