sábado, 15 de março de 2014

As universidades potenciam o quê!?

Na pesquisa que fiz na internet para escrever o texto Além disso, dá música!, descobri algo muito mais assustador do que aquilo que ali relato (o que não é surpreendente, pois toda e qualquer pesquisa sobre captação e uso de dados pessoais tem esse resultado): a empresa e a universidade a que me referi, aliaram-se para, com fins publicitários e comerciais, registar as expressões faciais de pessoas que estão ou que passam num determinado local, bem como outros aspectos particulares do seu comportamento e atitude. E isto sem qualquer tipo de pedido de autorização.

O texto da notícia, assinado, presumo, por uma jornalista, é de grande interesse:
As universidades também potenciam o empreendedorismo empresarial. Na Universidade ...., uma incubadora de empresas de alta tecnologia ajudou a criar até agora 500 postos de trabalho. São projetos que geram milhões de euros para a economia nacional A incubadora ............... acolhe 70 empresas tecnológicas e é a prova de que as universidades não se esgotam na formação de alunos e na investigação, são também motores de empreendedorismo. Nesta incubadora, o conhecimento científico passa do mundo académico para o real............. 
Este conteúdo tem tudo para se afigurar pacífico, mas atente-se na primeira entrevista gravada que o ilustra (VER aqui):

E, agora, pense-se, em simultâneo, nos dois registos (texto e vídeo):

1) Nada mais há ali a ponderar a não ser o "empreendedorismo", o sagrado "empreendedorismo" e a inquestionável aproximação ao "mundo real". A função suprema da universidade é esta! Mais: a função da universidade reduz-se a esta!

2) Repara-se como se apresenta a iniciativa: um "projeto que gera milhões de euros para a economia nacional". Como podemos discordar dela, numa altura de "vacas tão magras". A manipulação é óbvia!

3) Diz-se, no texto, que as universidades "não se esgotam na formação de alunos nem na investigação". Isso é certo, mas tal afirmação derivará do conhecimento do pensamento de Alexander von Humboldt, por exemplo? Não me parece, pois se derivasse ter-se-ia percebido que uma universidade que "produz" um aluno como o entrevistado, não tem a mais pálida ideia do que é formar ou não tem o saber ou os meios para o fazer.

Escusado será dizer que empresas e universidades (ou sectores delas) como as aquelas a que me refeiro desconhecem o que quer quer seja da condição humana e nem isso lhes interessa nada!

Maria Helena Damião

1 comentário:

joão viegas disse...

Ola,

Não sei bem o que é que as universidades "potenciam" (talvez seja necessario perguntar a Aristoteles), mas uma coisa sei com certeza, elas deviam servir para impedir, ou pelo menos diminuir o risco, que se publiquem frases tão completamente imbecis como a primeira frase do texto citado.

Boas

O BRASIL JUNTA-SE AOS PAÍSES QUE PROÍBEM OU RESTRINGEM OS TELEMÓVEIS NA SALA DE AULA E NA ESCOLA

A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...