Uma grande editora destruiu muitos livros. Dezenas de milhares, diz-se nas notícias.
Ao que parece havia de tudo nos lotes que se alienaram: desde manuais escolares desactualizados a obras antigas de Vasco Graça Moura, Jorge de Sena...
"É uma inevitabilidade", foi a justificação dum responsável editorial. Justificação que eu já antes tinha percebido ser aceite pacificicamente nos meios editoriais.
Felizmente não é aceite desta maneira pela Ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, que considerou essa destruição "um massacre", prometendo que tudo fará para encontrar uma solução a curto prazo.
sexta-feira, 5 de março de 2010
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13 comentários:
Socorrendo-me do sentido de humor manifestado, em situação relacionável, por Rafael Bordalo Pinheiro, eu diria que Gabriela Canavilhas é a prova provada, pela atitude que assumiu no presente caso, de que, sendo-se inteligente e sensível à cultura, também se pode ser ministro da respectiva pasta. JCN
Helena, algumas notas rápidas que lhe deixo.
Em primeiro lugar digo-lhe que a ideia de ver livros destruídos também me causa, à partida, alguma repulsa. Gostava muito de os ter para mim de borla ou, ainda melhor, que alguém que os queira e não possa comprá-los, os tivesse. Aqui estamos de acordo. Até porque sei, na primeira pessoa, que há quem gostasse de poder comprar livros e não possa.
Mas a partir daqui começamos a divergir.
Começamos por divergir um pouco no diagnóstico e na prescrição.
Repare, nas estruturas e processos económico-sociais que optamos por usar, damos às empresas uma missão muitíssimo simples: dar o maior lucro possível. Esta simples missão traduz-se na prática em dois objectivos e um pressuposto ainda mais simples: maximizar o proveito, minimizar o custo, mantendo-se dentro da Lei. Ora, aqueles dois objectivos mantêm-se válidos mesmo quando há que destruir stock não vendável (monos). Por isso não se iluda; quer veja armazéns abandonados ou piras fúnebres de livros, o que está sempre a ver é sempre e tão-somente uma única coisa: aquilo que as contas feitas pelos gestores das empresas lhes mostraram que daria maior lucro. Deste raciocínio de pura sobrevivência empresarial só estão ilibados aqueles que vivem às custas de trabalho alheio: como é, por exemplo, o caso d' A Coisa Pública, que vive de taxar trabalho alheio e, apenas por isso, não tem que dar lucro e sobreviver por si (circunstância, aliás, bastante infeliz em países de fracas lideranças públicas como o nosso). Por isso, se quiser salvar monos só tem uma hipótese: invente uma forma de, salvando-os, convencer as empresas que lhes está a dar mais lucro do que o que teriam ao destruí-los.
Para terminar transmito-lhe uma imensa divergência de opinião entre nós. Helena, independentemente da ideia que queiramos transmitir e/ou reforçar, colocar livros e comida na mesma prateleira de importância é e será sempre um incrível pedantismo de quem tem a barriguinha bem forrada. Os que passam fome merecem de nós, os que comem e lêem, mais respeito.
Atentamente,
Nuno
Este Nuno é portador de uma inteligência muito razoável, talvez quase excepcional na nossa época. Sobretudo na última parte. Até tenho uma certa embirração com os que acham que ler é tudo e quem não lê não é grande coisa.
Tenho seguido esta questão de perto, e não posso deixar de lamentar a 'visão curta' que algumas editoras têm sobre o valor real do livro e da leitura.
Quando eu era miúdo, a minha família não dispunha dos meios para me comprar livros. Em vez disso, ganhei um cartão de Leitor numa das Bibliotecas da Fundação Gulbenkian.
Os anos passaram, os hábitos de leitura foram-se desenvolvendo e hoje, sou não só, um leitor assíduo nas diferentes Bibliotecas da cidade onde moro, como também - COMPRO livros - para a minha biblioteca pessoal e para oferecer.
Portanto, sou um cliente habitual das Bibliotecas, e um cliente regular, das livrarias que despacham a 'produção' das editoras comerciais. Mas notem, tudo começou por ter acesso a livros disponíveis de uma forma gratuita.
""É uma inevitabilidade", foi a justificação dum responsável editorial. Justificação .../... aceite pacificicamente nos meios editoriais."
Mesmo se pensar meramente em valores económicos, destruir livros, apenas porque ocupam espaço útil em armazém, é uma aberração.
É uma inevitabilidade?
Talvez, mas apenas para algumas mentes - muito curtas, mesmo em sentido económico.
Obrigado à Helena pelo Post.
Cumprimentos,
Carlos Artur
Posso estar errado mas acredito que um livro não é uma mercadoria qualquer.
Neste caso particular, a editora vai assassinar os livros porque não os consegue vender. Então porque não oferecê-los ou vendê-los a preços muito baixos?
Recordo uma notícia de uma livraria inglesa que oferecia os livros que cada pessoa conseguisse levar.
Parece-me que aqui está em causa apenas o pouco VALOR atribuído aos livros por certa classe de gestores.
Não poderia estar mais de acordo
http://wwwmeditacaonapastelaria.blogspot.com/2010/03/eu-ca-nao-seria-capaz-de-guilhotinar.html
Canavilhas vai, com assinalável generosidade, fazer o costume: Gasta o dinheiro das outras pessoas da forma que elas próprias já demonstraram não querer gastar.
"Um livro não é uma mercadoria qualquer". Uau, este tipo não percebe mesmo o que é isso de capitalismo. Já comprou acções na bolsa? Quando se compram, o que interessa? Que subam não é? O possuidor está-se nas tintas se sobem porque a empresa fabrica livros, ou se é porque os destroi ou simplesmente porque a empresa fabrica minas anti-pessoal. Há possuidores de acções que nem sabem bem o que faz a empresa. Ao capital só o lucro o move.
Caro anónimo das 21:12 e restantes participantes:
Também soube dessa história da livraria inglesa, vi a noticia num site inglês, não me recordo qual, o armazém esteve aberto ao público e as pessoas levavam o que queriam, desde que pudessem carrega-los, era verem pessoas com sacos gigantescos cheios de livros de toda a espécie e feitio.
Os livros foram encaminhados, o armazém despejado e todos ficaram contentes!
Agora guilhotinar livros? era o mesmo que tivessem feito uma fogueira com eles, revela vista custa mas sobretudo falta de formação cívica e civilizacional da pessoa que decidiu tal pois foi um acto completamente asqueroso!
Então porque não os ofereceram a instituições? Que ganharam afinal os senhores desse grupo editorial? Pensam que os livros restantes vão valorizar no mercado? isto não é como o petróleo!
E é assim que o nosso sistema editorial continua a definhar, até o Brasil tem um sistema editorial muito mais avançado, onde qualquer consegue encontrar os livros com facilidade, aqui em Portugal um livro que seja muito procurado é lançado no mercado em edições pequenas e nunca mais é reeditado!
Enfim temos o país que temos, mais valia que este grupo editorial em questão nunca tivesse nascido, onde toca destrói, compram tudo para destruir, ainda se monopolizassem para terem a qualidade assegurada!
Eu gosto de e leio livros. Compro alguns e não compro mais por dois motivos: ou não teria tempo para os ler ou não teria dinheiro suficiente.
Porém, se estivesse no papel de quem tomou a decisão que tomou, SE eu não conseguisse arranjar uma solução económica ou não ma indicassem, se calhar, para pesar meu, tomaria a mesma decisão, a não ser que as regras do jogo económico mudassem, o que se me afigura difícil.
Se o tempo e o saber são bens escassos, o dinheiro também o é, pois representa o trabalho que fazemos, que, como se sabe, é sempre, pelo menos parcialmente, um certo fardo, a não ser que se obtenha sei lá como.
Este raciocínio parece que só não se aplica aos génios e à sua obra, que deve ser preservada.
Américo Tavares
O mal não está na destruição dos livros, uma vez publicados e não vendidos, mas na publicação de livros sem qualquer espécie de interesse. JCN
Embora tardiamente convido as pessoas a participarem nesta Petição.
Há uma coisa que eu não entendo porque é que as outras pessoas não entendem. E passo a explicar, livros não quer dizer cultura, não falta literatura entretenimento, livros de fotografias, biografias, de mexericos, etc publicados por iluminados que se julgam os maiores e NÂO INTERESSAM A NINGUÈM!!!. Vamos ter de os guardar só para não passarmos por ignorantes iletrados? Eu leio 2 livros por mês e farto-me de ver livros que nem entende como são publicados. Se ninguém os quer, para quê guardá-los?
Cump.
Paulo Vilaça
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