Podia afastar-me mais do arrebol
Que pinta este horizonte ao fim da tarde.
Podia ao universo jogar o sol
Que ruboriza este meu peito e arde.
Podia duvidar do ritmo deste verso
E nunca mais o retomar até à morte.
Podia ofertar o poema ao vento,
De mim separar-se a carne num corte.
Podia não ver mais o chão e a vinha,
A nudez do inverno e o verão verde.
Podia não viver mais na estrelinha
E as trevas do vale ter como albergue,
Se o teu peito em ânsias, como uma pinha,
Sobre a avidez do meu sangue ardesse.
1 comentário:
Podia partir num sopro informe
Demissão etérea deste mundo
Cumprir um céu divino e enorme
Em estado de êxtase profundo
Podia ter lógica, mas não tenho
Palavras são memória perdida
Podia voltar para de onde venho
Disjunção ilógica, esta vida
Podia esperar por ti, devagar
Para lá do sol, para além do mar
Tangente à linha do infinito
Podia decompor-me de coração
Vertical e pura, sem dimensão
Universo és tu e eu te imito!
(Dr. Eugénio: Há sonetos de 11 sílabas?)
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