quinta-feira, 7 de março de 2013

The Pseudoscience Wars

Steven Shapin reviews 'The Pseudoscience Wars' by Michael Gordin · LRB 8 November 2012
http://www.lrb.co.uk/v34/n21/steven-shapin/catastrophism

Einstein spoke with his usual wisdom when asked how scientists might tell by inspection whether unorthodox ideas were brilliant or barmy. He replied, with Velikovsky clearly in mind: 'There is no objective test.' The term 'pseudoscientist' is a bit like 'heretic'. To be a pseudoscientist is to be accused; you don't describe yourself as a pseudoscientist.

If pseudosciences are not scientific, neither are they anti-scientific. They flatter science by elaborate rituals of imitation, rejecting many of the facts, theories and presumptions of orthodoxy while embracing what are celebrated as the essential characteristics of science. That is at once a basis for the wide cultural appeal of pseudoscience and an extreme difficulty for those wanting to show what's wrong with it.


(via Instapaper)

12 comentários:

Unknown disse...

Em ciência o problema da demarcação não existe. Ou seja, em ciência, o argumento de que algo (um facto, uma teoria, uma lei, ...) é pseudociência ou pseudocientífico é um absurdo, não é considerado um argumento e ninguém invoca esse argumento (seria ridículo e uma tremenda tolice), este argumento só é utilizado fora da ciência, para descredibilizar algo com que não se concorda, é uma espécie de insulto e nada mais.

E, hoje, mesmo fora da ciência, só é utilizado por quem tem da ciência uma concepção religiosa (mas continua a ser ridículo na mesma). É verdade que há pessoas ligadas à ciência também utilizam este argumento (não no seu trabalho científico, porque isso seria ridículo e inaceitável, mas junto da opinião publica, que é um bocadinho mais crédula) o que é triste e patético.

Anónimo disse...

A perseguição dos bigpharma aos profissionais alternativos, fiquem com esta paródia porque é a única atitude disponível perante a idiotice tecnocrática.
Chinese Medicine Blues
http://youtu.be/eDh6rTJnmvQ

Anónimo disse...

Caro Vasco da Gama, o problema da demarcação não se coloca directamente aos cientistas comuns pois não é um problema cientifico. A Ciência não tem mecanismos internos de demarcação nem produz meta-teoria sobre si mesma. O problema da demarcação é objecto de alguma filosofia. E é um problema com actualidade. Portanto, por um lado, é natural que só os cientistas-religiosos andem de dedo eriçado a indicarem, à luz de dogmas mal contados, que os outros são pseudo-ciência. Por outro lado, o problema da demarcação, se serve de adjectivo para alguns, é um problema filosófico sério e está muito para além do insulto.

Unknown disse...

Concordo consigo, não sendo um assunto científico, pode tratar-se de um problema filosófico e terá seriedade se for tratado com seriedade.

Unknown disse...

Confesso que o assunto da demarcação é um pouco aborrecido para mim (e não tenho muita paciência). Ainda assim a leitura do "review" do Steven Shapin ("Catastrophism" do 'The Pseudoscience Wars' by Michael Gordin) foi muito interessante.

E a conclusão está muito inspirada:

«But there’s a corollary: if it struts around the barnyard loudly protesting that it’s a duck, that it possesses the very essence of duckness, that it’s more authentically a duck than all those other orange-billed, web-footed, swimming fowl, then you’ve got a right to be suspicious: this duck may be a quack.»

joão viegas disse...

Caro anonimo,

"o problema da demarcação não se coloca directamente aos cientistas comuns pois não é um problema cientifico. A Ciência não tem mecanismos internos de demarcação nem produz meta-teoria sobre si mesma".

Isso não é bem assim. Não conheço ciência que não considere que o seu rigor se enraiza numa reflexão critica acerca dos seus limites, isto é acerca dos limites do conhecimento objectivo que ela pode alcançar.

O que é certo, é que a maior parte dos cientistas reconhece que é impossivel traçar esses limites apoiando-se apenas nas regras "internas" da sua disciplina. Logo, reconhece que é necessario reflectir sobre problemas que extravazam o seu campo de actuação habitual. Isto significa que a maior parte dos cientistas considera, e bem, que no proprio interesse da sua actividade (cientifica), é necessario enquadrar as suas investigações numa reflexão mais lata, que envolve deontologia, especulação sobre os fundamentos da disciplina, etc. Problemas que pertencem também à filosofia.

Um fisico (um quimico, um biologo, um geologo, um psicologo, um economista, etc.) que apenas sabe fisica (quimica, biologia, geologia, psicologia, economia, etc.), nem fisica (quimica, etc.) sabe.

Ora a sua frase não me parece traduzir correctamente esta ideia, que implica que a questão da demarcação se coloca quotidianamente aos cientistas, por razões "internas" à ciência que praticam. Ciência que não é critica, e que não começa por ser critica sobre si mesma, não é verdadeiramente ciência...

Mas concordo que a ideia de uma "demarcação" completamente estanque entre "ciência" e "não ciência" assenta num contrasenso cientifico, e num contrasenso filosofico. Com efeito, esta ideia parte do pressuposto de que a ciência e a filosofia estão separadas por uma fonteira nitida, quando elas na verdade estão completamente inter-ligadas e não reclamam, nem suportariam alias, uma separação total.

Boas

Unknown disse...

Caro João Viegas,

Quando se diz "o problema da demarcação não se coloca directamente aos cientistas comuns pois não é um problema cientifico", isto é verdade. Para um cientista as afirmações vão verdadeiras ou falsas, as teorias, ou as leis, ou ... ou se ajustam ao que se observa e, por isso, tem validade ou não (e não têm validade). Em nenhum momento essas afirmações, teorias, leis... são ou deixam de ser ciência ou pseudociência, se forem mais ou menos válidas. Este é um problema que não se põe em ciência.

O problema não é tão simples como pode parecer à primeira vista (e como os optimistas parecem pretender).

Já agora deixo-lhe um link para um capítulo de um livro de Susan Haack que dá uma boa descrição do problema da demarcação:
http://pervegalit.files.wordpress.com/2011/03/haack-six-signs-of-scientism-october-17-2009.pdf

joão viegas disse...

Caro Vasco Gama,

Obrigado pela sua resposta. Como disse, custa-me subscrever a frase, uma vez que o "cientista comum", ao que julgo saber, depara-se necessariamente, e quotidianamente, com a questão de saber se pode, ou não, afirmar que tal teoria, lei, proposição, etc., tem ou não fundamento cientifico, o que implica que ele saiba distinguir entre o que "é" ciência e o que "não é" ciência. Julgo que poderiamos mesmo ver nesse facto o ponto de partida do "rigor" de que ele se reclama enquanto cientista.

Que o cientista não consiga resolver "sozinho" a questão é outro problema (e coloco aspas porque esse "sozinho" implica uma visão da ciência que julgo incomportavel). Isso não impede que ele se depare todos os dias com a questão...

Mas é provavel que algo me esteja a escapar e vou com certeza ler o livro que v. me aconselha, o que agradeço sinceramente.

Boas

Unknown disse...

Caro João Viegas,

Como deve imaginar o cientista comum (quando digo cientista comum, não há qualquer conotação negativa, corresponde à situação mais comum dentro da ciência) trabalha em áreas cujo o conhecimento está razoavelmente solidificado (e enquadra-se dentro do que se pode chamar por "mainstream") e os seus estudos, os métodos de trabalho, o cuidado, a prudência e os escrúpulos (normais de cada indivíduo) põe-no a salvo de grande parte dos problemas que menciona e quando encontra algo anómalo, que ainda não foi reportado por outros, tenta arranjar uma explicação razoável para o assunto.

Já o problema é bem diferente para quem trabalha em áreas de fronteira do conhecimento, onde as teorias podem ser ainda muito especulativas, ou no estudo de sistemas com elevado grau de complexidade, para os quais muitas vezes não se conhecem bem todos os parâmetros que determinam o comportamento desses mesmos sistemas.

Anónimo disse...

Caro João Viegas:

O cientista comum, na sua prática, raramente ou mesmo nunca se encontra com a questão do que é científico ou não. O cientista comum, na sua prática, tenta resolver problemas científicos aplicando os modelos, métodos e instrumentos que lhe pareçam mais adequados e que aprendeu na sua formação. E pressupõe que lhe ensinaram ciência. Assim, um cientista comum não se coloca a questão se o Modelo Standard ou se Química Quântica é ou não ciência. Limita-se a aplicá-los a problema específicos e dentro do seu domínio. E, quanto muito, o cientista comum (e pouco culto em filosofia), acreditará que existe um método geral da ciência ou um outro qualquer critério claro que separe as águas. Olhe para este blog e veja os exemplos. Já o cientista conhecedor da filosofia, sabe o quanto esta tem trabalhado o problema da demarcação e como as águas são turvas e complicadas.

Já outra coisa é saber se existe uma divisão estanque e radical entre disciplinas, como a ciência e a filosofia. Contudo, mesmo que seja difícil fazer essa distinção absoluta - e talvez sem sentido - isso não quer dizer que não exista uma distinção.

Unknown disse...

Caro Anónimo,

Até pode ser que essa distinção exista. Mas se existir, ainda está para ser encontrada.

Pessoalmente creio que não existe e, embora nada me leve a crer que ela exista, creio que haverá sempre alguém que se inquiete com isso.

joão viegas disse...

Caros Vasco Gama e Anonimo,

Pois, então a maior parte dos cientistas que conheço são "fora do comum"...

Mais a sério, o que eu digo, muito simplesmente, é que quando o cientista, por mais rotineiro que ele seja, "aplica os modelos, métodos e instrumentos que ... aprendeu na sua formação... pressupondo que lhe ensinaram ciência" (simplificando um pouco as palavras do anonimo), ele tem necessariamente que saber o que é admissivel à luz desses modelos e métodos, e o que não é.

Isso é o grau zero da questão da demarcação, mas ja faz parte da questão.

No entanto, como disse, vou ler o texto recomendado (afinal é apenas um artigo) para tentar compreender melhor o que v. dizem.

Boas

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