Texto que nos foi enviado por Adriana Lage Costa
(doutorada em Ciências da Educação, pela Universidade de Coimbra)
Acontece que os doutorandos tendem a expressar preocupações com a falta de clareza no processo de avaliação, enquanto os examinadores apontam uma queda dos padrões académicos. Cita-se como suporte desta afirmação o seguinte estudo, publicado em 2018 de G. Houston: A Study of the PhD Examination: Process, Attributes and Outcomes (PhD thesis, Oxford University).
É, portanto, preciso repensar o processo de avaliação à luz das práticas modernas de ensino e investigação, a fim de garantir que os futuros investigadores estejam mais bem preparados para enfrentar os desafios do próprio ambiente académico.
Em síntese, diz-se nesse editorial:
A investigação e o ensino nas universidades de hoje são muito diferentes do que eram no início do século XIX (...). No entanto, a realização e a avaliação dos doutoramentos permaneceram semelhantes: um mínimo de três anos de estudo independente orientado por um professor culmina na produção da tese – muitas vezes um trabalho magistral que é avaliado numa prova oral por investigadores com trabalho realizado na área. Numa época em a inovação é marca do ensino e da aprendizagem, esta avaliação representa uma dissonância.
É preciso, por exemplo, perceber que os candidatos a doutoramento têm experiências diversas e que muitos não trabalharão em universidades. Deveriam, pois, poder escolher o caminho que pretendem seguir. De notar que é frequente, sobretudo na área das engenharias, os doutorandos serem supervisionados conjuntamente por um empregador e um académico com vista a resolverem problemas concretos. Outra inovação é a apresentação de um conjunto de artigos publicados e/ou aceites para publicação. E outra é o trabalho em colaboração que proporciona uma experiência menos isolada. Os candidatos também são incentivados a adquirir competências transversais (por exemplo, em análise de dados, envolvimento público, gestão de projetos ou negócios, economia e finanças) que deveriam ser avaliadas formalmente.
Não haverá uma solução única para melhorar a realização e avaliação dos doutoramentos porque as diversas áreas disciplinas apresentam especificidades próprias, mas há que continuar a discutir o que é mais apropriado para cada área. Contudo, há benefícios em que todos prevejam, por exemplo, uma parceria mais estreita entre investigadores em educação, orientadores de doutoramento e coordenadores de programas de doutoramento
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