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Ficou, com certeza, na memória de muita gente um anúncio que passou durante algum tempo na televisão e cujo objectivo era sensibilizar o público para a separação do lixo caseiro. A cena era simples: num ambiente de laboratório, sujeitos de bata branca, quais cientistas, treinavam um macaco nessa tarefa. Rapidamente “o aprendiz” a executava exemplarmente… ao contrário dos humanos. O slogan reforçava o que se deduzia das imagens e do texto.
É certo devemos separar o lixo, mas neste anúncio, ao contrário de se envolverem as pessoas, depreciavam-se, amesquinhavam-se… Justificar-se-á?
Passa, agora, também na televisão, um programa intitulado Desafio Verde cujo objectivo é mais vasto: educar a população para preservar o nosso planeta. Propósito nobre, mas, mais uma vez, a estratégia é lamentável: a jovem apresentadora questiona, com um ar entre o inquisidor e o reprovador, crianças, jovens e adultos (alguns dos quais com idade para serem pais ou avós) sobre as suas criminosas faltas ambientais.
E que faltas são essas? Uma dona de casa que toma banho de imersão "quentinho" e que nos fins-de-semana assa febras em carvão para o almoço de família, e uma outra que usa a máquina de secar roupa mesmo quando está bom tempo, uma criança que deixa a torneira aberta enquanto lava os dentes… A mensagem é simples: “todos somos eco-criminosos".
É certo que devemos poupar água e energia, mas este programa, ao contrário de envolver as pessoas, aponta-lhe as faltas sem qualquer cerimónia, melhor: acusa-as de prática de crimes. Isso mesmo: crimes. Justificar-se-á?
Não... Assim não se vai lá!
4 comentários:
Acho que esta escalada na tentativa de condicionar as pessoas a certos comportamentos demonstra que há já incapacidade de convencer por meios racionais.
Acontece que os comportamentos prescritos por essas pessoas seriam supostamente baseados em análises racionais e científicas.
A facilidade com que perdem a razão e partem para a tentativa de imposição sugere que realmente não sabem bem ao que andam.
Completamente de acordo. Mas repare que nas escolas o programinha é muito apreciado. De resto iniciativas já institucionalizadas nas escolas ( como as famigeradas "olimpiadas do ambiente") em nada são melhores. A postura das ONG's de referência tb não diverge desta atitude incriminatória e respectivas soluções doutrinais. E os congressos de "educação ambiental" que por aí proliferam tão pouco. Na realidade a maioria da dita EA que por aí se vai fazendo é desfocada, dogmática e doutrinal. Infelizmente.
A mensagem é simples: “todos somos eco-criminosos"
Afinal todos nascemos com o pecado original.
Acho que esta escalada na tentativa de condicionar as pessoas a certos comportamentos demonstra que há já incapacidade de convencer por meios racionais.
A generalidade dos humanos e completamente indiferente (quando nao abertamente hostil) a argumentos racionais.
Este tipo de abordagem e muito mais eficaz.
Para além da inadequação outro motivo a que deve dar-se atenção é o que respeita ao enorme consumo de energia e produção de resíduos (poluição) de muitas acções, algumas de propaganda, em suposto favor do ambiente.
Assiste-se por vezes a uma quase "gritaria" maçadora por causa do ambiente. Mas depois, cada um proceder em conformidade, é muito mais difícil...
Já nem falo de personalidades como Al Gore que se deslocam "poluidoramente" pelo mundo, para nos dizerem o que qualquer pessoa medianamente atenta e informada está farta de saber...
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