domingo, 24 de março de 2024

NOVAS FORMAS DE REALIZAR E AVALIAR OS DOUTORAMENTOS

Texto que nos foi enviado por Adriana Lage Costa
(doutorada em Ciências da Educação, pela Universidade de Coimbra)

No editorial do último número da Revista Nature, saído em 12 de Março, é discutida, em nome do futuro da investigação científica, a urgente necessidade de reavaliar o processo de doutoramento. Lembra-se que prevalece ainda o formato tradicional e que, embora este tenha resistido ao tempo, está sob escrutínio crescente, à medida que surgem críticas sobre sua transparência e eficácia. 

Acontece que os doutorandos tendem a expressar preocupações com a falta de clareza no processo de avaliação, enquanto os examinadores apontam uma queda dos padrões académicos. Cita-se como suporte desta afirmação o seguinte estudo, publicado em 2018 de G. Houston: A Study of the PhD Examination: Process, Attributes and Outcomes (PhD thesis, Oxford University).

É, portanto, preciso repensar o processo de avaliação à luz das práticas modernas de ensino e investigação, a fim de garantir que os futuros investigadores estejam mais bem preparados para enfrentar os desafios do próprio ambiente académico.

Em síntese, diz-se nesse editorial:

A investigação e o ensino nas universidades de hoje são muito diferentes do que eram no início do século XIX (...). No entanto, a realização e a avaliação dos doutoramentos permaneceram semelhantes: um mínimo de três anos de estudo independente orientado por um professor culmina na produção da tese – muitas vezes um trabalho magistral que é avaliado numa prova oral por investigadores com trabalho realizado na área. Numa época em a inovação é marca do ensino e da aprendizagem, esta avaliação representa uma dissonância.

É preciso, por exemplo, perceber que os candidatos a doutoramento têm experiências diversas e que muitos não trabalharão em universidades. Deveriam, pois, poder escolher o caminho que pretendem seguir. De notar que é frequente, sobretudo na área das engenharias, os doutorandos serem supervisionados conjuntamente por um empregador e um académico com vista a resolverem problemas concretos. Outra inovação é a apresentação de um conjunto de artigos publicados e/ou aceites para publicação. E outra é o trabalho em colaboração que proporciona uma experiência menos isolada. Os candidatos também são incentivados a adquirir competências transversais (por exemplo, em análise de dados, envolvimento público, gestão de projetos ou negócios, economia e finanças) que deveriam ser avaliadas formalmente.

Não haverá uma solução única para melhorar a realização e avaliação dos doutoramentos porque as diversas áreas disciplinas apresentam especificidades próprias, mas há que continuar a discutir o que é mais apropriado para cada área. Contudo, há benefícios em que todos prevejam, por exemplo, uma parceria mais estreita entre investigadores em educação, orientadores de doutoramento e coordenadores de programas de doutoramento

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