Serve este texto para deixar um apontamento sobre a ideia de utopia, mas também para notar a grande possibilidade de se replicar ad infinitum um erro de autoria.
O entrevistador pergunta ao jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano "Ainda existe espaço para a utopia no mundo de hoje?"
"Sim", responde Galeano, "no sentido que lhe deu Fernando Birri, que injustamente se atribui a mim. Num dos meus livros citei essa frase dizendo que era dele (...).
Estávamos em Cartagena das Índias, a belíssima cidade colombiana, e fizémos uma palestra juntos na universidade, um pouco ao estilo dos sobrinhos do Pato Donald, cada uma começa a frase e o outro terminava-a.
No final um dos estudantes levantou-se e perguntou-lhe a ele, não a mim: «Para que serve a utopia?». Ele respondeu da melhor maneira, eu nunca ouvi uma resposta melhor: disse que fazia essa pergunta todos os dias: para que serve a utopia? Se é que a utopia serve para alguma coisa...
Ele disse: «vejam bem a utopia está no horizonte e, se está no horizonte, eu nunca vou alcançá-la porque se caminho dez passos, a utopia vai distanciar-se dez passos, e se caminho vinte passos, a utopia vai colocar-se vinte passos mais além, ou seja, eu sei que jamais a alcançarei. Para que serve? Para isso: para caminhar»".
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