Por Eugénio Lisboa
É próprio do tirano vir dizer
que a vítima da sua tirania
é que é culpada de cometer
o mal que ele traz à sua agonia.
O tirano tortura porque vê
um inimigo em cada ser humano
e um fautor não sabe bem de quê,
mas que o deixa perfeitamente insano.
O tirano assassina e difama,
com uma convicção digna de loucos
e tece uma inconcebível trama
que a vítima da sua tirania
é que é culpada de cometer
o mal que ele traz à sua agonia.
O tirano tortura porque vê
um inimigo em cada ser humano
e um fautor não sabe bem de quê,
mas que o deixa perfeitamente insano.
O tirano assassina e difama,
com uma convicção digna de loucos
e tece uma inconcebível trama
que à piedade faz ouvidos moucos.
O tirano é insensível à dor
e a sua pátria é só o terror.
O tirano é insensível à dor
e a sua pátria é só o terror.
Eugénio Lisboa
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NOTA: O século XX foi um tempo de muitos e variados tiranos: de direita e de esquerda, tanto faz. Não há tiranias boas e tiranias más. Todas oprimem igualmente e usando os mesmos métodos. Tanto faz morrer à direita, como à esquerda, tudo é morrer sem culpa, ao arbítrio da paranóia de quem manda. Defender uma tirania de esquerda é tão criminoso como defender uma de direita. Eu às vezes penso que, no fundo, elas são todas de direita. Querem todas o mesmo: o poder indiscriminado e não escrutinado. Este soneto foi escrito a pensar neles, um dos monstruosos flagelos do nosso tempo. Outro flagelo quase igual foi o dos que, de boa consciência, lhes deram cobertura e apoio. Entre Hitler e Staline, entre Pol Pot e Mussolini, entre Cunhal e Salazar, o diabo que escolha. Mas estes que cito não esgotam o baralho. O poder totalitário atrai os energúmenos como o excremento atrai as moscas.
1 comentário:
O Eugénio q tome uns calmantes...
Fazia-lhe bem!
(E a nós também...)
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