terça-feira, 1 de julho de 2008

LINUS PAULING E A VITAMINA C

Transcrevo um extracto do recente livro da química e escritora Raquel Gonçalves-Maia, “O Legado de Nobel. Perfis da Ciência do Século XX (1900-1959)”, Escolar Editora, Lisboa, 2008, onde fala do único duplo Nobel que o recebeu sozinho em áreas diferentes, o químico norte-americano Linus Carl Pauling, cujo prestígio científico foi manchado no final da vida pela sua crença nos superiores poderes curativos da vitamina C se tomada em overdose. Esse episódio mostra que mesmo os maiores cientistas podem protagonizar grandes erros.

"Aos nove anos já tinha lido a Bíblia e a Origem das Espécies de Charles Darwin. Aos onze fascinava-o a Entomologia e lia tudo o que com este tema se relacionasse; aos 12 era a vez da atracção pela Geologia e aos 13 pela Química. Foi a única pessoa a receber dois prémios Nobel não partilhados em áreas tão diferentes como a Química e a Paz. Legou-nos mais de 300 artigos científicos, principalmente de Química e Bioquímica, e largas centenas de outros de cariz sociológico, contra a guerra, contra as armas e o armamento, contra os testes nucleares, em suma, em nome da Paz. Foi um grande professor. Associava a originalidade das suas ideias a modelos visuais de captação simples e lógica. Publicou livros, cuja fluência e capacidade de escrita dos temas mais complexos fez deles "best-sellers" nos departamentos científicos das escolas de ensino superior.

Nos finais da sua vida legou-nos, ainda, a controversa aposta na vitamina C. Quem duvida? Linus Carl Pauling (1901-1994; prémio Nobel da Química em 1954 e prémio Nobel da Paz em 1962) era uma força da natureza. (...)

A Vitamina C: o erro de Pauling?

O trabalho científico de Pauling nos últimos anos da sua vida está rodeado de profunda controvérsia. Advogou que a ingestão diária de doses elevadas de vitamina C (gramas e não miligramas) evitaria as constipações; essa ideia não era completamente nova, já o bioquímico Irwin Stone (1907-1984) a tinha sugerido. Mas Pauling vai muito mais longe; afirma que a vitamina C não só evitaria as gripes, como preveniria (e trataria) infecções virais e mesmo o cancro. Isso levou, inclusive, ao estabelecimento de uma nova disciplina, a medicina ortomolecular, e à fundação do instituto correspondente (actualmente, Pauling Institute of Science and Medicine), em 1974, em Palo Alto, na Califórnia).

Haveria evidência científica suficiente para perscrever megadoses de vitamina C? Parece bem que não. E os opositores de Pauling não se coibiram de referir uma “aliança” entre o cientista e o distribuidor maioritário da vitamina (Hoffmann - La Roche), o principal financiador do Instituto de Medicina Ortomolecular. Mas como poderiam ter estes razão, quando já muito antes tanto Linus Pauling como a sua mulher eram, eles próprios, consumidores diários deste suplemento em doses elevadíssimas? Ambos sofreram de cancro, ambos recusaram quimoterapia. Ava Helen morreu de cancro no estômago em 1981, após cinco anos de luta contra a doença, e Linus de cancro prostático, tinha 93 anos de idade.”

9 comentários:

Anónimo disse...

Porra, esta é a ironia das ironias. Defendeu que a ingestão de grandes quantidades de vitamina C evitariam o cancro. No final, morre de cancro.

Unknown disse...

Embora não tenha feito qualquer estudo científico sobre o assunto, não tenho garndes dúvidas que se perguntar,os a 100 pessoas se a vitamina C xuras as gripes e as constipações, 99 ou mesmo 100, se não estiver por lá um solitário céptico, dirá quem sim, incluindo médicos e outros profissionais de saúde.
Há estudos credíveis a fazer essa comprovação?
Normalmente o cidadão acredita imediatamente quandolhe dizem que o alimento X cura/evita a doença A. E se alguém duvida, o crente exige provas que demonstrem que a sua crença é falsa. Nem lhe passa pela cabeça pedir ao "curandeiro" que prove que a sua oferta de cura é verdadeira.

jpt disse...

Há evidências científicas que a vitamina C em doses "normais" é um antioxidante e portanto ajuda na prevenção do cancro, envelhecimento, doenças degenerativas e em todas as doenças favorecidas pelo "stress oxidativo", mas que ingerido em grandes quantidades é um Pro-oxidante e tem o efeito contrário. O curiosa é que já havia evidência científica disto quando Pauling ainda era vivo e defendia o hiper-consumo desta vitamina.
O corolário disto é que se devem ingerir vitaminas nos alimentos, o que practicamente evita as overdoses.

Rui leprechaun disse...

A este respeito, 2 simples máximas dizem tudo:

"Que o teu alimento seja o teu medicamento" e "O óptimo é inimigo do bom". Ou ainda, "In medio stat virtus"!

É, contudo, importante compreender que esta opção de Pauling está directamente ligada a um grave problema renal que o atingiu aos 40 anos e que ele tratou através de terapias não convencionais. Um bom relato está aqui na Wikipedia.

Por outro lado, a questão da medicina ortomolecular é muitíssimo interessante e insere-se nesse importantíssimo aforismo de Hipócrates tão descurado hoje em dia. Logo, não é de admirar a pouca abertura da medicina convencional a este respeito. E isto mesmo quando as investigações são sugeridas e apoiadas por um Prémio Nobel, note-se!

Anyway... se a verdade sempre vem ao de cima como o azeite, as investigações neste campo darão os seus resultados. Basicamente, trata-se de uma forma de terapia natural que concede enorme importância à dieta alimentar - o que deveria constar sempre de qualquer tratamento médico regido pelo mais elementar bom senso e conhecimento real, e não fictício, do organismo humano! - coadjuvada por doses elevadas de vitaminas, enzimas e diversos oligoelementos.

Por fim, as propriedades anti-cancerígenas das altas doses de vitamina C parecem continuar a ser confirmadas em estudos muitíssimo recentes.

A 2005 paper in the Proceedings for the National Academy of Sciences noted that vitamin C selectively killed cancer cells in vitro. (...) ] In 2007, the researchers demonstrated how vitamin C in vivo could possibly kill cancer cells.

A este propósito, ainda muito recentemente foi também noticiado o papel de investigadores portugueses na comprovação do poderoso efeito anti-cancerígeno de algumas plantas usadas na fitoterapia tradicional.

Resultados surpreendentes na cura de cancro da pele

Ou seja, mais uma vez é caso para dizer: "Quem tem olhos veja e quem tem ouvidos oiça!"

Foi o que Linus Pauling fez e assim prolongou a sua existência dos 40 aos 93!

Que a sorte protege os audazes... e mais capazes!!! :)

Saude...Naturalmente... disse...

...É evidente...Até os mais burros percebem que quando se tem um cancro aos 40 anos e se morre aos 93...é porque o tratamento funcionou...A não ser que a idiotice seja tal que acreditem que a eficácia de um tratamento com Vitamina C teria de provar-se com a Vida eterna....

A Vitamina C funciona mesmo ...E Pauling provou isso!!!....

luis josé
muzikol@netcabo.pt

Saulo Chaplin disse...

Meu pai deixou de tomar 2 tipos de remédios e substitui pela VIT.C
Até que ponto realmente isso funciona?
Ninguém sabe

Anónimo disse...

Este homem realmente foi muito guerreiro,inteligente e lutador

PARABÉNS A LINUS CARL PAULING

Anónimo disse...

Prezados, Linus era rodeado de gente influente, políticos, empresários, etc; caso não saibam a maioria das pessoas influentes deste mundo pertencem a sociedades secretas, onde têm acesso a segredos científicos que o povo nem sonha que exista, elas sabem como por exemplo fazer com que você tenha câncer mesmo sendo uma pessoa saudável, existe um conglomerado de pessoas trabalhando para eles, são donos do mundo, e nada passa despercebido. Linus foi nada mais que uma vítima dos mesmos, pois estava mostrando a verdade para o mundo, quem não lembra do episódio onde ele briga com o governo para parar os testes nucleares, pois as partículas estavam condenando pessoas à morte. Linus sabia demais e não queria deixar o seu conhecimento em segredo, assim como todo cientista sério, o seu juramento era para com a humanidade, e não para com a elite governista e egoísta. Seu eu fosse você tomaria vitamina C todos os dias, pois temos que saber apreciar as verdades.

Anónimo disse...

Haha, adorei o seu comentário. Morrer com 93 anos está ótimo, ninguém fica pra semente.

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