"Se a ideia da Europa avançar, será um milagre da inteligência. Porque a Europa é uma Babel feita de línguas desencontradas. As línguas, não só formatam a personalidade, como conferem identidade às pessoas. E, mais do que por qualquer outra causa, nós lutamos pela nossa identidade. A estupidez da Europa, que sempre andou em guerras alimentadas pelos nacionalismos, assenta na diferença de línguas.
Para além dos múltiplos dialetos em declínio que servem para contactos familiares, todos os grandes continentes se entendem-se com três ou quatro línguas oficiais, algumas de origem europeia. Mas a Europa assenta os seus nacionalismos nas dezenas de línguas que possui e que defende a todo o custo.
Os ingleses, com a ajuda omipresente dos americanos, estão bem: conseguiram a colonização linguística do mundo. Por isso eles estarão sempre dentro e fora da Europa. Só o Mandarim, com mais de mil milhões de falantes, se pode comparar à expansão da língua inglesa. Logo a seguir vêm o Industão e o Árabe, cada um com 500 milhões de falantes. Mas o Castelhano e o Português, que se entendem mutuamente, estão também em expansão. Em conjunto, são agora falados por mais de 750 milhões de pessoas. Paradoxalmente, porém, aquelas que foram as maiores línguas da Europa, estão em declínio. Para o evitar, os franceses voltam-se para o Norte de África. Bloqueados pelas outras línguas ocidentais, talvez os alemães não resistam à expansão para Leste depois de empobrecerem o Sul da Europa."
José Luís Pio de Abreu
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