segunda-feira, 6 de maio de 2013

Bom, talvez não seja bem assim...

Á beira das provas nacionais de final de ciclo de escolaridade, foi notícia no Expresso online a entrevista de Carlos Abreu a um professor universitário, especialista em educação que, recorrendo, em primeira instância, à sua própria experiência pessoal de pequeno aluno de final da primária, lembra ao país a angústia que sentiu no dia em que fez o exame da quarta classe na atual. Transportando essa experiência para o presente diz:
"... imagino a angústia que as crianças estão a sentir. Ao fim de quatro anos de escolaridade, fazer estes exames só pode ser bom para os psiquiatras. Daqui a alguns anos podem ter mais alguns clientes."
E depois, como é muito comum, relaciona os exames com regimes políticos...
"Faz lembrar o Estado Novo"
Do global da notícia, fica a ideia de que os exames são incompatíveis com a preocupação de
"não deixar ninguém para trás, não desistir das pessoas".
É certo que a escola não deve deixar, não se pode deixar nenhum aluno para trás, tudo tem de fazer de modo que todos os alunos cheguem o mais longe possível na escolaridade, mas é certo também que os exames, os testes, as provas com carácter sumativo, que permitem a classificação, desempenham um papel importante, tanto na aprendizagem como na prestação de contas à sociedade que financia a escola.

1 comentário:

Ildefonso Dias disse...

Senhora Professora Helena Damião, quem quer que se dedique ao estudo – ainda que seja ao de leve - da Obra de José Sebastião e Silva fica imediatamente esclarecido relativamente aos métodos de ensino que estão subjacentes a esta politica de exames...

Bom, talvez este pequeno texto ajude a Professora Helena Damião a compreender o alcance das palavras do Professor Rui Armando Santiago. Assim espero.
Cordialmente,


“Peço em particular a atenção de todos para a estrutura, ou antes para a falta de estrutura do 2. ciclo dos liceus: nada menos do que 9 (nove) disciplinas, todas para exame ao fim de três anos, em estilo verbalista e mnemónico, sem unidade nem finalidade, atomizadas em nocõezinhas de enciclopédia, que vão deste a reforma de Zoroastro até aos aparelhos digestivos da minhoca e da lombriga! É evidente que ninguém pensou a sério nisto: e porque não houve meia dúzia de pessoas com tempo e tranquilidade de espírito para pensar nestes problemas, há 20 anos que muitas dezenas de milhar de alunos e respectivas famílias sofrem as desastrosas consequências desse facto! Sim, trata-se de um problema grave e urgente, que requer medidas de emergência: é que, além de ficarem pelo caminho cerca de 80% dos alunos, consta que há numerosos casos de esgotamento! Tenho conhecimento de um caso de suicídio, e quem sabe se não haverá outros. Pergunto: é assim, com uma geração de frustrados e de nevróticos, que se poderá construir o Portugal de amanhã?
[Artigo publicado no Jornal A Capital, no dia 4 de Dezembro de 1968]
(Nesse artigo, Sebastião e Silva expõe o que pensa da Universidade e dos seus problemas e ainda do ensino, nos seus diversos níveis e graus.)

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