sexta-feira, 3 de junho de 2011

UNIVERSOS E MULTIVERSO


MInha crónica saída no semanário "Sol" publicado hoje:

Certas áreas da física contemporânea aproximam-se da ficção científica. O polaco Nicolau Copérnico ensinou-nos que a Terra não era o centro do mundo (na altura, restrito ao sistema solar), mas sim o Sol. De início, quase ninguém acreditou nele. Hoje, alguns físicos querem fazer-nos crer que o Universo não é apenas um, mas que existe o Multiverso, uma pluralidade eventualmente infinita de Universos, nos quais o nosso não tem um papel central. E há cada vez mais gente a acreditar...

A ideia de “muitos mundos” ou “mundos paralelos” surgiu nos anos 50 do século passado no contexto da interpretação da teoria quântica. Confrontado com a noção quântica da probabilidade, o físico norte-americano Hugh Everett propôs a ideia de vários Universos: em cada um deles concretizava-se um dos futuros possíveis oferecidos pelas probabilidades. O chamado gato de Schroedinger é o protagonista de uma experiência conceptual: o pobre animal estava fechado numa caixa e podia morrer devido a um fenómeno quântico. Segundo a teoria quântica convencional há uma certa probabilidade de ele estar vivo e o resto da probabilidade de ele estar morto. Segundo a teoria dos muitos mundos, ele estaria vivo num certo mundo físico e morto num outro. Não só parecia uma teoria do outro mundo como era mesmo!

Esta ideia dos mundos paralelos ressuscitou nos tempos mais recentes, impulsionada por teorias cosmológicas. Sendo o início do Universo um processo quântico, pode ter acontecido que o Universo que habitamos e conhecemos seja apenas um dos resultados possíveis e que haja outros. Onde estão? Pois, mal comparado, o nosso Universo pode ser apenas uma bolha que está, incógnita, no seio de inúmeras outras, para nós inacessíveis. Como se esta teoria não fosse suficientemente estranha, há quem defenda que o “borbulhar” do Big Bang é um processo contínuo e eterno, isto é, que estão sempre a nascer e irão sempre nascer Universos no Multiverso.

Outros autores há que pugnam pela pluralidade de Universos por uma via diferente. Para eles, os outros Universos não estão para além do nosso horizonte cósmico, mas sim têm portas dentro do nosso próprio mundo. Sabemos hoje por via tanto teórica como observacional que o cosmos a que temos acesso possui buracos – os buracos negros – onde o espaço-tempo acaba. Há muita especulação sobre esses abismos cósmicos. Alguns físicos imaginam que esses sítios, devido a uma qualquer modificação da gravidade, são túneis para outros Universos do Multiverso. O norte-americano Carl Sagan, que além de astrofísico foi também o autor do romance de ficção científica Contacto, que descreve viagens no espaço-tempo, escreveu: “Os buracos negros podem ser entradas para Países das Maravilhas. Mas haverá lá Alices e coelhos brancos?”

4 comentários:

Cláudia S. Tomazi disse...

No ar, a gente voa; no mar nada-se; pela terra caminhos; e no espaço por disntâncias a luz hoje, será laser amanhã...
E, a Física é o futuro! Nos multiversos existentes.

Anónimo disse...

Multiversos ou pluriversos? JCN

Anónimo disse...

Por favor alguém elucide a minha ignorância: - A matéria é composta por átomos, estes por sua vez têm um núcleo e electrões girando à sua volta, e sabe-se que a distância entre os electrões e o núcleo é infinitamente grande, sendo esse espaço vazio. Então porque não vemos nós esse espaço vazio uma vez que é infinitamente grande ? Se alguém souber, que me explique porque eu não sei.
acavaquinho@yahoo.com

Anónimo disse...

Eu entendo a teoria,porque eu ja vi essa teoria masnunca vi ela nun blog.eu tenho uma teoria de que existem infinitos multiversos e que cada multiverso tenha 12 universos,eu tenho fé de que a teoria dos multiversos exista e tenha ultra humanos que não são feitos de matéria e nem de anti matéria.a imagem é fantastica.eu so tenho 10 anos.

O BRASIL JUNTA-SE AOS PAÍSES QUE PROÍBEM OU RESTRINGEM OS TELEMÓVEIS NA SALA DE AULA E NA ESCOLA

A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...