sábado, 30 de julho de 2022

QUESTIONÁRIO DE PROUST SAÍDO NO «PÚBLICO» - CARLOS FIOLHAIS

 1– Qual a sua ideia de felicidade perfeita? 

 Estar num sítio paradisíaco com a pessoa amada.

 

2 – Qual é o seu maior medo? 

Nesta altura, a carta com o IRS.

 

3 – Na sua personalidade, que característica que mais o irrita? 

Não saber coisas que devia saber.

 

4 – E qual o traço de personalidade que mais o irrita nos outros? 

Teimarem quando não têm razão.

 

5 – Que pessoa viva mais admira?

O Prof. John Perdew, com quem trabalhei nos Estados Unidos. Tem uma criatividade e uma capacidade de trabalho incríveis. Ainda vai ganhar o Nobel.

 

6 – Qual a sua maior extravagância? 

Comprar livros que já tenho.

 

7 – Qual o seu estado de espírito neste momento?

Preocupado com o resto do questionário.

 

8 – Qual a virtude que pensa estar sobrevalorizada?

A obediência.

 

9 – Em que ocasiões mente?

Há mentiras piedosas.

 

10 – O que menos gosta na sua aparência física?

O volume.

 

11 – Entre as pessoas vivas, qual a que mais despreza?

O Bolsonaro que me perdoe, mas é o Trump.

 

12 – Qual a qualidade que mais admira numa pessoa? 

A sabedoria. Mas tem de ser misturada com bondade e beleza.

 

13 – Diga uma palavra – ou frase – que usa com muita frequência.

Estive a ouvir-me e digo muito «digamos». Também digo muito «quero dizer». E ainda «dizendo melhor».

 

14 – O quê ou quem é o maior amor da sua vida?

A minha mulher.

 

15 – Aonde e quando se sente mais feliz 

Quando entro numa bela biblioteca ou numa grande livraria. Pareço uma criança numa loja de brinquedos. Mas também me deslumbro com uma bela paisagem ao pôr do sol.

 

16 – Que talento não tem e gostaria de ter? 

Ler  música e tocá-la.  Bach, por exemplo.

 

17 – Se pudesse mudar alguma coisa em si o que é que seria? 

O volume, tento de vez em quando mas ele volta.

 

18 – O que considera ter sido a sua maior realização? 

Tive um artigo científico com mais de 20,000 citações. Mas deu-me mais gozo escrever «Física Divertida» que teve mais de 20.000 exemplares aqui e lá fora e graças ao qual fiz muitos amigos de todas as idades.

 

19 – Se houvesse vida depois da morte, quem ou o quê gostaria de ser? 

Como não acredito nessa hipótese, não imagino reencarnar-me.

 

20 – Onde prefere morar? 

Como já morei em Lisboa, Coimbra, Frankfurt, Copenhaga, Nova Orleães e Bilbau, posso dizer que Coimbra é um bom sítio. Tem um grande passado e podetria ter um grande futuro se  quisesse. Infelizmente não tem querido.

  

21 – Qual o seu maior tesouro?

Tesouro material? Os meus livros.


22
 – O que considera ser o cúmulo da miséria?

A pior miséria é sempre a de espírito.

 

23 – Qual a sua ocupação favorita? 

Ler e escrever, «entre les deux mon coeur balance»…

 

24 – A sua característica mais marcante? 

Dizem que sou muito curioso. Fui para Física por causa disso.

 

25 – O que mais valoriza nos amigos? 

A amizade sem pausas.

 

26 – Quem são os seus escritores favoritos? 

Nos portugueses, Eça de Queirós, Fernando Pessoa e Alexandre O’Neill. Nos estrangeiros Lewis Carroll, Primo Levi e Clarice Lispetor. E, na ciência, Carl Sagan, Richard Feynman e Steven Weinberg.

 

27 – Quem é o seu herói de ficção? 

O Prof. Girassol. Tem mais piada do que o Prof. Pardal.

 

28 – Com que figura histórica mais se identifica?

Albert Einstein, pintei um retrato dele em pequeno.

 

29 – Quem são os seus heróis na vida real? 

Aqui  e nesta época do ano, os bombeiros.

 

30 – Quais os nomes próprios de que mais gosta? 

Ana, Beatriz e Sofia são bonitos nas senhoras. Filipe, Luís e Manuel (também sou) nos cavalheiros.

 

31 – Qual o seu maior arrependimento? 

É das coisas que nem ao Proust se contam.

 

32 – Como gostaria de morrer? 

A dormir (é banal, eu sei).

 

33 – Qual o seu lema de vida?

Vi um dia pintado num muro: «A divagar se vai ao longe». Os físicos teóricos como eu divagam, mas alguns vão longe.

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