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Há quem lhe chame o "monstro", mas pode também ser o "rinoceronte". Início da crónica de Helena Matos no "Público" de hoje:
"O Ministério da Educação está prestes a tornar-se no rinoceronte dos nossos tempos. Só lhe falta arranjar um Dürer que o retrate ou um Fellini que o conte. O rinoceronte, um animal algures entre o fantástico e o pestilento, foi um dos animais que D. Manuel entendeu enviar ao Papa para que, no exotismo da criatura, Leão X visse as óbvias razões que levavam o monarca português a dizer-se Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor do Comércio, da Conquista e da Navegação da Arábia, Pérsia e Índia. Séculos mais tarde, um rinoceronte foi também o ser vivo que Fellini escolheu para albergar nas entranhas daquele navio, alegoria dum mundo agonizante e cobarde. E agora só o rinoceronte, com aquele ar encarapaçado de quem graças a um erro veio das profundezas do tempo, é capaz de dar conta da estranha criatura que se alberga nas entranhas da 5 de Outubro. A criatura, tal como os rinocerontes de D. Manuel e de Fellini, sobrevive mesmo quando tudo o mais vai ao fundo."
1 comentário:
Muito bom o artigo da Helena Matos, só se engana na localização do monstro e em quem é o monstro.
O monstro à séria não se esconde na 5 de Outubro. Aí são os dirigentes políticos que são simplesmente mauzinhos.
O monstro mesmo são os dos 200 da bosta e seus acólitos que se acoitam na 24 de Julho.
A criatura que sobrevive quando tudo o resto vai ao fundo, que permanece impávido e sereno com a queda de ministros e secretários de estado, são os incompetentes que não conseguiram fazer doutoramento em coisas a sério e foram in extremis fazer doutoramento em Ciências da Educação a Boston e depois se reproduziram em ESEs, no ministério e por aí fora.
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