sábado, 26 de julho de 2008

A ORIGEM DA ESPÉCIE


Minha crónica no semanário "Sol" de hoje (a foto mostra o insecto encontrado):

A ciência é um imenso campo de surpresas. Aconteceu há pouco uma no jardim do Museu de História Natural de Londres. Uma criança de cinco anos, filho do entomologista Max Braclay, apanhou um bichinho vermelho e preto do chão e mostrou-o ao pai: Papá, o que é isto?

O pai, curador do Museu, não sabia, apesar de ter passado a vida a recolher insectos por todo o mundo, em sítio remotos do globo como a Tailândia e a Bolívia. O Museu alberga uma colecção de 28 milhões de espécies de insectos (vão passar para o Centro Darwin – Fase 2, um moderno edifício a inaugurar no próximo ano), mas não havia lá nada igual. Não era uma espécie vulgar de Lineu... Depois de uma “caça ao insecto” nos museus de todo o mundo, encontrou-se uma espécie parecida no Museu Nacional de Praga. Dava pelo nome de Arocatus roeselli e tinha sido recolhida em Nice, França. Depois de vários estudos – vai-se agora analisar o DNA – não se sabe ainda se é a mesma espécie ou se é uma espécie nova muito semelhante. A questão é que esse insecto não existia à latitude de Londres e, além disso, habitava um outro tipo de árvores. Quando se foi examinar melhor o jardim do Museu, estava todo povoado pela nova espécie (pode mesmo ser uma nova espécie, pois há quem conjecture que só dez por cento das espécies de insectos são conhecidas) Não era um insecto isolado, mas uma multidão deles e o que vale é que são inofensivos.

Qual é a origem da espécie? Não se sabe. Segundo Barclay (Time, 28/7/2008), a migração e adaptação do Arocatus pode dever-se ao aquecimento global ou pode dever-se à circulação acrescida de pessoas dentro da União Europeia. Qualquer que seja a essa origem, um mistério como este vem mesmo a calhar agora que passaram 150 anos sobre a primeira comunicação de Darwin sobre a origem das espécies, o que ocorreu um ano antes do seu livro mais famoso ter vindo a lume.

Esta história científica, cujo final deverá em breve ser desvendado, ensina-nos o valor da biodiversidade e a relevância do melhor conhecimento e preservação de todas as espécies.

4 comentários:

Anónimo disse...

Caro Carlos, adorei o seu post. É bastante interessante e dá que pensar. Mas o que mais me impressionou, foi isto:

"pode mesmo ser uma nova espécie, pois há quem conjecture que só dez por cento das espécies de insectos são conhecidas)"

Dá que pensar....

Rui.

Rui leprechaun disse...

Aquecimento global?!?!

Was ist das?!

Eu cá por mim, leio que a actividade solar está a diminuir, depois de um período muito activo nas últimas 6 décadas.

Mas os ciclos solares não são fáceis de prever. De qualquer modo, os peritos nesse campo esperam agora um período com menos manchas solares, o que equivale a temperaturas mais baixas nas próximas décadas.

Logo, se a 2ª metade do século passado foi mais quente, é provável que a 1ª deste seja mais fria.

Bem, uns bichinhos gostam de uma coisa e outros de outra...

Rui leprechaun

(...é deixá-los felizes à rédea solta! :))

Fernando Gouveia disse...

Queria só chamar a atenção para a data errada do artigo da Time (o ano que lá está é o de 2009...)

De Rerum Natura disse...

Caro Fernando Gouveia
Já emendei, obrigado.
Carlos Fiolhais

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