quinta-feira, 9 de junho de 2011

A FÍSICA E A QUÍMICA TROCADAS PELA FILOSOFIA

Recebi esta carta de um docente de Física-Química, que não quero identificar. A questão que ele coloca parece-me pertinente. Acho muito bem que haja exames de Filosofia, mas não entendo por que razão eles hão-se substituir os exames de Física-Química para quem queira seguir uma carreira científico-técnica!

"Na qualidade de docente de Física-Química do ensino secundário gostaria de dar a conhecer mais um decreto-lei pernicioso para a qualidade do ensino das ciências em Portugal.

Através do Decreto-Lei nº 50/2011, de 8 de Abril, o governo anterior permitiu, vergonhosamente, que alunos do secundário, da área de ciências, possam trocar um dos exames de Física-Química A ou Biologia-Geologia pelo exame de Filosofia.

Tal decreto lei é altamente nefasto para estas áreas disciplinares, tornando, pelo menos uma delas, subalterna em relação à Filosofia, algo difícil de compreender numa área disciplinar de ciências.

Penso que o sr Professor (...) poderia denunciar esta situação, e quem sabe se o próximo governo não revogaria este decreto-lei?

Numa altura em que é certo e sabido que o ensino em Portugal caminha, a passos largos, para uma enorme falta de qualidade e nivelamento por baixo, este decreto-lei é apenas mais uma machadada na destruição do ensino público e na castração dos alunos mais pobres, dando-lhes a entender que é possível subir na hierarquia social simplesmente fugindo do trabalho, do esforço e do rigor."


Ora nem mais! Os alunos com formação socrática poderão dizer com razão " sei que nada sei"...

28 comentários:

Rui Baptista disse...

Esta máxima socrática - "só sei que nada sei!" -, traz-me sempre à memória esta deliciosa história. Um ignorante, para se dar ares de culto, chega à tertúlia habitual do café e diz para os amigos: - “Eu sou como o Sócrates (honni soit qui mal y pense!”), só sei que nada sei”. Logo lhe respondem os amigos: - “Então somos todos como o Sócrates, todos sabemos que tu nada sabes!”

Anónimo disse...

por que ou porque ?

Porquê?

União do Saber disse...

Olá,
meu nome é Fabrício Silva e sou professor de História na cidade de Bauru, interior do estados de São Paulo, no Brasil. Uma amiga me apresentou esse espaço, já que junto com mais alguns amigos, professores de áreas diferentes, montamos um espaço virtual para discutirmos assuntos da sociedade em que vivemos.
Muito bom saber que em Portugal existem pessoas que tenham criado um site de grande qualidade. E percebo que uma das maiores preocupações de vocês é com o Saber, assim como nós.
A educação no Brasil passa por dificuldades a muitos anos. O ensino público está cada vez pior! Nosso espaço virtual não é tão bom quanto o de vocês, creio eu. Mas peço licença para colocar o De Rerum Natura em nossa página, como sites que recomendamos.
Parabéns a todos vocês pela iniciativa.
Abraços
Equipe União do Saber.

Anónimo disse...

Caro Professor Fabrício Silva

Mais do que dar licença, agradecemos ter estabelecido ligação entre o vosso "União do Saber" e o nosso "De Rerum Natura".

Muitas felicidades para o novo projecto, que ele dê frutos, que bem precisos são.

Cordialmente,
Helena Damião

António Daniel disse...

Concordo que, realmente, não faz muito sentido. Mas o texto peca num pormenor: a subalternidade. Aí cai por terra o argumento, pois evidencia, não uma postura gnoseológica, mas de poder. É um juízo de valor e não de facto.

Tiago Santos disse...

Há um erro na crítica efectuada. Muito bem, não gostam de ver a Física e Quimica serem postas abaixo da Filosofia, mas não sei porque devia estar, como até aqui, a Filosofia subjugada à Física e Química.

E para mostrar que tem sentido essa escolha entre os dois exames dou o exemplo dos milhares de alunos das áreas de ciências-naturais que decidem seguir para um curso superior na área das ciências sociais ou humanidades. Para garantir que ninguém entra em cursos de Física sem o exame de Física, as Faculdades especificam os exames específicos que cada aluno tem de efectuar obrigatoriamente e cuja nota influencia largamente a média de acesso ao curso...

Anónimo disse...

Isso do "por que" e do "porque" é pergunta que se faça, pá? JCN

Rolando Almeida disse...

Há toda uma concepção errada do que seja o ensino da filosofia, caso contrário, não haveria nada de estranho em aceitar a prova de filosofia para ingresso numa área científica se acompanhada de outra prova específica da disciplina científica mais relacionada com o curso a que se candidata o examinado. A filosofia desenvolve capacidade criticas, pensamento autónomo e, além disso, capacidades e conhecimentos relacionados com a filosofia da ciência. Por essa razão não é nada estranho ler livros de físicos ou cientistas que falam, e muito, de filosofia, sem serem lições de filosofia, desde Sagan a Dawkins. Por outros lado a separação entre ciências e humanidades não faz, hoje em dia, grande sentido. Na nossa academia os alunos de ciência têm a disciplina de pensamento crítico ensinadas por gente das matemáticas, mas tal não passa de outro equívoco já que nas melhores academias mundiais é à filosofia quem cabe desenvolver esta área do conhecimento. Não me espanta por aí além que um bom aluno de ciências tenha de preencher requisitos filosóficos. Por isso, a reclamação do colega parece-me mais uma defesa da quinta do que propriamente um bom argumento. E não percebo por que razão tal foi sequer citado num blog de cientistas que deviam perceber que a divisão entre ciências e humanidades é, hoje mais que antes, muito pouco pacífica.

cristina simões disse...

Concordo em absoluto com Rolando Almeida. Há muito que eu espero que este blogue atribua um espaço digno às ciências sociais e humanas. Continuo à espera.

Anónimo disse...

É preferivel que exista nos curricula do superior, na área de ciencias, cadeiras de filosofia...
Ah! mas como e sou ignorante abstenho-me de me pronunciar sobre áreas que não domino.
Cumprimentos ao Desidério Murcho..

Anónimo disse...

Concordo com o Sr. Rolando Almeida.
O principal problema será, do meu ponto de vista, o facilitismo do sistema. Não haverá prejuízo algum em contabilizar o exame de Filosofia. Não deveria era essa avaliação ser tida em conta em detrimento da de Física/Química. E logicamente quanto mais exigente for o ensino, melhor preparados serão os estudantes.

Não estamos no caminho correcto e sem duvida alguma a formação dos Portugueses será a única saída possível para um País com futuro.
Não me refiro a diplomas. Mas só se consegue combater corrupção com Ética e a Filosofia como forma e método de nos estudarmos e percebermos em sociedade é essencial para nos cultivarmos como pessoas integras.

Agradeço aos autores este espaço de discussão que descobri recentemente.
António Santos

Rolando Almeida disse...

Caro anónimo. Cadeiras de filosofia nos curriculos de ciências já tem. Há muito. Chama-se critical thinking.

Anónimo disse...

Mas que treta :/

Anónimo disse...

Minha gente da "União do Saber": acaso no vosso blogue há cabimento para a poesia?... JCN

Anónimo disse...

Antes de mais, devo dizer que este é outro passo dos intelectuais de esquerda para destruírem o ensino e o trocarem por banalidades, são aqueles que nada sabem mas pensam que sabem alguma coisa.

Senhor Rolão de Almeida, a filosofia é importante, não se nega, mas para entrar em física e química tem que se saber física e química antes que filosofia, dai a existência dos exames e dai esta medida ser descabida.

Fala de filosofia e de filosofia da ciência ou filosofia que aporte ideias estimulantes à ciência, totalmente de acordo, mas não se esqueça que essa filosofia de que fala não existe no ensino secundário público, onde se dá umas obras, umas explicações e toca a fazer o exame, onde se segue a cartilha do ministério e o professor por falta de tempo e por vezes por falta de formação não pode ter um espaço de debate com os alunos, é uma recitação filosófica de professor a alunos como se de ditados se tratassem.

Por isso é que devemos pôr cada macaco no seu galho como se costuma dizer, para avaliar as competências de cada área e para entrar num curso dessa mesma área tem que se avaliar com um exame dessa área, senão deixo-lhe a pergunta: que sentido faz seguir-se filosofia e ser-se avaliado em tal através de um exame de física, química, ou outra ciência qualquer ou os requisitos para entrar num curso de filosofia fossem (ou sejam que não estou dentro do assunto actualmente) um exame de geologia ou de língua portuguesa?

cristina simões disse...

Julgo que Rolando almeida refere-se a uma das competências para o sec 21 (que eu muito prezo), estimulada pelo método filosófico e que se poderá entender por:
"O pensamento crítico envolve a análise e avaliação de informações e é composto de seis categorias: interpretação, análise, fazer inferências, a avaliação, compromisso e generalização. O pensamento crítico é uma habilidade importante, especialmente em projectos de pesquisa, especialmente aqueles que necessitam de persuasão."
http://educate.intel.com

Fartinho da Silva disse...

"A filosofia desenvolve capacidade criticas, pensamento autónomo e, além disso, capacidades e conhecimentos relacionados com a filosofia da ciência."

E a física não? E a química? E a matemática?

É curioso verificar que são sempre os senhores destes estudos que determinam aquilo que os outros devem estudar, fazer ou trabalhar! A arrogância destes senhores é deveras surpreendente. Pergunto aos defensores deste esquema, porque é disso que se trata, se achariam bem que um candidato a um curso das tais "ciências sociais e humanas" pudesse entrar furtando-se a um exame em Filosofia, fazendo um outro em Geometria Descritiva, por exemplo?

Um dia ainda fazem com que um candidato a engenharia seja obrigado a realizar um exame de sociologia em detrimento de um de matemática...

Rolando Almeida disse...

Eu sei que é sempre interessante "bater" não nas posições das pessoas, mas nas próprias pessoas. Acontece que isto não é um ringue de pugilismo. É um blog onde as pessoas podem argumentar e objectar. Percebe isso Fartinho? Por outro lado, vou escusar-me de mais explicações. Poderia, entre muitas outras coisas, seguir por uma via: por que raio de razão têm os alunos do secundário filosofia como formação geral e não matemática ou química? Em todo o caso basta-me citar-me para mostrar que as reacções não fazem grande sentido: "não haveria nada de estranho em aceitar a prova de filosofia para ingresso numa área científica se acompanhada de outra prova específica da disciplina científica mais relacionada com o curso a que se candidata o examinado. " Isto foi o que eu escrevi. Certamente ninguém me leu a defender algum privilegio para a filosofia. Trata-se de, como alguém disse, colocar cada macaco no seu galho e se cada macaco estiver no seu galho percebemos de antemão a razão pela qual a filosofia pode ser facilmente encarada como disciplina transversal ao passo que tal coisa é mais complicado para outras áreas do saber, como a química.

Fernando Martins disse...

O Blog Geopedrados citou este post, indicando a origem e autor. É um crime de lesa-ciência substituir qualquer exame de ciências por um Filosofia para quem vai para um curso de Ciências...

Fartinho da Silva disse...

Caro Rolando Almeida,

Agradeço a sua resposta porque reforça o meu comentário.

Rolando Almeida disse...

como é um crime de lesa ciência um cientista não saber filosofia ou história, assim como é um crime lesa filosofia ou lesa história um filósofo ou historiador não saber ciência. Por que razão um estudante do secundário não pode fazer exames de ciências para estudar filosofia ou fazer exames de filosofia para estudar ciências? Não percebo qual é o problema. Aliás, isso é o que já acontece. Um estudante para estudar história ou biologia pode ter de fazer o exame de português além do específico.

Rolando Almeida disse...

Caro Fartinho,
Não é meu que reforça o seu. É o seu que não contraria o meu :-)

Fartinho da Silva disse...

Caro Rolando Almeida,

Você quer, você tem.

"não haveria nada de estranho em aceitar a prova de filosofia para ingresso numa área científica se acompanhada de outra prova específica da disciplina científica mais relacionada com o curso a que se candidata o examinado."

Então porque não obrigar os candidatos aos cursos de filosofia a fazer exame de matemática por se tratar de uma área transversal e depois, talvez, um outro mais específico?

"percebemos de antemão a razão pela qual a filosofia pode ser facilmente encarada como disciplina transversal ao passo que tal coisa é mais complicado para outras áreas do saber, como a química."

Porquê? Alguma vez estudou Química ou Física? E se a filosofia é transversal, não o será também a Matemática?

"como é um crime de lesa ciência um cientista não saber filosofia ou história, assim como é um crime lesa filosofia ou lesa história um filósofo ou historiador não saber ciência."

Bom, essa de um historiador ou um filósofo saber ciência dá que pensar na tal arrogância de que falei acima... ou então temos muitos criminosos (expressão sua) por esse país fora.

Cordialmente,
Fartinho da Silva

Rolando Almeida disse...

Caro Fartinho,
A única coisa, para já, pacífica é que continua ais interessado em atacar as pessoas do que os argumentos das pessoas. Onde é que foi buscar essa da arrogância? Acaso alguém é arrogante se defender que não se deve fazer exame algum? Ou que se deve fazer um exame de Português ou ed cultura geral? Portanto, para que possa no final assinar cordialmente vamos ter de deixar de lado esta questão da arrogância. Acontece que os problemas da matemática não gozam da transversalidade dos problemas da filosofia, ainda que a matemática esteja também na base da construção de qualquer saber, razão pela qual os exames de matemática são feitos para todos os alunos, desde os que vão estudar física no futuro aos que não vão estudar mais coisa alguma, no final do 9º ano, no final do 1º ciclo. Portanto, os alunos fazem efectivamente, todos, exames de matemática. E tal não faz com que eu venha aqui acusar a matemática de arrogância. Como dizia, ao contrário da matemática, os problemas da filosofia são transversais pois são os mais elementares e básicos da vida. E é natural que à entrada de um curso de ciência se teste um aluno se sabe raciocinar sobre os problemas mais elementares da vida. Ao contrário, os problemas da matemática são puramente formais razão pela qual não gozam da mesma transversalidade e razão também pela qual a matemática não é de formação geral no ensino secundário, ao passo que a filosofia é. Aceito que estas razões sejam discutíveis, mas não aceito que tudo isto não passe de arrogância. Não é na base da arrogância que uma disciplina é definida para se estudar em determinado nível de ensino. Há razões para que tal suceda. E também não se trata de defender o quintalinho. Creio que não estou a passar essa ideia.

Tiago Santos disse...

Concordo com o Rolando Almeida. Quem decide os exames necessários para se entrar num curso são as próprias faculdades e mais ninguém. Há 4 anos eu estava no 12º ano, área de Ciências e Tecnologias mas queria seguir direito. Tive de fazer mais um exame do que todos os meus colegas porque precisava da Filosofia e era obrigado a fazer CFQ. Agora, os alunos vão poder escolher...Parece-me muito melhor...

Anónimo disse...

Falando como aluna do ensino secundário, acho que esta medida é boa para quem quer seguir estudos em determinada área. Por exemplo, eu quero seguir arquitetura paisagista, para tal apenas necessito do exame de biologia. Como tenho notas baixas a físico química, decidi optar por fazer o exame de filosofia em vez de físico quimica. Sei que o exame dessa disciplina de nada me serviria, por isso não acho mau de todo esta lei.

CYRINO disse...

Querer comparar a filosofia com os «efeitos» da filosofia é muita bobagem. As ciências, além de recortarem a realidade, não conseguem explicá-la, muito mais do que a filosofia, em termos de reflexão já fez e tem feito. A ciência moderna, por exemplo, como o Renascimento, e o Iluminismo é só a releitura da filosofia grega. Mas deixo aqui uma reflexão de Heidegger, que quero ver se combatida linha a linha, pelos grandes mestres de coisa alguma! Existem os gênios que ficam pra história, e existe o resto.

«O ser é sempre o ser de um ente. O todo dos entes pode tornar-se, em suas diversas regiões, campo para se liberar e definir determinados setores de objetos. Estes, por sua vez, como por exemplo história, natureza, espaço, vida, presença, linguagem, podem transformar-se em temas e objetos de investigação científica. A pesquisa científica realiza, de maneira ingênua e a grosso modo, um primeiro levantamento e uma primeira fixação dos setores dos objetos.A elaboração do setor em suas estruturas fundamentais já foi, de certo modo, efetuada pela experiência e interpretação pré-científicas da região do ser que delimita o próprio setor de objetos. Os “conceitos fundamentais” assim produzidos constituem, de inicio, o fio condutor da primeira abertura concreta do setor. Se o peso- de uma pesquisa sempre se coloca nessa positividade, o seu progresso propriamente dito não consiste tanto em acumular resultados e conservá-los em “manuais” mas em questionar a constituição fundamental de cada setor que, na maioria das vezes, surge reativamente do conhecimento crescente das coisas...

CYRINO disse...

O “movimento” próprio das ciências se desenrola através da revisão mais ou menos radical e invisível para elas próprias dos conceitos fundamentais. O nível de uma ciência determina-se pela sua capacidade de sofrer uma crise em seus conceitos fundamentais. Nessas crises imanentes da ciência, vacila e se vê abala-do o relaciona mento das investigações positivas com as próprias coisas em si mesmas. Hoje em dia, surgem tendências em quase todas as disciplinas no sentido de colocar as pesquisas em novos fundamentos.

A ciência mais rigorosa e de estrutura mais consistente, a matemática, parece sofrer uma “crise de fundamentos. A disputa entre formalismo e intuicionismo se desenvolve visan-do a conquistar e assegurar um modo de acesso mais originário ao que deve constituir o objeto dessa ciência. A teoria da relatividade na fisica nasceu da tendência de apresentar o nexo próprio da natureza tal como ele “em si" mesmo se constitui. Como teoria das condições de acesso a própria natureza, a teoria da relatividade procura preservar a imutabilidade das leis do movimento atraves de uma determinação de toda a relatividade e, com isso, coloca-se diante da questão da estrutura do setor de objetos por ela pressuposto, isto é, do problema da matéria. Na biologia, surge a tendência de questionar o organismo e a vida indepen dentemente das determinações do mecanicismo e vitalis mo para, assim, definir, de maneira nova, o modo de ser próprio do ser vivo como tal. Nas ciências históricas do espirito, acentuou-se o empenho pela própria realidade histórica na tradição e sua transmissão: desse modo, a história literária se torna história dos problemas. A teo logia procura uma interpretação mais originária do ser do homem para Deus, já prelineada e restrita pelo sentido da própria. fé. Pouco a pouco, a teologia começa a entender de novo a visão de Lutero para quem a siste matização dogmática repousa sobre um questionamento que, em sua origem, não advém de um questionamento da fé, e cuja conceituação, mais do que insuficiente para a problemática teológica, a encobre e até mesmo deturpa.

Conceitos fundamentais sao determinações em que o setor de objetos que serve de base a todos os obje tos temáticos de uma ciência é compreendido previamente de modo a guiar todas as pesquisas positivas Trata-se, portanto, de conceitos que só alcançam verdadeira legitimidade e “fundamentação” mediante uma in- vestigação prévia que corresponda propriamente ao respectivo setor. Ora, na medida em que cada um desses setores é recortado de uma região de entes, essa inves tigação prévia, produtora de conceitos fundamentais, significa uma interpretação desse ente na constituição fundamental de seu ser. Essas investigações devem ante ceder às ciências positivas. E isso é possível. O trabalho de Platão e Aristóteles são uma prova.»
[Heidegger. Ser e Tempo, 1927: § 3. O primado ontológico da questão do ser]

"A escola pública está em apuros"

Por Isaltina Martins e Maria Helena Damião   Cristiana Gaspar, Professora de História no sistema de ensino público e doutoranda em educação,...