quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O TÚMULO DE NEWTON


Fotografia que fiz recentemente ao túmulo de Newton na Abadia de Westminster (um lugar obrigatório para quem visita Londres), uma verdadeira obra de arte. Mesmo ao lado está a campa, rasa e muito mais simples, de Charles Darwin.

34 comentários:

Matt Heath disse...

É na (anglicana) Abadia de Westminster. O Catedral de Westminster é uma igreja católica, e muito mais nova.

De Rerum Natura disse...

Caro Matt Heath
Já emendei, muito obrigado CF

Madalena Rebordelo disse...

Charles Darwin merecia uma campa muito mais opulenta do que o obscurantista do newton.

newton limitou-se a fazer umas continhas, Darwin explicou a própria VIDA, o mais importante de tudo.

Felizmente o domínio obscurantista da matemática em ciência tem os dias contados com a perda de influência social das ciências físicas e o começo do domino das Ciências da Vida, acessíveis a qualquer pessoa sem a barreira artificial da matemática.

Anónimo disse...

Não consigo perceber como é que se pode escrever que «newton limitou-se a fazer umas continhas», -- Newton com letra minúscula, logo seguida de Darwin, correctamente escrito, que terá explicado a própria vida (agora sou eu que fujo ao original, com todas as letras maiúsculas). Talvez não tenha é explicado a sua origem.

As tais "continhas", à época, eram muito difíceis, e foi por estarem essencialmente correctas que se transformaram em conhecimento, hoje facilmente acessível a pessoas sem a estatura intelectual desse gigante. Será que Perelman também fez umas simples continhas, quando demonstrou a Conjectura de Poincaré, no que foi considerado como o principal acontecimento científico de 2006 pela Science?

Cito: "Science 22 December 2006: Vol. 314. no. 5807, p. 1841, Editorial (*)

Breakthrough of the Year

Donald Kennedy

Last year, evolution was the breakthrough of the year; We found it full of new developments in understanding how new species originate. But we did get a complaint or two that perhaps we were just paying extra attention to the lively political/religious debate that was taking place over the issue, particularly in the United States.
Perish the thought! Our readers can relax this year: Religion and politics are off the table, and n-dimensional geometry is on instead. This year's Breakthrough salutes the work of a lone, publicity-shy Russian mathematician named Grigori Perelman, who was at the Steklov Institute of Mathematics of the Russian Academy of Sciences until 2005.
"

Quanto ao domínio das Ciências da Vida é já um facto na maioria dos jornais nacionais e internacionais.

(*) http://www.sciencemag.org/cgi/content/summary/314/5807/1841

Américo Tavares

Madalena Rebordelo disse...

"Será que Perelman também fez umas simples continhas, quando demonstrou a Conjectura de Poincaré"

Mas a conjectura de Poincaré interessa para alguma coisa? Aquilo ajuda a curar o cancro ou o SIDA? Devolve a visão a quem a perdeu? Devolve a autonomia a quem esteja paralisado? Tira alguém dum coma?

A resposta a todas as perguntas é NÃO!

O próprio Champalimaud deixou a sua fortuna para a Medicina. Ele sabe muito bem que essas masturbações intelectuais não valem nada. O Champalimaud era um dos homens mais ricos de Portugal. O Sr Américo Tavares sabe mais do que ele sobre o que realmente tem valor?

Estes "iluminados" não gostam que lhes digam a verdade: aquilo que eles acham ser muito importante na realidade não interessa nada.

Deviam ler a entrada neste blog: http://dererummundi.blogspot.com/2010/01/solucoes-procura-de-problemas.html

Ninguém quer saber disso a não meia dúzia de "iluminados" elitistas. Entre aspas porque na realidade são obscurantistas.

Felizmente como escrevi a maré está a mudar e dentro de anos estes tipos não terão financiamento . O tal perlman fez-lo com o seu dinheiro (embora ganho do Estado financiando "investigação" desta).

Talvez estes tipos possam ser reconvertidos em analisadores de dados para quem realmente conta. Esperemos que não continuem um completo desperdício para a sociedade.

Madalena Rebordelo disse...

fez-lo => fê-lo

Anónimo disse...

«Mas a conjectura de Poincaré interessa para alguma coisa? Aquilo ajuda a curar o cancro ou o SIDA? Devolve a visão a quem a perdeu? Devolve a autonomia a quem esteja paralisado? Tira alguém dum coma?»

Mas a Sra. D. Madalena Rebordelo conhece algum matemático da Matemática Pura que se preocupe em responder às suas questões imediatas?

"Não há nenhum ramo de Matemática, por mais abstracto que seja, que um dia não possa vir a ser aplicado aos fenómenos do mundo real."

Nikolai Ivanovich Lobachevsky

Anónimo disse...

Digo:

"questões"

em vez de

"questões imediatas".

Américo Tavares

Anónimo disse...

A minha opinião é a de que a Matemática vale por si, independentemente das eventuais aplicaçoes que possa ter, para que se justifique inteiramente que haja investigadores matemáticos que produzem Matemática nova.

Américo Tavares

Anónimo disse...

Correcção: aplicações

Madalena Rebordelo disse...

De novo, acho que deve ler:

http://dererummundi.blogspot.com/2010/01/solucoes-procura-de-problemas.html

Investiguem o que quiserem mas sem financiamento público que roubam ao que realmente conta.

A sociedade nao quer saber dessas elites. Quer soluções para os seus problemas reais.

Anónimo disse...

O financiamento em ciências básicas é um desperdício?

E quais são os problemas reais da sociedade, apenas os de saúde?

Por esse pensar ninguém se interessaria por poesia.

Não sou nem nunca fui investigador e por aqui termino este debate, por julgar que a minha posição já está suficientemente explicitada.

Américo Tavares

Madalena Rebordelo disse...

"O financiamento em ciências básicas é um desperdício?"

De novo acho que deve ler:

http://dererummundi.blogspot.com/2010/01/solucoes-procura-de-problemas.html

Se não têm aplicabilidade a problemas sociais são um desperdício e a sociedade não os deve financiar.

"Por esse pensar ninguém se interessaria por poesia."

E poucos realmente se interessam como o prova o volume de vendas dessas obras.

Podem escrever poesia, não esperem é que eu seja obrigada a pagar para isso.

Os problemas reais são por exemplo.

Curar o cancro, o SIDA, defeitos congénitos, cegueira, minorar ou impedir a tragédia do aquecimento global, acabar com a dependência de drogas, acabar com o terrorismo, melhorar a velocidade e segurança da Internet, melhorar o Word e Excel multi-utilizador, melhorar a eficiência das centrais eólicas...

Não a conjectura de perelman.

Anónimo disse...

Ao menos leia com atenção: Conjectura de Poincaré, não de Perelman.

Que eu já li "SOLUÇÕES À PROCURA DE PROBLEMAS, de José Luis Pinto de Sá",-- opinião que respeito --, mas que não se aplica ao trabalho de Gregori Perelman, pela simples razão de que esse trabalho já foi validado pelos seus pares, tendo sido agraciado com a mais alta condecoração de Matemática: a medalha Fields, que declinou.

Por que será que o Clay Mathematical Institute oferece 1 milhão (na acepção americana) de dólares pelos chamados Problemas do Milénio? Por exemplo pela Hipótese de Riemann.

Vejo que agora já inclui nos problemas "reais" alguns fora da área da saúde. Então, também tem, nos Problemas do Milénio, o problema N=NP, no âmbito da Teoria da Computação e as Equações de Navier-Stokes, na Dinâmica de fluidos.

Na minha opinião devem-se alargar os horizontes, e não pensar que só o que é imediatamente útil é que merece ser estudado.

Não voltarei a este assunto, seja por que motivo for.

Anónimo disse...

Correcção: em vez de

oferece 1 milhão (na acepção americana) de dólares

deve ser

oferece 1 milhão de dólares

Madalena Rebordelo disse...

"mas que não se aplica ao trabalho de Gregori Perelman, pela simples razão de que esse trabalho já foi validado pelos seus pares"

Pode-me dizer em que parte do texto do Eng. José Luis Pinto de Sá se baseia para esta afirmação?

Eu não a encontro e pelo contrário pelo que ele escreveu isto seria um caso dos tais "quase tudo sobre quase nada". Um "problema" muito específico que demorou anos de "trabalho" a ser resolvido mas que não se aplica a nada fora do contexto esotérico em que foi proposto.

Não li nada sobre o trabalho ser justificado pela validação dos seus pares.

Um dos seus comentários implica até o oposto:

Ao Anónimo que considera a lógica "utilitarista" perversa e depois critica os painéis de avaliação: o critério que defendo de exigência de manifestações de interesse social nos temas de investigação é o oposto da defesa dos tais painéis."

Portanto fico a aguardar o texto sobre a validação pelos pares.

Américo Tavares disse...

Sobre a validação, veja esta série de Lições do Professor Terence Tao

http://terrytao.wordpress.com/category/teaching/285g-poincare-conjecture/

e, por exemplo,"Solution of the Poincaré conjecture", na Wikipedia.

http://en.wikipedia.org/wiki/Solution_of_the_Poincar%C3%A9_conjecture

Américo Tavares disse...

Submeti o meu comentário anterior usando a conta do Google, em da WordPress, que não entrou.

Américo Tavares

(http://problemasteoremas.wordpress.com)

Américo Tavares disse...

Ou

«Terence Tao spoke about Perelman's work on the Poincaré Conjecture during the 2006 Fields Medal Event:

“ They [the Millennium Prize Problems] are like these huge cliff walls, with no obvious hand holds. I have no idea how to get to the top. [Perelman's proof of the Poincaré Conjecture] is a fantastic achievement, the most deserving of all of us here in my opinion. Most of the time in mathematics you look at something that's already been done, take a problem and focus on that. But here, the sheer number of breakthroughs...well it's amazing.»

http://en.wikipedia.org/wiki/Grigori_Perelman

Américo Tavares disse...

Neste blogue pode ver esta entrada

http://dererummundi.blogspot.com/2009/12/beautiful-mind.html

«Na revista de livros do "New York Times" de hoje, Jascha Hoffman recenseia, sob o título "Grigori Perelman’s Beautiful Mind" o livro

PERFECT RIGOR. A Genius and the Mathematical Breakthrough of the Century
By Masha Gessen
242 pp. Houghton Mifflin Harcourt. $26.

sobre o matemático russo Grigori Perelman (na foto), que demonstrou a conjectura de Poincaré para em seguir desaparecer de cena, recusando até a Medalha Fields.»

Américo Tavares disse...

No meu comentário

25 de Janeiro de 2010 19:29

deve-se ler:

(...) em vez da da WordPress (...)

Madalena Rebordelo disse...

Interpretou-me mal.

Eu não questiono que os pares achem o trabalho relevante (ou mesmo genial), o que contesto e a sua leitura do post do Eng. José Luis Pinto de Sá que como acho que mostrei diz que isso e irrelevante.

O que lhe pedi e que me mostre o trecho que corrobora a sua afirmação:

"mas que não se aplica ao trabalho de Gregori Perelman, pela simples razão de que esse trabalho já foi validado pelos seus pares"

Isto ainda não respondeu.

Américo Tavares disse...

Pelos vistos já respondi a tudo, excepto justificar a minha afirmação:

"mas que não se aplica ao trabalho de Gregori Perelman, pela simples razão de que esse trabalho já foi validado pelos seus pares".

Só digo: os pares é que acham o que é relevante ou não; se a minha leitura do post do Eng. José Luis Pinto de Sá foi errada, o erro é meu; penso que não, mas não faço questão a esse respeito. Ou seja, se pretende ver uma afirmação mal justificada, veja.

Já expliquei por demais a minha posição, mesmo depois de ter dito que não voltaria a este assunto. Mas agora é mesmo ponto final!!!

Madalena Rebordelo disse...

"Ou seja, se pretende ver uma afirmação mal justificada, veja."

Eu limito-me a constatar o que vejo.

Quem é contra painéis de avaliação não pode (sob pena de hipocrisia) concordar com a validação por pares e você tentou fazer passar essa ideia.

Américo Tavares disse...

A validação pelos pares da correcção científica de uma descoberta matemática é sempre necessária, haja ou não painéis de avaliação, no sentido em que foram referidos nos comentários ao post do Eng. José Luis Pinto de Sá, a propósito da atribuição de financiamentos, portanto, a uma fase anterior à da publicitação dos resultados.

O trabalho de Gregori Perelman foi altamente escrutinado, havendo vários artigos por matemáticos independentes que o validaram.

Se não acha estas diferenças relevantes, simplesmente discordamos.

A minha posição é totalmente desinteressada, pelo que gostaria de que não tivesse usado a palavra “hipocrisia”, quanto muito incoerência ou outra parecida, se é isso que considera.

Ficamos com a nossa discordância.

Pedro Ribeiro disse...

"O trabalho de Gregori Perelman foi altamente escrutinado, havendo vários artigos por matemáticos independentes que o validaram."

Calma. O trabalho de Perelman nao apresenta o rigor exigido a uma demonstracao matematica. Outros preencheram as lacunas em falta e aparentemente nao havia algo de muito complicado. Sejamos rigorosos.

Ver por exemplo:
http://arxiv.org/abs/0809.4040v1

Américo Tavares disse...

Obrigado pelo seu comentário. Do que sei os artigos de Perelman são muito pouco detalhados, havendo sobre o mesmo assunto uma equipa que produziu centenas de páginas para o tornar legível, mas, pelo menos parcialmente, fê-lo por caminhos diferentes do de Perelman.
Porém outra equipa analisou-os também e explicitou todos os resultados de Perelman, sem recorrer a métodos diferentes.
Rigor é o que eu gosto: se não é maior, é por limitações da minha parte.
Agora que o trabalho de Perelman foi muito escrutinado isso parece que ninguém terá dúvidas. Porque se houvesse um erro que fosse, toda a demonstração ruiria, e não foi o que aconteceu.
Num campo que conheço bem, também a demonstração de Roger Apéry da irracionalidade de zeta de 3 foi encarada com muitas reservas, de início, mas o que é facto é que toda a demonstração estava certa, embora muito cheia de lacunas.

Sinceramente penso que aos génios não se aplicam as mesmas regras que aos restantes mortais. Outro qualquer, que não um com a craveira de Perelman, não teria possivelmente visto o seu trabalho validado, se não o tivesse submetido a nenhuma revista com referee.

Anónimo disse...

Ainda sobre o valor do trabalho de Perelman, julgo não ser inapropriado informar aqui, se ainda não for conhecido, que a Perelman foi-lhe atribuído o Primeiro Prémio do Milénio, pelo CMI (Clay Mathematics Institute).

Américo Tavares

pedro santos disse...

comecei a ler 1os comentários da Madalena, mas depois desisti. Ó Madalena, para um leigo parece ser muito convincente, mas a Madalena faz tábua raza da contribuição que outras áreas científicas tiveram para as tais ciências da vida. É ignorância ou está a esquecer de propósito, à laia de loobista de financiamentos públicos, que as ciências da vida só evoluiram depois das ferramentas de imagiologia e de análise quali e quantitativa da química e da física terem surgido? Sem elas, ainda hoje estavam a dissecar ratinhos, que é algo eticamente reprovável, mas que vocês insistem ser indispensável para o avanço da (vossa) ciência. Falta de criatividade científica, ajudada precisamente pelo champalimoud, que de ciência provavelmente só conhecia a palavra. Claro que qq tipo rico se preocupa primeiro com o seu próprio coiro (leia-se longevidade), do que com o coiro do planeta, daí o destino prioritário do carcanhol da fundação.

Anónimo disse...

Nossa, como uma pessoa pode ser tão ignorante e ainda se achar culta... Não menospreze nenhuma ciência, a evolução da física (inclusive por causa das "continhas" que Newton desenvolveu geraram inúmeros avanços tecnológicos (se não todos) que podem ser aplicados a curar câncer (radioterapia), corrigir defeitos visuais ou destruir cálculos renais com a ajuda de Lasers (previsões feitas com continhas). Ah, poderia escrever muito mais, mas vc é muito pouco para merecer tantas palavras. Nenhuma ciência anda sozinha. Espero que esses seus comentários sejam apenas brincadeira, caso contrário revelam uma ignorância ímpar!

Anónimo disse...

Continhas!? Minha cara amiga... Os primeiros 2 anos de qualquer curso de ciências exatas (as engenharias, por exemplo são consideradas os cursos mais difíceis da graduação para se concluir, com os maiores índices de reprovação, sem contar Física, Matemática, etc) são utilizados só pra aprender a Física e a Matemática que o Newton inventou... Não fale bobagem, mesmo que Darwin merece algo melhor...

Anónimo disse...

Talvez interesse aos leitores saber que um conceito ligado à demonstração de Perelman da Conjectura de Poincaré -- o fluxo de Ricci -- tem aplicações na imagiologia médica.

"Application of discrete Ricci flow to medical imaging
Case study: Registration of prone and supine surfaces in CT colonography

In CTC, the patient is scanned twice, once prone and then supine. When the patient is repositioned a polyp remains fixed to the colon surface while other material moves thereby enabling, in theory, the radiologist to differentiate between polyps and residual stool. However, because the colon itself undergoes considerable deformation at the same time, matching corresponding points on the colonic surface before and after repositioning is difficult.

Now an interdisciplinary team led by David Hawkes (UCL), Steve Halligan (UCH) and Greg Slabaugh (Medicsight PLC) is developing a technique to solve this problem using, among other things, the Ricci flow from differential geometry.

In differential geometry Ricci flow is a process that deforms and smooths out the metric of a Riemannian manifold in a way that is mathematically analogous to the diffusion of heat."

Isaac Newton Institute for Mathematical Sciences

http://www.newton.ac.uk/reports/casestudies/

http://www.newton.ac.uk/reports/casestudies/ricci.pdf

Anónimo disse...

Gente, as ciências da vida não vão se separar da matemática e da física nunca, e vice-versa. Essas áreas são completamente interdependentes hoje (pelo menos no âmbito da pesquisa de ponta).

Anónimo disse...

Curioso. Falar em melhorar word, excel.. internet. Tudo isso é produto da ciência. Sem a ciência física e matemática não existiria nada de tecnologia, Madalena. Você estaria andando a pé, e conversando através de sinais de fumaça. Newton foi o maior cientista que existiu. Toda homenagem a ele é pouca.

"A escola pública está em apuros"

Por Isaltina Martins e Maria Helena Damião   Cristiana Gaspar, Professora de História no sistema de ensino público e doutoranda em educação,...