(Na imagem Liberato Baptista) |
Meu artigo de opinião publicado hoje no "Jornal as Beiras" e distribuído conjuntamente com o Semanário "Expresso":
“A velhice não se
enjeita/Como se enjeita o lixo da calçada/País que os enjeita/Não é país, não é
nada” (Zeca Afonso).
Segundo o jornal “Público” (01/05/2018), em chamada de 1.ª
página, alegando motivos pessoais, pediu Liberato Baptista a demissão de
presidente da ADSE. Dois dias depois, nesse mesmo jornal, igualmente, em chamada
idêntica, lia-se: “Governo e beneficiários [da ADSE] querem esclarecer
eventuais dúvidas sobre a gestão de Liberato Baptista”.
A propósito, detenho-me em seis artigos meus aqui
publicados: o 1.º datado de 05.11.2016 e
o último de 05.04.2018, respectivamente, intitulados: “A
ADSE e as gorduras do Estado” e “Sobre a ADSE ‘até que a voz me doa’”. Em todos
eles fui critico impiedoso de medidas tomadas pelo Partido Socialista em prejuízo
de cônjuges de beneficiários da ADSE
Para situar o leitor que, porventura, não tenha lido esses meus
artigos, pese embora o facto da
retroactividade das leis não merecer o consenso de destacados juristas, em
síntese, o cerne deles residia no facto da ADSE, em ofício datado de 17/10/2016, com respaldo nos
Decretos-Leis números 118/83, de 25 de
Fevereiro, e 234/2005, ter excluído os,
até à data, cônjuges de respectivos beneficiários com magérrimas reformas da Segurança Social despachando-os de supetão, sem dó nem piedade, para um
Serviço Nacional de Saúde em que uma simples consulta pode demorar meses ou anos e uma cirurgia chegar depois do doente ter falecido.
Entretanto, a ADSE, com a conivência ou, no mínimo, com a
indiferença dos representantes dos seus beneficiários,
dos sindicatos e do próprio Governo, em medidas desfeitas hoje para
voltarem a ser feitas amanhã, como diria Eça, “hesita, tataranha, amontoa,
embaralha, e faz um pastel confuso que nem o Diabo lhe pega, ele que pega em
tudo”. Ou seja, diabolicamente pega ela naquilo
que nem ele pega! A título de exemplo,
foi decidido por esta entidade que quem
optasse por se desvincular da ADSE não poderia tornar a inscrever-se. Pouco tempo após, foi dado o dito por não dito ao arrepio da garantia de
António Costa (RTP, 28/11/2017): “Palavra dada é palavra honrada”!
Outro exemplo, os indivíduos
casados de direito expulsos da ADSE por usufruírem de magérrimas reformas
da Segurança Social, a troco de um
contribuição a estipular, podiam voltar
a beneficiar da ADSE desde que tivessem idade abaixo de 65 anos. Ou seja, num país em que o Presidente
da República apela veementemente aos afectos, a exemplo de Victor
Hugo quando defendeu terem os velhos tanta necessidade de afectos como de sol,
assiste-se a uma despudorada discriminação de idades superiores aquela.
Como sói dizer-se, poupando no
farelo para gastar na farinha, para a ADSE a vida dos velhos, doentes e deficientes
nada vale por ter passado a depender de contas
de boçais merceeiros que não sobrecarreguem as algibeiras dos portugueses exauridas, isso sim!, por quantias escandalosas de milhares de milhões de euros por crimes de natureza económica cometidos por
destacadas personagens da vida
nacional que são manchetes, quase diárias,
de jornais portugueses e estrangeiros!
Pelo regresso a uma época em que “vemos novidades, diferentes em tudo da
esperança” (Camões), a exclusão, como se fossem “lixo da calçada”, de idosos
cônjuges de beneficiários da ADSE,
muitos deles no ocaso da vida, que deveriam merecer o repúdio generalizado da
população portuguesa por esta desumana medida do Partido Socialista. E o que vemos nós? De uma forma, que eu não
desejaria generalizar, a genuflexão perante forças poderosas de cidadãos nacionais em face de leis mal
feitas que, para Edmund Burke, constituem a pior forma de tirania!
2 comentários:
Um abraço solidário ao Dr. Rui Baptista, por mais este esclarecido grito de revolta.
Não me espantaria nada que um qualquer iluminado se lembrasse de acrescentar, na proposta de "lei da eutanásia", a comparticipação da ADSE, talvez até na totalidade, por morte medicamente assistida dos que toda a vida obrigatoriamente descontaram ...
Carlos Sarmento
Estou a preparar um post em resposta a este comentário, que muito agradeço.
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