quinta-feira, 31 de maio de 2018

"NÓS É QUE SABEMOS" OU A DESISTÊNCIA DE PENSAR A EDUCAÇÃO ESCOLAR

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) tem incentivado os agentes responsáveis pelos sistemas educativos a "ouvirem a voz dos alunos" para construírem o currículo. Isto significa considerarem o que eles querem aprender (conteúdos), para que querem aprender (objectivos) e como querem aprender (métodos).


Imagem recolhida aqui
Desconheço a expressão deste incentivo noutros países mas sei que em Portugal ele sido levado muito a sério (ver, por exemplo, aquiaquiaqui e aqui).

Tanto assim é que foi o nosso país que levou a maior delegação de alunos (oito) a uma reunião internacional ("Melhores políticas para uma vida melhor"), recentemente realizada em Paris com o fim de "juntar à mesma mesa alunos e decisores políticos". 

No vídeo disponibilizado pela TVI (aqui), que acompanhou a delegação, encontro afirmações surpreendentes. Deixo de lado as dos decisores e centro-me nas dos alunos e da jornalista, sublinhando os aspectos mais críticos. 

Dizem duas das alunas:
"Acho extremamente importante o currículo ser mais curto e mais focado em coisas que realmente importam". 
"Os alunos acabam por memorizar matéria e não aprendê-la, ou seja, em vão, o que se memoriza para um teste após o teste já se esqueceu completamente, portanto foi conhecimento perdido". 
"(...) uma das coisas que mais pessoas disseram é que precisam de tempo, precisam de mais tempo para elas, para serem elas próprias (...)". 
"Nós é que estamos dentro do sistema agora, por isso nós é que sabemos o que está a funcionar ou não, visto que os decisores já não estão lá há algum tempo, não é?"
Diz/escreve a jornalista:
"Sentir-se acolhido na escola, dizem estudos realizados em vários países, é tão ou mais importante do que os programas e os recursos existentes." 
"Muitas das competências que são necessárias no futuro não são ainda valorizadas na sala de aula" [e, de seguida, no vídeo, surge o mais alto representante da OCDE a lembrar que entre essas competências estão as sociais, a empatia, a coragem, ou seja as que se incluem na "narrativa" da própria OCDE]. 
"Espera-se que estes adolescentes possam também ser embaixadores das mudanças que estão a ser propostas junto dos colegas, professores e famílias!
Também diz que:
"A educação é para os estudantes, mas, muitas vezes, estes são pouco ouvidos nas decisões que afetam a sua vida escolar."
A OCDE "uma das principais referências mundiais nesta área [da educação], quer mudar as coisas" (...) "um dos principais centros de decisão do planeta em matéria de educação [saberá a jornalista que se trata de uma entidade cuja vocação não é a educação escolar?]. 
[E acrescenta, fazendo eco] "Para a OCDE, os alunos não só têm razão como estão a apontar a direção certa aos decisores.
Acrescento uma passagem do texto:
"No projecto "Educação 2030", declara a OCDE, não é só no currículo nacional que a voz dos alunos está presente mas também nas orientações globais para a educação escolar. Assim, deste evento sairão recomendações para todo o mundo". 
Cruzem-se estes discursos com as "orientações" da OCDE para a educação escolar no mundo, no planeta e constatar-se-á uma perfeita sincronia entre ambos. O mundo, o planeta pensa e diz o que a OCDE quer que se pense e se diga acerca da educação escolar. A educação escolar é o que a OCDE quer que seja a educação escolar. Por outras palavras, o mundo, o planeta entregou a educação escolar à OCDE, o que significa, muito simplesmente, que desistiu dela. Este é o ponto em que estamos.

quarta-feira, 30 de maio de 2018

"Há lágrimas espremidas..."

Meu artigo de opinião publicado ontem no jornal "As Beiras":


Há lágrimas espremidas pelas mãos da prepotência 
e a lei acobarda-se de levar aos olhos do fraco o 
lenço que vela os olhos da Justiça” 
(Camilo Castelo Branco).

O pensamento de Camilo, em epígrafe, e a citação que faço de Victor Hugo de que “os velhos têm tanta necessidade de afecto como de sol”, endosso-os para o “ghetto” em que foram lançados os idosos expulsos da ADSE, como se fossem gafos indesejáveis para a “polis” que  Aristóteles, através de uma visão ética da política, defendeu como comunidade ordenada tendo em vista a felicidade dos cidadãos, ao invés de determinados políticos portugueses para quem os fins justificam os meios, neste caso, ínsitos no  Decreto-Lei 118/83, Secção III, ponto 2, que passo a transcrever: “A inscrição na ADSE destes familiares só será viável desde que provem não beneficiar de qualquer outro regime de protecção social e enquanto se mantiver esta situação”. 

Em desrespeito pela lei, até então em vigor, passaram estes  anteriores beneficiários da ADSE a ser havidos como  ferro velho que se atira para lixeiras municipais, facto tanto mais insólito por acontecer  numa altura em que se discute acaloradamente a “morte assistida” e se presencia, paradoxalmente, uma “morte desassistida” de idosos enviados  para um Serviço Nacional de Saúde a rebentar pelas costuras, pese embora o brio profissional de médicos e enfermeiros ao seu serviço em contantes manifestações  de justo descontentamento.
Em nome da verdade dos factos, refira-se que esta legislação  foi partejada pelo PSD, durante o VIII Governo Constitucional, qual recém-nascido necessitado de cuidados em incubadora do PS, no XXI Governo Constitucional, tornando extensivo o usufruto de familiar de beneficiário titular a uniões de facto, apesar dos dispendiosos encargos trazidos poderem contribuir, a brevíssimo prazo, para o fim da ADSE. Seja como for, discutirei até à exaustão ou na letra de um fado “até que a voz me doa”, isso sim, o facto de se tirar a uns para dar a outros em contas de rudimentar conhecimento contabilístico feitas por gente que julga ter descoberto a pólvora, através do acréscimo de dinheiro entrado em catadupa nos cofres da fazenda pública, sem ter em conta o défice provocado pelo aumento exponencial de despesas inerentes.
Em nome de uma necessária clarificação de processos, e em consideração pela sempre presente afectividade presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa, entendo que haveria toda a conveniência  em ser tornado  público o entendimento  dos partidos com assento na Assembleia da República sobre esta situação com exclusão, obviamente, do PSD e  PS , ambos responsáveis directos por esta medida legislativa. Estranhamente, a própria opinião pública mantém um quase silêncio sobre esta temática de elevado interesse social e humanitário, com honrosa excepção de uma recente “Petição Pública” que não encontrou eco bastante para ser discutida na Assembleia da República. 
Formulo sinceros votos para que o novo presidente da ADSE a aguardar nomeação  (em esperança que eu não desejaria sebastiânica) tenha como plano de acção um futuro promissor para a ADSE e seus beneficiários, contrariamente a Carlos Liberato Baptista com um passado que nada abona a seu favor por a respectiva tutela estar sob suspeita de desvios de dinheiros e favorecimento de empresas  na Associação de Cuidados de Saúde da Portugal Telecom (“Público”, 01/05/2018).
Porque, como nos adverte a voz populi, “cesteiro que faz um cesto faz um cento desde que tenha verga e tempo”, por críticas que tenho feito constantemente à sua actuação na ADSE, estou convencido que foi por falta de tempo que ele não fez pior! Ou muito pior?

terça-feira, 29 de maio de 2018

IMPRESSIONISMO

“Os bêbados”, de José Malhoa

Impressionismo, Fauvismo, Futurismo, Cubismo, Neoplasticismo, Simbolismo, Expressionismo, Suprematismo, Dadaísmo, Surrealismo, Raionismo, Construtivismo, Realismo, Modernismo e outros “ismos” são nomes que os historiadores e os críticos de arte criaram e “tratam por tu”, que “assustam” os muitos que nada sabem deste domínio da criatividade humana (e a Escola nada nos ensinou nestas matérias), mas que podem ser perfeitamente explicados por palavras que todos entendem.

Todos eles designam movimentos artísticos onde, de modo menos ou mais subjectivo se têm “arrumado” as obras de um sem número de artistas. Todos eles saíram de um movimento mais abrangente, conhecido por Modernismo, afirmado no 3.º quartel do século XIX e bem desenvolvido na primeira metade do século XX, numa atitude intelectual de oposição e recusa face aos padrões antigos e que fez escola não só nas artes plásticas, como na literatura, no teatro, na música e na dança,

Comecemos então pelo Impressionismo, tido como a primeira revolução nas artes plásticas desde a Renascença. Nascido em Paris, em 1872, com a apresentação de um quadro a óleo de Claude Monet, cujo título, “Impression, soleil levant”, deu o nome a este importante movimento com expressão significativa no terceiro quartel de século XIX e primeiro do XX.

A recusa à tradição que transparece no Impressionismo faz dele um dos primeiros movimentos (correntes, escolas ou estilos) a incluir no âmbito do Modernismo. De início mais interessados no trabalho realizado ao ar livre, do que nos “ateliers”, os impressionistas pioneiros defendiam que o que era dominante na percepção dos objectos era a luz que reflectiam, demonstrando nos seus trabalhos que a cor mudava em função das horas do dia e do estado do tempo.

Virando costas à estética própria do Academismo e às temáticas ditas nobres, também se distanciaram do Realismo, rejeitando a reprodução fotográfica ou fiel da realidade, figuravam sem contornos precisos, dando primazia aos contrastes de luz e cores. Para eles, o que se lhes deparava à vista, o objecto, a paisagem, a pessoa, era motivo para conceber e realizar obra de arte.

Entre os impressionistas pioneiros destacaram-se os franceses Claude Monet (1840-1926), Edouard Manet (1832-1883), Pierre-August Renoir (1941-1919), Paul Cézanne (1839-1906), Edgar Degas (1834-1917) e Paul Gauguin (1848-1903), Camille Pissarro ( 1830-1903), demasiado conhecidos
Este importante movimento teve reflexos na europa e nas américas, nomeadamente, nos EUA, onde floresceu, e no Brasil, valendo a pena recordar Eliseu Visconti (1866-1944) e a sua magnífica obra "Moça no Trigal" (1916).

Em Portugal aproximaram-se do respectivo estilo, José Malhoa (1857-1933), Henrique Pousão (1859-1884) e Aurélia de Souza (1866-1922).

A. Galopim de Carvalho

"POÇÕES E PAIXÕES": APRESENTAÇÃO EM BRAGA COM MOMENTO OPERÁTICO


segunda-feira, 28 de maio de 2018

O LIMBO EMPÁTICO

O Limbo Empático

29 e 30 de Maio, às 21h30, no TAGV

 
Estreia amanhã O Limbo Empático, a novo espectáculo da Marionet em co-produção com o TAGV.

Uma médica que plantou o marido num vaso, uma informática que procura saber a data da nossa morte, um homem que monta estores e mede, compulsivamente, o que o rodeia. O que têm em comum? Como se relacionam nesta era das redes sociais? De que forma nos revemos neles?
As respostas para estas questões, já amanhã à noite, nesta peça que reflecte sobre privacidade e individualidade, nesta era das redes sociais, em que a comunicação se transformou de forma avassaladora.

Bilhetes à venda na bilheteira do TAGV ou online, através deste link.
Co-produção
A Marionet é financiada por
Este espectáculo tem o apoio das seguintes entidades

1ª JORNADAS DE HISTÓRIA DA FARMÁCIA E SAÚDE PÚBLICA

Apelo à participação / Call for abstracts

1ª JORNADAS DE HISTÓRIA DA FARMÁCIA E SAÚDE PÚBLICA / 1st MEETING OF THE HISTORY OF PHARMACY AND PUBLIC HEALTH
 
UNIVERSIDADE DE COIMBRA, PORTUGAL 

17-18.JULHO.2018 / 17-18.JULY.2018

Envio de resumos para propostas de comunicação / abstract submission deadline: 17.JUNHO.2018/17.JUNE.2018

À conversa com... Carlos Fiolhais e David Marçal sobre o livro "A ciência e os seus inimigos" (Fev/2018)

"Conversa Sistemática": estrei amanhã a nova peça da Marionet

domingo, 27 de maio de 2018

"LOW COST"



Meu artigo de opinião publicado no “Diário as Beiras”(24/05/2018):
- V. Ex ª tem boa memória, sr. Maia?-
Tenho uma razoável memória.
- Inapreciável bem de que goza!”
(Eça de Queiroz)
Para não ser acusado do crime de plágio, sinalizo o título do pedagógico do artigo titulado “Low Cost” (14/05/2018), da autoria do médico Diogo Cabrita (mais adiante se verá o motivo de eu evocar a sua profissão), em que ele critica a escrita abreviada das mensagens enviadas por telemóvel pelos jovens da geração actual escravizados ao império das novas tecnologias de comunicação.
Por meu lado, temo (embora salvaguardado um possível e catastrófico exagero)  que ao ser perguntado a jovens coisas comezinhas sermos surpreendidos pela resposta: -“Um momento vou ver ao Google!”. Havendo, como tal, necessidade de lhes implantar no cérebro unidades centrais de processamento que preencham o vazio dos respectivos crânios. A época dos cyborgs, mesmo que escondida atrás da porta, deve andar a espreitar a decadência do Saber actual responsável pelo alarme que o prestigiado académico da Universidade de Coimbra, Aníbal Pinto de  Castro, já falecido, lançou, em 2005: “Não destruam. Não cedam. Não tenham medo porque a Universidade não pode ser uma instituição de caridade. Para isso há os asilos e a Mitra. Não pode ser um hospital de alienados”.
Num tempo em que esforçados estudiosos do “Mecanismo da Mente”, tomando de empréstimo o título de uma notável obra de Colin Blakemore, valorizam o papel da memória (de triste memória por causa de marrões que decoravam páginas inteiras de manuais escolares sem as entenderem), registada em engramas do córtex cerebral, as Belas-Letras encontram na profissão médica terreno úbere de gente que escreve artigos de opinião de forma que sai da vulgaridade, talvez, por lidarem com o sofrimento humano em que “a doença amplia as dimensões internas do homem” (Charles Lamb).
Falando de escritores médicos. Para além de António Lobo Antunes, que abandonou a profissão de médico, sendo hoje romancista laureado com valiosos prémios literários, ocorrem-me à memória os nomes de Júlio Dinis, Fernando Namora, Abel Salazar (figura multifacetada de outras artes: pintura e escultura) e  Miguel Torga, colho exemplo diferenciado em João Lobo Antunes, professor catedrático de Neurologia, falecido em 2016, diletante com crónicas reunidas em livros em que em belíssimas páginas redigidas com humanismo, elegância e fino recorte literário perpassam a sua vivência profissional da doença e da finitude da vida humana. Por esse facto, dele me tornei leitor, quase diria, compulsivo.
A arte, ou simples exigência em bem escrever, embora dependente da influência dos genes (os irmãos António, João e Nuno Lobo Antunes, disso são exemplo) passa, indubitavelmente, pelo gosto da  leitura de grandes obras literárias, não lidas, en passant, em resumos para desenrascar provas de avaliação com  prosa espartilhada entre linhas previamente definidas. Isto já para não falar de questões respondidas com cruzes, em idos de 52 do século passado, que julgo cunhadas de novidade em Portugal, durante a minha frequência do Curso de Oficiais Milicianos da Arma de Infantaria. Cruzes que hoje, no meio escolar do básico ao universitário, servem para ocultar o cemitério da santa ignorância lançando o rabo do olho ao teste do colega do lado, ou em copianço com sinaléctica de dedos previamente combinada.
Para além da mudança dos tempos e das vontades, como sentenciou Camões, enraízam-se hoje hábitos na juventude escolar nem sempre pelas melhores razões. Por vezes, até, pelas piores razões!

PALESTRA DE GALOPIM DE CARVALHO NO RÓMULO ADIADA

A palestra intitulada "Geologia e Cidadania", que o professor Galopim de Carvalho iria proferir no próximo dia 30 de Maio no Rómulo Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra, inserida no ciclo "Ciência às Seis", foi adiada para data e hora a divulgar oportunamente.

TALES DE MILETO (c. 623-546 a.C.)

Que ao ensinar aos alunos o teorema de Tales, se lhes diga quem foi este filósofo que está nos alicerces da nossa forma de pensar.


Diz-se que a filosofia ocidental nasceu na Grécia, entre os séculos VII e VI a. C., quando alguns dos seus habitantes mais letrados esboçaram as primeiras tentativas de explicar o mundo que os rodeava sem recorrerem à mitologia, recurso esse que era a prática comum da época. Só meio século, depois, Pitágoras (circa 570-495 a.C.) deu o nome de FILOSOFIA a essa atitude mental.

Nascido em Mileto, cidade da Jónia, na Ásia Menor (atual Turquia), então colónia grega, Thales terá sido o primeiro pensador a romper com o ponto de vista religioso e, como tal, o primeiro filósofo ocidental. As datas dos seus nascimento e morte são incertas, sabendo-se, porém, com segurança, que ele viveu no período compreendido entre o final do século VII e meados do século VI a.C.

Todavia, há quem atribua que esta sua colocação em destaque resultou, sobretudo, da acção política que desenvolveu no propósito de unir as cidades-estados (“polys”, em grego), da Ásia Menor, numa confederação, fortalecendo-as face às ameaças de invasões de povos orientais.

Apontado por Aristóteles (384-322 a.C.) como o primeiro filósofo da humanidade, deve ser lembrado, sobretudo, por ter proposto uma nova visão de mundo cuja base racional, em sua opinião, era passível de ser repensada, reformulada e, até, substituída. Thales fundou, em Mileto, a renomada Escola Jónica e defendeu, como outros da sua escola, o materialismo monista, ou seja, explicação do mundo físico, aceitando que todos os seres, no sentido de objectos ou coisas, são compostos por um único elemento ou substância.

Este filósofo considerava a água como sendo esse elemento ou substância primordial, habitualmente referido por “princípio único” (“arkhe”, na versão grega). Segundo ele o mundo teria evoluído, por processos naturais, a partir desse elemento que caía do céu, que brotava das fontes, corria nos rios e formava os mares, e disse-o mais de dois mil anos antes do grande evolucionista Charles Darwin. Nessa convicção atribui-se-lhe o desabrochar do conceito de evolução.

Ao observar a natureza, incluindo o Universo visível, e os fenómenos naturais, Tales não só procurou o “arkhe”, para ele, como se disse, a água, como também a explicação de tudo o que os sentidos lhe traziam ao conhecimento, eliminando o sobrenatural, dando exclusividade à razão (raciocínio), tornando esse conhecimento acessível aos seus semelhantes.

Para alguns, a importância de Tales situa-se ainda no campo da matemática e da geometria, ao introduzir na Grécia noções próprias desta disciplina, trazidas do Oriente. Noções que desenvolveu e aperfeiçoou. Formulou dois teoremas importantes, que se ensinam nas nossa escola, sendo que um deles leva seu nome. Como astrónomo, as suas contribuições resultaram das muitas observações que realizou, tendo previsto um eclipse solar.

Entre os seus principais discípulos merecem destaque Anaximandro, Anaxímenes e Heráclito.

A. Galopim de Carvalho

"O PAPEL DO PAPEL": MEU TEDTALK DEM AVEIRO ONTEM

Ver a partir do tempo 1h02:

https://livestream.com/accounts/50006/events/8222164/videos/175458547

sábado, 26 de maio de 2018

DIA INTERNACIONAL DA LUZ


Meu artigo no último Das Artes entre as Letras:

A 16 de Maio de 2018 celebrou-se pela primeira vez em todo o mundo o “Dia Internacional da Luz”. Esse Dia, uma iniciativa global sob coordenação da UNESCO, o organismo das Nações Unidas para a educação, ciência e cultura, vem na sequência do Ano Internacional da Luz, que decorreu em todo o mundo em 2015. O objectivo do ano e do dia da luz foi e é a valorização da luz, realçando o seu papel tanto na ciência e tecnologia como na cultura e na arte, um papel que tem consequências óbvias na educação e no desenvolvimento.

A luz, seja ela visível ou invisível, encontra-se por todos os domínios da vida humana, desde a medicina (lembre-se o papel do laser hoje em diversos procedimentos cirúrgicos para além das várias formas de imagiologia médica, que permitem com várias fontes de luz ver o interior do corpo ao sector da energia (por exemplo, as fontes fotovoltaicas são cada vez mais importantes, num mundo que se quer mais sustentável) passando pelas comunicações (basta recordar as fibras ópticas que unem os continentes nessa rede gigantesca que é a Internet, para não falar já dos sistemas de comunicação por satélite, que incluem o GPS). E as artes, sejam estas literárias, visuais, dramatúrgicas ou cinematográficas, servem-se da luz e celebram.na, seja esta fenómeno físico seja como metáfora que significa esclarecimento e progresso.

O Dia Internacional da Luz ocorre no dia 16 de Maio pois foi nesse dia, no ano de 1960, que o físico americano Theodore Maiman acendeu, nos laboratórios da Hughes Aircraft Company em Malibu, Califórnia, pela primeira vez uma luz laser visível. Laser é um acrónimo para “light amplification by stimulated emission of radiation”. Já antes existia o maser (neologismo feito da mesma maneira como “microwaves” em vez de “luz”), feito a partir de microondas no pós-guerra, mas Maiman foi pioneiro a fazer brilhar um cristal de rubi através de emissão estimulada. A ideia era antiga, pois tinha vindo da mente de Einstein no início do século XX.

Quando o laser surgiu no laboratório dizia-se que era uma invenção á procura de uma aplicação, isto é, não se sabia bem para o que é que servia. Não encontro uma só aplicação, mas várias, como mostra o seu uso, ubíquo hoje em dia, desde as impressoras a laser até às caixas registadoras dos supermercados, passando pela leitura de CD e DVD. Vários tinham sido os trabalhos até à proeza de Maiman (alguns deles valendo o Nobel, Maiman não o ganhou) e muitos mais haveriam de se suceder depois. O laser, para além das suas aplicações na vida prática, possibilitou nova ciência.

Curiosamente, o dia 16 de Maio foi desde há poucos anos, em Portugal, designado pela Assembleia da República como Dia do Cientista, por nesse dia ter nascido o físico José Mariano Gago que foi o primeiro ministro da Ciência e Tecnologia e o grande responsável pelo extraordinário desenvolvimento da Ciência nos últimos 20 anos em Portugal. Gago, se fosse vivo, teria feito 70 anos no passado dia 16 de maio. Várias pessoas e entidades, incluindo o Presidente da República que o homenageou postumamente com a Grã-Cruz da Ordem de Santiago de Espada, uma condecoração que foi recebida pela mãe do homenageado. A coincidência é curiosa, porque assim em Portugal se celebra no mesmo dia a luz e o cientista, evocando a memória de um cientista que foi, metaforicamente, uma grande fonte de luz na vida nacional.

O Dia Internacional da Luz teve o seu ponto alto em Paris, na sede da UNESCO, com um programa em que a ciência se uniu à arte, não dispensando o concurso da política. Portugal esteve presente através do Comissário Nacional do Ano Internacional da Luz, o autor destas linhas, e Pedro Pombo, director da Fábrica Ciência Viva, especialista em holografia e o grande responsável pelo extenso programa português em 2015 à volta da luz.  Mas estes não foram os  únicos portugueses.

O programa contou com uma apresentação multimédia sobre a luz, intitulada “Breve história da luz” decerto em homenagem a Stephen Hawking, por parte do artista de luz Nuno Maya, nascido em 1978 em Lisboa, Prémio revelação em 2006 do BES e Fundação de Serralves, que está associado à empresa “O Cubo” em Sintra  que tem organizado por todo o país e no mundo feéricos espectáculos multimédia de som e luz, designadamente aproveitando as paredes de monumentos nacionais, alguns deles listados no rol do Património Mundial da UNESCO.

Um exemplo foi o espectáculo que proporcionaram a dezenas de milhares de pessoas no Pátio das escolas da Universidade de Coimbra no Ano Internacional da Luz. Mas OCubo fez também já exibições em Eidhoven, em Helsínquia, em Praga e em Melbourne. Proximamente tem programado até ao dia 30 de Juho, á noite, um espectáculo imersivo de luz nas ruínas do Convento do Carmo em Lisboa (“Lisbon under Stars”), realizado numa parceria institucional com a Associação dos Arqueólogos Portugueses, o Museu Arqueológico do Carmo e a Guarda Nacional Republicana.

Em Paris, no grande auditório da UNESCO, impressionaram os delegados de dezenas de países do mundo com uma interpretação artística da história da decifração dos mistérios da luz, uma história antiga mas que prossegue nos tempos de hoje. O seu “show” acabou por ser repetido, no final da sessão comemorativa do Ano Internacional da luz, engrandecido com a voz da soprano britânica de origem cipriota Katerina Mina, que cantou canções de Linda Lamon alusivas à luz.  Em Paris, “cidade luz”, houve luz no passado dia 16 de maio. É também em paris que desde há poucos meses está funcionar na Rue de Saint Maur, perto da Gare de Leste, uma novo espaço público, intitulado “L’Atelier de Lumière”, onde o espectador se sente dentro de pinturas dos austríacos  Klimt  e de Hundertwasser, projectadas nas paredes, no tecto e no chão. Um espectáculo que não deve ser perdido por quem vai a Paris.

O PAPEL DO PAPEL: PASSADO E FUTURO DAS BIBLIOTECAS


Resumo da minha intervenção no TEDx de Aveiro hoje:

Os livros são feitos de papel e o papel vem das árvores. Foram os chineses os inventores do papel no séc. II a.C.: as primeiras impressões foram feitas na China, no séc. III. O papel chegou à Europa através dos árabes só no século XI, mas a imprensa não chegou. Teve de ser reinventada no séc. XV na Alemanha, por Gutenberg, que causou o que podemos chamar as “segundas impressões.” Foi uma verdadeira revolução no Ocidente. Carl Sagan escreve, em “Cosmos”, que a “escrita foi a maior das invenções humanas, ligando as pessoas, cidadãos de épocas distantes que nunca se chegaram a conhecer. Os livros quebram as cadeias do tempo, provam que os seres humanos são capazes de exercer a magia”.

O livro é, de facto, um instrumento mágico – permite-nos ouvir directamente alguém do passado - e com Gutenberg a magia passou a estar por todo o lado. A Revolução Científica nos sécs. XVI-XVII que significou o início da ciência moderna não teria sido possível sem a Revolução de Gutenberg: Nicolau Copérnico, André Vesálio, Galileu Galilei e os portugueses Garcia da Orta e Pedro Nunes escreveram livros que hoje se conservam em bibliotecas históricas, autênticas cápsulas do tempo, como a Biblioteca Joanina de Coimbra, não só uma das mais belas do mundo mas também uma das mais preciosas por guardar esses e outros livros como uma das Bíblias mais raras da época de Gutenberg e o exemplar único de um dos “Roteiros da Índia” de D. João de Castro, que ilustra a ponte que os Portugueses estabeleceram no séc. XVI entre Ocidente e Oriente. As bibliotecas foram desde sempre repositórios de cultura, sendo a ciência uma parte essencial da cultura.

Na segunda metade do século XX, irrompeu outra revolução que mudou o livro e as bibliotecas: a revolução electrónica. Os computadores, conectados pela World Wide Web, proliferaram pelo planeta. As bibliotecas, que continuaram obviamente a ter livros em papel, passaram a ser, para além de repositórios de papel, repositórios digitais, quer de livros em papel digitalizados, quer de livros e publicações eletrónicas. Uns e outros passaram a estar acessíveis urbi et orbi,  permitindo o acesso aberto ao conhecimento. Hoje as bibliotecas estão por todo o lado, mesmo no nosso bolso através dos telemóveis. Hoje podemos falar de bibliotecas sem paredes. Elas são uma extensão da nossa memória.

O papel e o digital não são inimigos, antes se complementam. Digitalizam-se as impressões de papel e até se podem colocar conteúdos digitais em memórias electrónicas de papel. Estou em crer que os livros em papel vão continuar tal como as bibliotecas que os albergam, ao mesmo tempo que os conteúdos digitais vão continuar a multiplicar-se: Já há, de facto, bibliotecas que não têm um único livro em papel, como a Biblioteca da Universidade Politécnica da Florida, que é apenas um belo sítio com wifi. Significará isso que à vista o fim do papel, do livro e das bibliotecas? As notícias da morte do papel são um bocadinho exageradas. Na nossa sociedade  cada vez se produz mais papel e cada vez se consome mais papel. Desenvolvimento é sinónimo de papel: os países com mais papel-moeda são também aqueles com mais papel em geral, com mais livros e mais bibliotecas… Um dos sinais de desenvolvimento é, de resto, a construção de novas bibliotecas contendo livros em papel, como a espectacular e muito recente Biblioteca de Tianjin, na China.

Conforme diz Carl Sagan: “Os livros permitem-nos viajar no tempo, beber na própria fonte a o saber dos nossos antepassados. A biblioteca põe-nos em contacto com as concepções e o saber, a custo extraídos da Natureza, das maiores mentes até agora existentes, com os melhores professores, provindos de todo o planeta e de toda a nossa história para menos inspirarem e dar a nossa contribuição ao saber colectivo da espécie humana. (…) A saúde da nossa civilização… pode ser medida pelo apoio que damos às nossas bibliotecas.”

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Resposta ao comentário anónimo ao post: "A ADSE criticada pela Associação 30 de Julho"


Quem dá e tira ao inferno vai parar” (provérbio).

E porque “em todas as lágrimas há uma esperança” (Simone Beauvoir), começo por transcrever, na íntegra, o comentário anónimo que foi feito nesse mesmo dia  ao meu post aqui publicado, intitulado “A ADSE criticada pela Associação de 30 de Julho” (23/05/18): "Que os cidadãos com responsabilidades na direcção da "res publica" sintam um dia a ardência de um azorrague com tantas cordas quantos os males que, conscientemente, infligiram”.
Reporta-se este comentário à reprovação, por parte do seu autor, ao tratamento dado pela ADSE a anteriores cônjuges de seus beneficiários, como se fossem gafos, expulsos da “polis”, segundo Aristóteles, comunidade ordenada tendo em vista o bem viver dos cidadãos, ou seja a sua felicidade, através de uma visão ética da política, ao inverso de determinados políticos portugueses ambiciosos para quem os fins justificam os meios mesmo que seja discutível a sua legitimidade. Colho mero exemplo, no Decreto-Lei 118/83, Secção III, pondo 2, que passo a transcrever: “A inscrição na ADSE destes familiares só será viável desde que provem não beneficiar de qualquer outro regime de protecção social e enquanto se mantiver esta situação”.
Desta forma, retorcida de encarar os antigos familiares em piruetas de retroactividade das leis mandando para o cesto de papéis, o que estava em uso, de há dezenas de anos para cá, ademais numa altura em que se “discute a morte assistida”, assiste-se a uma espécie de “morte desassistida” de idosos lançados, de uma hora para a outra, para um Serviço Nacional de Saúde já a rebentar pelas costuras, pese embora o brio profissional de médicos e enfermeiros ao seu serviço em contantes manifestações de descontentamento.
Este Decreto-Lei foi partejado durante o VIII Governo Constitucional, tutelado pelo PSD e reanimado em cuidados intensivos que remontam de 83 aos nossos dias, em incubadora do Partido Socialista. Sem discutir a intenção social(ista), em procura de votos favoráveis a futuras eleições que se avizinham, pelo alargamento de beneficiário de titulares de  uniões de facto, dando a uns para tirar a outros casados pelo civil, expulsos do seu seio, discuto apenas a orientação dada a esta medida feita por parte de merceeiros de bairro  entusiasmados com aquilo que consideram uma espécie de “milagre das rosas”. 

Ou seja, dinheiro obtido alegremente com essas novas inscrições sem tomar em linha de conta o défice de uma ADSE com o aumento de despesas maiores em cuidados de saúde não orçamentados e previstos devidamente, conduzindo, a breve prazo, à respectiva falência. Como nos ensina a vox populi, é preferível prever a prevenir.
Julgo haver toda a conveniência em ser conhecido publicamente o que pensam desta situação o Bloco de Esquerda, o Partido Comunista e os Verdes (já por mim chamados à colação anteriormente), e no espectro político oposto, o CDS, com exclusão, evidentemente, do PSD e PS responsáveis pela paternidade conjunta deste aborto legislativo. A própria opinião pública mantém um ruído ensurdecedor, como sói dizer-se, sobre este assunto de elevado interesse social e humanitário, com a honrosa ressalva de uma recente “Petição Pública” que não encontrou eco para ser discutida numa Assembleia da República, ainda que com o perigoso respaldado de votos maioritários da apelidada (com ironia cáustica de Vasco Pulido Valente) de “Geringonça”.
Em ultima ratio, faço votos para que o novo presidente da ADSE, que aguarda nomeação, não siga as pisadas de Carlos Liberato Baptista, presidente demissionário, porque “tudo o que sucede, sucede por alguma razão” (Gabriel Garcia Marquez). Atrevo-me a pensar que o que fez foi por não ter capacidade para fazer melhor ou por se ter deixado encadear pelo poder do cargo desempenhado qual borboleta atraída por uma lâmpada eléctrica sendo [i]por ela queimada. Isto na melhor e mais benevolente acepção crítica!

"As Virtudes do fracasso", um livro sobre a superação dos erros

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O NEORREALISMO DE JÚLIO POMAR (1926-2018)


É percorrer o Facebook ver a quantidade de evocações do Cidadão que ontem nos deixou e tomar consciência do seu admirável legado. Considerado o mais destacado dos cultores do neorrealismo nacional, foi autor de uma vasta e diversificada obra, em termos de estilos ou correntes (expressionismo abstrato, surrealismo e outros), revelou-se na pintura, no desenho, na cerâmica na gravura e na escrita.

Na modesta homenagem que é meu impulso prestar-lhe, limito-me a lembrar algo de muito breve e simples sobre a sua fase dita neorrelista.

Nesta fase, a primeira de muitas outras que explorou no decurso da sua longa vida, Júlio Pomar, referenciado na história como pintor pós-modernista, retomou a atitude, a um tempo, estética e social do Realismo, o movimento artístico iniciado em França, a meados do século XIX, visando, sobretudo, os problemas das classes média e baixa. Diga-se que este movimento, rapidamente alastrado ao campo da literatura (Eça de Queirós. Honoré de Balzac, Charles Dickens, entre outros), surgiu em plena Revolução Industrial, aquando das primeiras lutas sociais contra o capitalismo, então em franco desenvolvimento.

Impulsionado pela militância de contestação política ao regime do Estado Novo, o jovem Pomar procurou, nas décadas de 1940 e 1950, denunciar a realidade social e política que então se vivia em Portugal. E fê-lo em parte da obra que nos deixou.

Recordo que, em 1946, tinha eu 15 anos, Júlio Pomar iniciou um grande mural no Cine-Teatro Batalha, no Porto, mural que foi estupidamente destruído, no ano seguinte, por imposição de Salazar. Uma das suas pinturas, exibida em 1947, numa das Exposições Gerais de Artes Plásticas, realizadas na Sociedade Nacional de Belas Artes, foi apreendida pela polícia política. Por essa altura foi preso pela PIDE e, em 1949, foi destituído do lugar de professor de desenho, no ensino técnico, na sequência da sua participação na candidatura Norton de Matos à Presidência da República.

Foi esta realidade que a minha geração sentiu na pele e que os jovens, os homens e as mulheres hoje na casa dos 50 anos, felizmente, desconhecem.

A. Galopim de Carvalho

Minha entrevista no n.º 2 da revista "Sou cientista" (que sai com um kit da Science4you)


1- Quando era criança já tinha interesse pela área da Ciência? E a Física, como entrou na sua vida?

Comecei a ler cedo e devorava tudo quanto lia. Um dos meus primeiros livros, lá pelos dez anos, foi "O Clube do Espaço" da Biblioteca dos rapazes. A Física surgiu mais tarde a partir de livros de divulgação científica: os livros "Ciência para gente nova", alguns dos quais de Rómulo de Carvalho, os livros da colecção "Saber", Enfim, queria saber. Ciência é isso mesmo, ter curiosidade.

 2- Em que consiste o trabalho de um físico?

Um físico estuda o mundo em geral: o movimento, para o que interessa saber o que é o espaço e o tempo, a matéria e a energia, a constituição das coisas, para o que interessa saber o que são partículas e interacções. Combinando tudo isto, os físicos querem saber como é, de onde veio e para onde vai, o Universo ao qual pertencemos. Nós somos parte do Universo ou Cosmos, mas somos, tanto quanto sabemos, a única parte dele que o tenta compreender.

3- Como podemos tornar a Física divertida? A Física desafia a nossa imaginação, tem desafiado a imaginação de muitas pessoas. É divertido decifrar os mistérios que o Universo nos oferece. Há muitas histórias divertidas de descoberta...

4 - É responsável pela instalação do computador mais potente que existe em Portugal (o Milipeia). Com que objetivo foi criado?

Bem, hoje já há computadores mais potentes, porque os computadores estão em grande evolução. Mas há décadas atrás fizemos em Coimbra um supercomputador barato juntando cerca de cem computadores pessoais, pelo que chamámos centopeia. Depois adquirimos um supercomputador, mais de dez vezes mais rápido, ao qual chamámos "Milipeia". Inventar estes nomes foi divertido.

5- Como refere no seu livro “Pipocas com telemóvel e outras histórias de falsa Ciência”, nos meios de comunicação existe muita informação dita “científica”, mas que afinal não é verdadeira. No que devemos acreditar?

 De facto, nos média, em particular na Internet, existem muitas tretas. Devemos duvidar de muita coisa que lá está, procurando confirmar. Um bom método consiste em verificar quem fez a afirmação. Será alguém que estudou e sabe mesmo do assunto? E há outras pessoas sabedoras que dizem o mesmo?

6 - A Física também estuda o Universo. Aprende-se na escola que tudo começou com um Big Bang. E antes disso, o que é que existia?

Não sabemos. De facto, a pergunta pode mesmo não ter qualquer resposta, por não existir o "antes" do Big Bang. Com o Universo nasceram também o espaço e o tempo e, por isso, pode não haver um tempo antes do nosso tempo. mas também pode haver um outro tempo. Repito: não sabemos, talvez nunca venhamos a saber.

7- Pelo que sabemos, está previsto levar seres humanos a Marte em 2030. Para que serve esta missão?

Não sei se será em 2030, mas mais cedo ou mais tarde vai acontecer. tecnicamente é possível ir a Marte, é uma questão de dinheiro e de vontade política. Uma missão como essa servirá para conhecer melhor Marte e também para conhecer melhor o ser humano, uma vez que as condições de vida em Marte e na viagem até lá são muito diferentes das da Terra. mas, acima de tudo, iremos a Marte pela aventura, tal como se foi á Lua ou como, na Terra, se escalaram os maiores picos e se desceu ao fundo do mar. O homem sempre quis ir mais além.

8- Na sua opinião, existe vida noutros planetas? Como se faz essa pesquisa?

Não sabemos, mas provavelmente existe. Tentamos procurar vida de várias maneiras: uma consiste em encontrar planetas extrasolares, em particular aqueles com condições semelhantes às da Terra. Outro ainda é verificar em meteoritos que caem na Terra ou em directamente em outros astros do sistema solar se há algum vestígio de matéria orgânica. Outra ainda é, com radiotelescópios, tentar ver se chegam sinais de rádio emitidos por eventuais civilizações extraterrestres. Uma questão interessante é saber se a vida fora da Terra tem a mesma forma, por ser baseada no ADN, da vida na Terra.

9 - O descolar de um foguetão acontece devido às leis da física. Como é que tantas toneladas conseguem chegar até ao Espaço?

É o princípio da acção-reacção da física: os gases do foguetão saem para baixo em grande quantidade e em grande velocidade e o foguetão tem de subir no espaço. Tal como um vulgar foguete de cana, mas maior. Podemos experimental em casa com um balão que se enche e depois se abre o gargalo: o balão move-se como um foguetão ou um foguete.

10 - Que conselhos pode dar aos jovens que queiram ser cientistas?

Sejam curiosos, leiam para satisfazer a vossa curiosidade. E, sobretudo, façam experiências para responder a perguntas sobre o mundo. A ciência está baseada na experimentação.

O LIMBO EMPÁTICO

 “O Limbo Empático” é a nova produção teatral que a marionet apresenta nos dias 29 e 30 de maio, pelas 21H30, no Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV) em Coimbra. Com texto e encenação de Mário Montenegro, o espetáculo, sobre sistemas,  conta com a interpretação de Carolina Santos, Filipe Eusébio e Sílvia Santos. Esta coprodução da marionet com o TAGV coimbra destina-se a um público a partir dos 12 anos.

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Farto de dietas? Então vamos falar de dietas | João Júlio Cerqueira no TEDxPorto


Carlos Fiolhais e David Marçal na Feira do Livro - domingo 27 de Maio às 18h


FEIRA DO LIVRO EM TODO O MUNDO


O natural não é necessariamente bom | David Marçal no TEDxPorto

A minha participação do TEDxPorto, no palco da Casa da Música. Os meus parabéns a toda a organização pelo excelente evento e o meu agradecimento pelo convite.

APELO ÀS EMISSORAS TELEVISIVAS

Apelo que subscrevi: 

Nos últimos anos temos assistido a um desvirtuar total do desporto enquanto actividade de valores, de humanismo. A luta de palavras invadiu a normalidade dos noticiários e as agressões verbais tornaram-se a norma num ecossistema que parece alimentar-se dessa mesma violência.

Abarcando cada vez mais espaço nas mentalidades, os programas de comentário desportivo levam, muitas vezes, ao limite do inimaginável o prazer do azedume, da acusação, da maledicência. É a prática constante de uma violência verbal que alimenta essa voragem em que cada vez mais cidadãos se encontram, fechados nesse clima de intriga, ruminando um ódio que pode eclodir a qualquer momento.

Com uma grelha televisiva centrada nestes debates, muitos jovens não resistem à tentação dessa presença contínua nas televisões, sorvendo uma cultura que gera o ódio, que incita à violência e que desagrega a sociedade como um espaço de fraternidade e de paz.

Pelas consequências vistas nos últimos anos; Pelas consequências vistas nos últimos dias; Porque é preciso restituir dignidade aos telespectadores, lançamos um APELO aos canais televisivos para que criem mecanismos de regulação ética que enquadrem estes debates, e para que reduzam o tempo de exposição das dimensões colaterais ao futebol, fomentando uma cultura de respeito e de tolerância, sendo esses programas instrumentos de diálogo e de compreensão através do debate livre, e não ferramentas de disseminação do ódio em que parte do país se acha mergulhado, moldando mentalidades.

 21 de Maio de 2018.

Promotores:

Paulo Mendes Pinto, Prof. Universitário
António Serzedelo, Activista cívico
Catarina Marcelino, Deputada
José Eduardo Franco, Prof. Universitário
Patrícia Reis, Jornalista e escritora
Pedro Abrunhosa, Músico

Assinam:
Alexandre Castro Caldas, Médico
Alexandre Honrado, Escritor
Anabela Freitas, Presidente da C.M. de Tomar
Anabela Mota Ribeiro, jornalista 
Annabela Rita, Profª. Universitária, Directora da Associação Portuguesa de Escritores
Ana Umbelino, Vereadora da C. M. de Torres Vedras
António Araújo, Prof. Universitário
António Avelãs, Prof. Universitário
António Borges Coelho, Prof. Universitário
António Pinto Pereira, Advogado
Berta Nunes, Presidente da Câmara Municipal de Alfândega-da-Fé
Carlos Bernardes, Presidente da C. M. de Torres Vedras
Carlos Fiolhais, Prof. Universitário
Carlos Moreira Azevedo, Bispo
Carlos Vargas, Gestor Cultural
Cipriano Justo, Médico
Cláudia Horta Ferreira, Vereadora da C. M. de Torres Vedras
Elísio Summavielle, Gestor Cultural
Eugénio Fonseca, Presidente da Cáritas Portuguesa
Fernanda Câncio, Jornalista
Fernando Pereira, Cantor
Fernando Ventura, Frade Franciscano Capuchinho
Francisco Sarsfield Cabral, Jornalista
Graça Morais, Pintora
Henrique Pinto, Fundador-Presidente da Impossible – Passionate Happenings
Jaime Ramos, Médico, Fundador da ADFP
João de Almeida Santos, Prof. Universitário
João Couvaneiro, Vice-Presidente da C. M. de Almada
João Paulo Leonardo, Director do Agrupamento de Escolas Baixa-Chiado
Joaquim Franco, Jornalista
Joaquim Moreira, Quórum dos Setenta da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
Joaquim Pintassilgo, Prof. Universitário
Jorge Proença, Director da Fac. de Ed. Física e Desporto da Un. Lusófona
José Maria Brito, Pe. Jesuíta
José Vera Jardim, Jurista
Mafalda Anjos, Jornalista
Mário Beja Santos, Escritor
Manuel Sérgio, Provedor de Ética no Desporto
Manuel Vilas Boas, Jornalista
Mendo Castro Henriques, Prof. Universitário
Miguel Real, Escritor
Nidia Zózimo, Médica
Nuno Camarneiro, Escritor
Nuno Júdice, Poeta
Patrícia Fonseca, Jornalista
Paulo Borges, Prof. Universitário e Presidente do Círculo do Entre-Ser
Paulo Fidalgo, Médico
Rachid Ismael, Director do Colégio Islâmico de Palmela
Raul Castro, Presidente da C. M. de Leiria
Richard Zimler, Escritor
Rui Martins, Vereador Suplente na C. M. de Lisboa
Sofia Lorena, Jornalista
Tânia Gaspar, Dirigente Associativa
Zara Pereira, Presidente da Associação Humano


par, Dirigente Associativa Zara Pereira, Presidente da Associação Humano

"A escola pública está em apuros"

Por Isaltina Martins e Maria Helena Damião   Cristiana Gaspar, Professora de História no sistema de ensino público e doutoranda em educação,...