Porém os custos cada vez maiores das propinas tornam proibitivo o acesso às melhores escolas. É que o modelo de ensino tradicional tem um problema: não é escalável. Se duplicarmos o número de alunos teremos de duplicar os recursos humanos.
Porém a tecnologia veio permitir
mudar radicalmente as regras do jogo. Recorrendo a vídeos de alta qualidade,
tutoriais ou apresentações Powerpoint distribuídas em plataformas abertas
através da Internet, o modelo de ensino tornou-se subitamente escalável, e
assim acessível a baixo custo, em muitos casos gratuito, a milhões de
alunos.
Um dos pioneiros, Salman Khan da
Khan Academy, veio mostrar, já em 2006, como se podiam levar os melhores conteúdos
a todas as partes do mundo. Neste momento já
dispõe de 4000 mini-cursos com 240 milhões de visualizações. Bem-vindo à
era dos MOOC: Massive Open Online Courses.
Em vez de pagarem propinas, que
podem chegar aos 50 000 euros anuais, com a plataforma Coursera,
desenvolvida pela Universidade de Stanford, qualquer pessoa pode aceder aos
melhores especialistas do mundo, de graça. Só para esta plataforma os números
são impressionantes: 2.7 milhões de alunos inscritos em menos de um ano. Outras
plataformas também muito conhecidas são a Udacity e a EdX do MIT.
A maioria das ofertas destas
plataformas são adaptações de cursos já existentes, embora existam outros
modelos, como o Udemy ou a Lynda, que trabalham componentes de formação
específicas para áreas técnicas, como design, programação e digital marketing.
Neste caso são conteúdos feitos à medida e perfeitamente adaptados ao canal de
distribuição online.
No ensino há três componentes
importantes: a qualidade dos conteúdos, a interacção com o professor e
interacção entre alunos. A parte mais complexa nos MOOC é a interacção entre
alunos e professor - claramente o elemento menos escalável. Mas existem algumas
plataformas com soluções interessantes como a Grockit, onde os alunos podem
desenvolver tarefas colaborativas e recorrer a tutores (pagos).
Os MOOC apresentam a
possibilidade de disromper o ensino, mas existem alguns desafios. Os modelos de
avaliação são imperfeitos, especialmente em temas não técnicos, e a autoria das
respostas dos alunos difícil de validar. Além disso ainda não existem certificações
para validar a aprendizagem nestes cursos online – embora o estado da
Califórnia se prepare para o fazer.
Não espere que assistir a um MOOC numa semana lhe vai abrir as portas para um trabalho de sonho. Mas certamente que este é um modelo inovador com um grande potencial para melhorar as qualificações de milhões de pessoas e vai de certeza alterar as regras do jogo nas instituições de ensino.
Armando Vieira
Armando Vieira
1 comentário:
Nem teria proporção este artigo.
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