domingo, 13 de julho de 2008

GRANDES ERROS: "A MAIOR METAMORFOSE DE TODOS OS TEMPOS"


No passado dia 6 de Julho, pelas 22h13m, o Mosteiro de Alcobaça tinha à sua frente mais de 16 mil pessoas para assistirem à “maior metamorfose de todos os tempos” prometida pelo mágico Luís de Matos. Este tinha um contrato com a Câmara de Alcobaça, no qual se propunha efectuar um espectáculo de magia “absolutamente surpreendente e inesquecível” caso o Mosteiro de Alcobaça fosse eleito uma das 7 Maravilhas de Portugal. A prestação do mágico estava orçada em 180 mil euros.

A expectativa era grande. Falava-se até que o mosteiro "iria desaparecer". Mas a grande montanha pariu um pequeno rato. Luís de Matos limitou-se a repetir um número antigo, criado pelo mágico Houdini, em que se liberta de uma camisa de forças pendurado pelos pés. O número, que obviamente não tem nada a ver com o mosteiro, demorou poucos minutos. E poucos minutos demorou o aplauso, porque a este logo se seguiu uma monumental vaia quando a multidão se apercebeu que o espectáculo tinha já terminado. Por Alcobaça e não só toda a gente ficou indignada.

Que há aqui de errado? Segundo o próprio Luís de Matos em carta posterior enviada ao Presidente da Câmara: “o erro não está naquilo a que assistiram mas sim naquilo que lhes foi transmitido que aconteceria e em que, ingenuamente, acreditaram”. Sim, tem razão, mas foi ele que alimentou as falsas expectativas, já que a frase da “maior metamorfose de todos os tempos”, que está no cartaz, é dele. O mágico Luís de Matos, que não cumpriu o anunciado e que por isso causou a “maior metamorfose de todos os tempos” na sua imagem, agora queixa-se?

Mas o erro é também, claro, do Presidente da Câmara, que esbanjou o dinheiro dos contribuintes numa altura que devia ser de contenção orçamental. Terá o orçamento da Câmara sofrido a “maior metamorfose de todos os tempos”?

4 comentários:

Armando Quintas disse...

há 2 aspectos que merecem ser debatidos, o primeiro é a questão do negócio entre a parte publica e a parte privada, o segundo é a questão da actuação em si.
Quando há um negócio entre partes, ambas devem acautelar os seus respectivos interesses, é obvio que o ilusionista (não magico nem mago) e a empresa das 7 maravilhas, que o contratou querem ganhar o seu quinhão pois são entidades privadas que visam o lucro, a câmara como parte publica que deve defender os interesses dos cidadãos e gerir da melhor maneira os dinheiros publicos, falhou porque não assegurou da melhor maneira os seus interesses, estas coisas requerem legalmente contratos porque se está a pagar por um serviço, contrato esse que deve ser bantante explicito e detalhado com o serviço que vai ser prestato, como e que tipo.
Não sabemos que contrato foi celebrado nem o seu detalhe, se vinha mencionado que o ilusionista se comprometia a fazer desaparecer o mosteiro, então pode-se recorrer à justiça e reclamar o incumprimento do contrato, senão, a camâra têm que pagar e calar porque não fez as coisas da melhor maneira.
Ainda neste assunto e como falou o post, justificava-se gastar essa quantia de dinheiro nesse tipo de serviço estando a câmara em contenção orçamental?
A meu ver não se justificou, foi um espectaculo efémero e muito despedioso, que estando a câmara em contenção orçamental, este não era de facto um investimento prioritário que deveria ter sido feito.
Sou da opinião que dado a camâra estar em contenção orçamental e ter gasto o que gastou no que gastou, deveria ser penalizada, o vereador responsável se o houvesse, demitido imediatamente bem como a redução desse valor gasto na proxima tranferencia de verbas da administração central para a autarquia, de forma a constituir uma lição para a não se esquecer.

O segundo aspecto, o do espectaculo em si, Luis de Matos é um ilusionista e não magico ou mago porque esses realmente não existem, a magia faz parte da massas de ilusões e enganos que os humanos alimentam como obtenção facil daquilo que exige esforço a ser obtido.
Enquanto Ilusionista, joga com os sentidos das pessoas recorrendo a técnicas próprias para o efeito.
Ele enquanto tal, propunha-se a realizar um espectaculo ao qual se chamou a maior metaformose de todos os tempos, metamorfose implica transformação e o protagonista principal seria o mosteiro e não o ilusionista, este seria apenas o executante da referida metamorfose.
De certo modo desiludiuo publico, pois este consciencializou-se que seria isso que iria acontecer, mas não foi, agora de quem é a culpa? creio que cabe um pouco a cada uma das entidadades envolvidas. Moral da história: há que saber pleo que se vai pagar e saber discriminar os serviços, pois chapeus (diria barretes) há muitos..

Carlos Albuquerque disse...

Bem. Parece que o contrato sempre foi cumprido no que diz respeito ao espectáculo "absolutamente surpreendente e inesquecível": o público foi surpreendido e não se vai esquecer tão depressa.

Carlos Pires disse...

A falta de honestydade do sr. Luís de Matos é um dado pouco relevante nessa história. Muito mais significativo é a ignorância e falta de espírito crítico do Presidente da Câmara. Se amanhã lhe prometerem a aparição da Vyrgem ou de uns ET's ele acreditará?
Outra questão interessante é: até que ponto esse Presidente de Câmara, com sua notória Ygnorância, é uma amostra representativa dos autarcas e até dos políticos portugueses?
Consideremos p.ex. certas obras arquitectónicas públicas espalhadas por Portugal:são tão absurdas, inúteis e incómodas que percebmos que essa ignorância e falta de espírito crítico existe às toneladas, mesmo que não haja magia por perto.
Carlos Pires

Anónimo disse...

No texto está: "... será palco da maior metamorfose..."

Não me parece que diga que o mosteiro será actor na metamorfose ou que desapareça. Será palco. E foi palco de uma metamorfose que devia provavelmente estar bem acordada entre todos, pois não acredito que haja enganados nesta história. Excepto o povo, que de boca em boca acrescentou uns "pontos" e ficaram todos à espera do que não era anunciado.

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