sexta-feira, 22 de março de 2013

A FÍSICA DO KLIMT


A física que está a estudar uma pintura do Klimt é Benilde Costa, do Departamento de Física da Universidade de Coimbra. Com a devida vénia, transcrevemos notícia, assinada por CP, do "Campeão das Províncias" (em cima o quadro de Klimt que está a ser examinado):
"Uma especialista do Departamento de Física da Universidade de Coimbra colabora com a verificação da autenticidade de um quadro do famoso pintor Gustav Klimt, tendo recorrido para encontrar a verdade a um aparelho utilizado pela NASA em Marte.
A investigadora Benilde Costa refere que “as medidas científicas já foram realizadas e estão agora em fase análise, com os resultados a serem anunciados em Setembro, na Croácia”, mas adianta que, para já, “tudo indica que a obra é verdadeira”, esperando que “os resultados obtidos forneçam clareza à controvérsia gerada em torno da autenticidade do quadro”.
A polémica gerada em torno da autenticidade de um dos primeiros quadros do pintor Gustav Klimt, que se julgava perdido e que foi encontrado numa garagem austríaca, determinou a chamada da ciência para verificar se a obra - Trumpeting Putto - é, ou não, verdadeira.
A controvérsia instalou-se quando o coleccionador Josef Renz adquiriu a obra do pintor, mundialmente conhecido pelas suas obras eróticas de mulheres - especialmente pelo quadro “O Beijo”, encontrada numa garagem do Norte da Áustria -, com historiadores de arte a virem, de imediato, questionar a autenticidade da obra.
Da discussão acesa resultou a decisão de solicitar peritagens científicas para esclarecer a autenticidade do fresco “Trumpeting Putto”, que fez parte do tecto do estúdio Klimt, em Viena, onde o pintor viveu com seu irmão Ernst, entre 1883 e 1892. A obra desapareceu quando um elevador foi instalado no edifício e pensava-se que tinha sido destruída.
Uma equipa de sete investigadores de Hannover (Alemanha), Valladolid (Espanha) e de Coimbra (Portugal), especialistas em técnicas analíticas não invasivas (não destrutivas da obra), nomeadamente por espectroscopia de Mössbauer e de Raman, e por fluorescência de RX, foi chamada para resolver o mistério.
Especialista em Espectroscopia de Mössbauer, Benilde Costa, do departamento de Física da Universidade de Coimbra (UC), ficou responsável pelas medidas e análises dos resultados através desta técnica nuclear. Para tal recorreu a um espectrómetro portátil, um aparelho usado pela NASA para estudar rochas marcianas, através do qual é possível identificar os pigmentos usados na pintura.
A Espectroscopia de Mössbauer permite identificar os pigmentos usando radiação gama e o espectrómetro utilizado regista a radiação reemitida pelo objecto em estudo, e sendo miniaturizado e portátil, dispensa a extracção de amostras desses mesmos pigmentos”, conforme explica a especialista.

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