Os teus passos a quebrarem as pedras,
A caminharem rentes a mil cardos-de-ouro,
Chegam para não cismar no desdouro
Que é estar onde a luz do sol me negas.
Num breve instante passa o moedouro,
Já não grita quem sente o chão que quebras.
De viés volta o teu rosto e me enxergas,
Neste ir, lado a lado, com um tesouro.
Encontrámo-nos por acaso embaixo,
Bebemos algo e trocámos palavras.
Foi o que trocámos até onde me acho.
Com 'sforço abro as pálpebras magoadas
E não me deparo com nenhum facho,
Nem com as flores com que me esperavas.
Ângelo Alves
1 comentário:
No pódio absoluto, a morte
Sozinha, como todos os vencedores...
E não há força, nem tristeza, nem sorte
Que a demova da presença das flores!
Nas cúpulas basílicas, a reza.
Nos espirituais vazios, o sonho.
Nos materialistas, a parca mesa
Onde me sento e a taça ponho!
A taça ganha, donde nunca bebi,
A reza desfeita a Quem nunca rezei,
O sonho irracional que recusei...
No caminho de pedra, há muito parti
Fantasmática prisão dos meus passos
No pódio de todos os cansaços!
F.C.
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