sábado, 20 de março de 2010

Falemos da investigação que não usamos

Foi ontem a debate na Assembleia da República a questão dos comportamentos desajustados que crianças e jovens evidenciam no recinto escolar e em sala de aula. Todos os partidos, da esquerda à direita, reconheceram que esses comportamentos:
(1) existem;
(2) perturbam as aprendizagens académicas;
(3) têm consequências lesivas ao nível físico, psicológico e social, tanto dos alunos como dos professores e outros educadores
(4) que alguma coisa precisa de ser feita e rapidamente.

São passos importantes, pois apesar dos muitos estudos que têm incidido na indisciplina e na violência permitirem caracterizar os três primeiros e avançar estratégias concernentes ao quarto, a verdade é que a informação científica de qualidade têm sido negligenciada pela tutela.

Efectivamente, as medidas avançadas pelo Ministério da Educação, com um acentuado carácter burocrático, distanciam-se das de carácter pedagógico, que se entendem como desejáveis.

Como a especialista em educação, Ana Maria Morais referiu há uns anos: "Esta educação que temos, não é educação. Falemos antes da educação que não temos... e da investigação que não usamos."

4 comentários:

Anónimo disse...

Pôs o dedo na ferida:
a escola tem por missão
corrigir a educação
da própria casa trazida.

JCN

Anónimo disse...

Deve a escola ser capaz
de a educação conferir
que de casa não se traz
ou que importa corrigir.

JCN

Rui Diniz Monteiro disse...

Sabe, a questão é tão complexa ou tão simples quanto quisermos.
Nesta matéria, eu considero que se deve começar pelo simples e óbvio:

1º - Muitos miúdos comportam-se mal apenas porque... PODEM FAZÊ-LO! Sem consequências de maior. (Nota: se não pudessem, ainda aconteceria mas seriam poucos)

2º - Devido ao 1º ponto, os bem comportados ficam sem defesa, nem protecção, face aos mal comportados.

Repito: começar por aqui.

José Batista da Ascenção disse...

Com o actual estatuto do aluno (cujos autores deviam ser responsabilizados, e punidos, pelo menos em termos de currículo profissional...), e não só, tudo o que as escolas e, em particular, os professores possam fazer não chega sequer para aquilo a que o povo chama "encanar a perna à rã"
E todos sabem disto. E (quase) todos ignoram o que se passa às escancaras, nos corredores, nos recreios e mesmo nas imediações das escolas.
Mas, o politicamente correcto (ia a dizer eduquês, conceito que é, neste contexto, muito curto)impede que se faça alguma coisa. E quando se fizer, se for como nas últimas três décadas, é para deixar tudo pior ainda.
Enfim, acreditemos que não há mal que sempre dure. E as escolas particulares sempre vão assegurando (melhor) o seu negócio. E ainda bem, pois os mais talentosos, cujos progenitores podem pagar, apesar de serem cada vez menos, sempre vão poder aprender.

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