quarta-feira, 13 de março de 2013

Ciências da Ocultação

Quando David Marçal publicou, no De Rerum Natura, o texto Tretas Indigo não lhe dei a devida atenção. Reli-o agora e, seguindo ligações para outros textos, fui dar à produção (que se faz passar por) científica realizada no país sobre a educação das crianças indigo. Produção que, em termos de quantidade, já é de relevo.

Quem investiga (não será o termo mais exacto) o assunto (será mesmo assunto?) são, sobretudo, educadores e professores dos vários níveis de ensino. A sua formação de base é diversa mas os mestrados e doutoramentos são maioritariamente conferidos pelas Ciências da Educação e minoritariamente pela Psicologia da Educação.

Instituições de ensino superior portuguesas - escolas superiores de educação e universidades - privadas, mas também públicas -, em alguns casos em colaboração com congeneres estrangeiras - predominam as espanholas -, têm aprovado, com classificação máxima, dissertações que não passariam pela cabeça de Alan Sokal.

Como um colega de profissão, (naturalmente mal) referido numa dessas dissertações, comentou: isto é não do domínio das Ciências da Educação mas do domínio das Ciências da Ocultação....

5 comentários:

Luís Ferreira disse...

É, de facto, lamentável. Gostaria de ver denunciadas as instituições de ensino superior que aprovam teses sobre este tema. Contribuiria para sabermos onde estão as pessoas sérias das ciências da educação e da psicologia.
Gostaria ainda de referir que, se o problema dos graus conferidos é mais notório nas ciências da educação (ficaria bem denunciar e não só lançar a suspeição), pior está a ascendência clínica que a formação em psicologia permite: a moda obscurantista índigo mescla-se com toda a sorte de terapias que as clínicas de psicologia oferecem, a crianças e adultos, através dos psicólogos formados nas faculdades de psicologia e ciências da educação, como a sua, Drª Helena Damião.
Onde está uma ordem dos psicólogos a velar pela saúde mental dos portugueses?
Ou são só os cientistas da educação que estão a dar cabo de uma geração?
Gostava de ver o mesmo empenho na denúncia dos seus colegas psicólogos que andam tão ou mais esotéricos do que os cientistas da educação. Parece que os seus colegs psicólogos ficaram retoricamente protegidos no seu texto...

Helena Damião disse...

Prezado Luis Ferreira
Se seguir as ligações do texto de David Marçal e as ligações a que essas ligações dão acesso depressa encontra orientandos, orientadores, escolas, teses e artigos. Está tudo acessível e visível na internet.
Entendo que, em certas circunstâncias, é mais relevante destacar um problema do que referir nomes de pessoas e instituições, daí essa omissão no meu texto.
Apesar de ter formação de psicologia, há muito tempo que, em termos profissionais, me afastei dessa área e pouco sei do que nela se passa além das contribuições (alguns vezes esotéricas, admito) que chegam desta disciplina à pedagogia.
Cordiais cumprimentos,
MHD

Luís Ferreira disse...

Desculpe, Drª Helena Damião, segui as ligações que aludiu e não encontrei referência alguma a doutoramentos ou mestrados em ciências da educação ou psicologia sobre o assunto, excepto o doutoramento da Srª Tereza Guerra na Universidade Fernando Pessoa (http://www.casa-indigo.com/artigos/tese_tg_ufp_2012.asp).
A Drª Helena Damião refere que "os mestrados e doutoramentos são maioritariamente conferidos pelas Ciências da Educação e minoritariamente pela Psicologia da Educação".
Onde foi buscar esta informação? Não as encontro nas ligações que refere?
Se não é capaz de indicar estes mestrados e doutoramentos e as instituições que os certificam, é legítimo que eu pergunte: mas qual é o seu objectivo ao lançar esta suspeição sobre as ciências da educação e a psicologia?
A Drª Helena Damião diz: "é mais relevante destacar um problema do que referir nomes de pessoas e instituições". Mas referiu, de forma explícita, duas áreas do saber que supostamente dão guarida a tais obscurantismos. Se a Drª Helena Damião não é capaz de ter a verticalidade de denunciar estas instituições, então devo concluir que o seu post segue uma orientação algo ideológica em relação, principalmente, às ciências da educação. Porque, Drª Helena Damião, não sejamos ingénuos e não finjamos que o somos: é nestes momentos que a vossa cruzada contra as ciências da educação deixa a nu alguns métodos de falta de probidade intelectual.
Denuncie, pois, as instiutições de ciências da educação que conferem graus a estas patranhas. Não fique pela insinuação. É intelectualmente baixo.
Consulte o que este grupo faz (http://espacoamar.com/). Procure o nome das pessoas, dos terapeutas. Facilmente verá onde eles fizeram a sua formação superior. Procure na internet a rede das terapias e das formações, dos retiros, dos cursos. Se esta gente usa um jargão da pedagogia, nada têm a ver com a formação de professores ou com as ciências da educação.
Mas chega-se melhor ao "público" fazendo-se valer do efeito ideológicos das mossas do "eduquês" que a referência às ciências da educação permitiem.
Vá, Drª Helena Damião, não se desresponsabilize dos psicólogos que formou em Coimbra e que agora andam aí pelo país a vender a banha da cobra...
Tenha hombridade e diga quais sãos as intituições que andam a permitir mestrados e doutoramentos em esoterismos... A "Universidade" Fernando Pessoa já sabemos... e as outras? Onde estão? Prove esta relação quantitativa entre as ciências da educação e a psicologia...
Todos nós ficaríamos gratos.
Como se diz no Brasil: "a gente mata a cobra, mas tem de mostrar o pau!"

António Bettencourt disse...

Ciências (?) da educação? Que coisa é essa? Uma mistura de sociologia,psicologia, estatística, relativismo cultural, uns pozinhos de filosofia e meia fotocópia de história, tudo embrulhado num paleio pseudocientífico, cheio de palavras de peso, para assustar e convencer o povo da sua enorme importância e saber, ui ui!.

Na realidade, a maior desgraça que aconteceu ao Ensino em Portugal. Uma verdadeira máfia instalada em todos os níveis de ensino, sobretudo no superior e politécnico. Já quase não há licenciatura, mestrado ou pós-graduação que não tenha que ter a sua cadeirazita ou semestre desta verdadeira aldrabice. Até já conseguiram ter um reitor. Só mesmo neste país de analfabetos.

Em todo o lado se conseguiu infiltrar este polvo, esta vermina.

joão viegas disse...

Se me permite, acho este comentario um pouco contraditorio...

Admitindo que possam existir reservas fundadas sobre o rigor cientifico das ciências da educação, o facto de se protestar (em nome delas) contra a aceitação acritica da teoria das crianças azuis não me parece uma circunstância que possa alimentar essas reservas, antes pelo contrario...

Boas

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