(CONTINUAÇÃO)
"Recue o leitor comigo uns anos atrás. Um dos objectivos que levou à criação das ESE foi a elevação formativa dos professores do antigo ensino primário que se fazia com muita seriedade e dignidade no seio do ensino médio (Escolas do Magistério Primário) e que passou a ser levada a efeito no ensino politécnico: actualmente as ESE não têm, alunos a frequentar os cursos para o primeiro ciclo do básico. Esta é uma situação de crise que a opinião pública deverá conhecer: existem escolas do primeiro ciclo que já não têm professores. Este facto tornar-se-á insustentável com a reforma para breve de muitos dos actuais professores deste grau de ensino! (Abro um parêntese para esclarecer que a estes docentes foi atribuída a reforma com a idade de 52 anos).
Tudo isto porque a megalomania que se instalou no corpo docente das ESE levou à generalizada abertura de cursos para professores do segundo ciclo do ensino básico, com o desleixo da preparação para o primeiro ciclo, que deve ser a base da pirâmide de toda a aprendizagem. Este é um facto que deve ser tornado público, 'urbi et orbi', e que o possível bom senso dos responsáveis pela Educação deverá ter em linha de conta pelos perigos de uma deficiente alfabetização da juventude portuguesa e que salta já aos olhos de toda a gente com dois dedos de testa.
Em consequência, o Sindicato Nacional dos Professores Licenciados, primeiro, e o Senado da Universidade de Coimbra, depois, mostraram uma linha de orientação nada ziguezagueante. Infelizmente, o mesmo não se poderá dizer de uns tantos dirigentes de associações académicas universitárias que tardam em encontrar o norte deixando-se orientar pela bússola dos politécnicos. A geração actual de jovens parece descurar a defesa das causas justas em que os direitos devem corresponder aos deveres e em que o verdadeiro progresso não deverá pactuar com a igualdade entre desiguais, mas em dar a cada um a sua própria dignidade.
Por se movimentar com à-vontade em areias movediças, vejo-me obrigado a reconhecer o mérito de uma personagem da luta estudantil. Refiro-me ao presidente da Federação das Associações do Ensino Superior Politécnico, com os seus avanços e recuos estratégicos, que o levam a perder batalhas apostado na rendição final e incondicional dos universitários. Um exemplo disto foi a não adesão dos politécnicos à manifestação em Lisboa das academias universitárias - os politécnicos, ‘ este fim-de-semana, fizeram saber que não participarão na iniciativa’ (Público, 26/11/96) - e as suas contraditórias declarações, ao sentir-lhe fugir-lhe o chão debaixo dos pés, prestadas à SIC (30/11/96), no decurso de uma assembleia geral extraordinária, quando diz, em atitude pesporrente, ‘não aceitar as cisões’ entre os estudantes dos ensinos universitário e politécnico’.
Quer isto, muito simplesmente, dizer que, para além de pretender assumir o protagonismo de líder de todos os estudantes do ensino superior (universitário e politécnico), não aceita, hoje, as cisões que ele próprio alimentou, ontem, e que demonstram a incongruência e fragilidade das suas posições que têm sobrevivido por a generosidade dos universitários tardar em aceitar, de uma vez por todas, que nem sempre a união faz a força. Conciliar interesses inconciliáveis, em que ‘os problemas essenciais são os das perspectivas profissionais e do valor dos diplomas’ (António Barreto, Público, 1/12/1996), têm o mesmo destino impossível da demonstração da quadratura do círculo”.
Numa tradição muito portuguesa, há o costume, que corre na boca do povo, de chorar sobre o leite derramado. Plúmbeas nuvens de eminente borrasca se divisam no horizonte dos cursos universitários de formação de professores para o ensino secundário que correm o risco de uma longa e dolorosa agonia se for levada avante a declarada e publicitada intenção da Direcção-Geral dos Recursos Humanos do Ministério da Educação em tornar extensiva a formação de professores do ensino secundário às Escolas Superiores de Educação.
Mas porque o desvario que tem açoitado o sistema educativo nacional, muitas vezes, em benefício próprio ou de favores a terceiros, nem sempre encontra favorecimento, ou simples eco, nas vozes lúcidas e autorizadas deste país,. Assim, o presidente da Agência de Avaliação do Ensino Superior, Alberto Amaral, assumiu a sua oposição frontal a esta medida. Medida que, buscando eu arrimo em Pessoa, a tenho como “ a maior das injustiças e a pior das tiranias”, exigindo, como tal, que os claustros universitários continuem numa guerra sem quartel por se tratar da defesa do baluarte de um ensino sério e exigente. Com escreveu Miguel Torga, ”maldito seja quem se nega aos seus em horas apertadas”.
"Recue o leitor comigo uns anos atrás. Um dos objectivos que levou à criação das ESE foi a elevação formativa dos professores do antigo ensino primário que se fazia com muita seriedade e dignidade no seio do ensino médio (Escolas do Magistério Primário) e que passou a ser levada a efeito no ensino politécnico: actualmente as ESE não têm, alunos a frequentar os cursos para o primeiro ciclo do básico. Esta é uma situação de crise que a opinião pública deverá conhecer: existem escolas do primeiro ciclo que já não têm professores. Este facto tornar-se-á insustentável com a reforma para breve de muitos dos actuais professores deste grau de ensino! (Abro um parêntese para esclarecer que a estes docentes foi atribuída a reforma com a idade de 52 anos).
Tudo isto porque a megalomania que se instalou no corpo docente das ESE levou à generalizada abertura de cursos para professores do segundo ciclo do ensino básico, com o desleixo da preparação para o primeiro ciclo, que deve ser a base da pirâmide de toda a aprendizagem. Este é um facto que deve ser tornado público, 'urbi et orbi', e que o possível bom senso dos responsáveis pela Educação deverá ter em linha de conta pelos perigos de uma deficiente alfabetização da juventude portuguesa e que salta já aos olhos de toda a gente com dois dedos de testa.
Em consequência, o Sindicato Nacional dos Professores Licenciados, primeiro, e o Senado da Universidade de Coimbra, depois, mostraram uma linha de orientação nada ziguezagueante. Infelizmente, o mesmo não se poderá dizer de uns tantos dirigentes de associações académicas universitárias que tardam em encontrar o norte deixando-se orientar pela bússola dos politécnicos. A geração actual de jovens parece descurar a defesa das causas justas em que os direitos devem corresponder aos deveres e em que o verdadeiro progresso não deverá pactuar com a igualdade entre desiguais, mas em dar a cada um a sua própria dignidade.
Por se movimentar com à-vontade em areias movediças, vejo-me obrigado a reconhecer o mérito de uma personagem da luta estudantil. Refiro-me ao presidente da Federação das Associações do Ensino Superior Politécnico, com os seus avanços e recuos estratégicos, que o levam a perder batalhas apostado na rendição final e incondicional dos universitários. Um exemplo disto foi a não adesão dos politécnicos à manifestação em Lisboa das academias universitárias - os politécnicos, ‘ este fim-de-semana, fizeram saber que não participarão na iniciativa’ (Público, 26/11/96) - e as suas contraditórias declarações, ao sentir-lhe fugir-lhe o chão debaixo dos pés, prestadas à SIC (30/11/96), no decurso de uma assembleia geral extraordinária, quando diz, em atitude pesporrente, ‘não aceitar as cisões’ entre os estudantes dos ensinos universitário e politécnico’.
Quer isto, muito simplesmente, dizer que, para além de pretender assumir o protagonismo de líder de todos os estudantes do ensino superior (universitário e politécnico), não aceita, hoje, as cisões que ele próprio alimentou, ontem, e que demonstram a incongruência e fragilidade das suas posições que têm sobrevivido por a generosidade dos universitários tardar em aceitar, de uma vez por todas, que nem sempre a união faz a força. Conciliar interesses inconciliáveis, em que ‘os problemas essenciais são os das perspectivas profissionais e do valor dos diplomas’ (António Barreto, Público, 1/12/1996), têm o mesmo destino impossível da demonstração da quadratura do círculo”.
Numa tradição muito portuguesa, há o costume, que corre na boca do povo, de chorar sobre o leite derramado. Plúmbeas nuvens de eminente borrasca se divisam no horizonte dos cursos universitários de formação de professores para o ensino secundário que correm o risco de uma longa e dolorosa agonia se for levada avante a declarada e publicitada intenção da Direcção-Geral dos Recursos Humanos do Ministério da Educação em tornar extensiva a formação de professores do ensino secundário às Escolas Superiores de Educação.
Mas porque o desvario que tem açoitado o sistema educativo nacional, muitas vezes, em benefício próprio ou de favores a terceiros, nem sempre encontra favorecimento, ou simples eco, nas vozes lúcidas e autorizadas deste país,. Assim, o presidente da Agência de Avaliação do Ensino Superior, Alberto Amaral, assumiu a sua oposição frontal a esta medida. Medida que, buscando eu arrimo em Pessoa, a tenho como “ a maior das injustiças e a pior das tiranias”, exigindo, como tal, que os claustros universitários continuem numa guerra sem quartel por se tratar da defesa do baluarte de um ensino sério e exigente. Com escreveu Miguel Torga, ”maldito seja quem se nega aos seus em horas apertadas”.
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