Resumo da minha intervenção no TEDx de Aveiro hoje:
Os livros são feitos de papel e o
papel vem das árvores. Foram os chineses os inventores do papel no séc. II a.C.:
as primeiras impressões foram feitas na China, no séc. III. O papel chegou à
Europa através dos árabes só no século XI, mas a imprensa não chegou. Teve de
ser reinventada no séc. XV na Alemanha, por Gutenberg, que causou o que podemos
chamar as “segundas impressões.” Foi uma verdadeira revolução no Ocidente. Carl
Sagan escreve, em “Cosmos”, que a “escrita foi a maior das invenções humanas,
ligando as pessoas, cidadãos de épocas distantes que nunca se chegaram a conhecer.
Os livros quebram as cadeias do tempo, provam que os seres humanos são capazes
de exercer a magia”.
O livro é, de facto, um instrumento mágico – permite-nos ouvir directamente alguém do passado - e com Gutenberg a magia passou a estar por todo o lado. A Revolução Científica nos sécs. XVI-XVII que significou o início da ciência moderna não teria sido possível sem a Revolução de Gutenberg: Nicolau Copérnico, André Vesálio, Galileu Galilei e os portugueses Garcia da Orta e Pedro Nunes escreveram livros que hoje se conservam em bibliotecas históricas, autênticas cápsulas do tempo, como a Biblioteca Joanina de Coimbra, não só uma das mais belas do mundo mas também uma das mais preciosas por guardar esses e outros livros como uma das Bíblias mais raras da época de Gutenberg e o exemplar único de um dos “Roteiros da Índia” de D. João de Castro, que ilustra a ponte que os Portugueses estabeleceram no séc. XVI entre Ocidente e Oriente. As bibliotecas foram desde sempre repositórios de cultura, sendo a ciência uma parte essencial da cultura.
O livro é, de facto, um instrumento mágico – permite-nos ouvir directamente alguém do passado - e com Gutenberg a magia passou a estar por todo o lado. A Revolução Científica nos sécs. XVI-XVII que significou o início da ciência moderna não teria sido possível sem a Revolução de Gutenberg: Nicolau Copérnico, André Vesálio, Galileu Galilei e os portugueses Garcia da Orta e Pedro Nunes escreveram livros que hoje se conservam em bibliotecas históricas, autênticas cápsulas do tempo, como a Biblioteca Joanina de Coimbra, não só uma das mais belas do mundo mas também uma das mais preciosas por guardar esses e outros livros como uma das Bíblias mais raras da época de Gutenberg e o exemplar único de um dos “Roteiros da Índia” de D. João de Castro, que ilustra a ponte que os Portugueses estabeleceram no séc. XVI entre Ocidente e Oriente. As bibliotecas foram desde sempre repositórios de cultura, sendo a ciência uma parte essencial da cultura.
Na segunda metade do século XX,
irrompeu outra revolução que mudou o livro e as bibliotecas: a revolução
electrónica. Os computadores, conectados pela World Wide Web, proliferaram pelo planeta. As bibliotecas, que
continuaram obviamente a ter livros em papel, passaram a ser, para além de
repositórios de papel, repositórios digitais, quer de livros em papel
digitalizados, quer de livros e publicações eletrónicas. Uns e outros passaram
a estar acessíveis urbi et orbi, permitindo o acesso aberto ao conhecimento.
Hoje as bibliotecas estão por todo o lado, mesmo no nosso bolso através dos telemóveis.
Hoje podemos falar de bibliotecas sem paredes. Elas são uma extensão da nossa
memória.
O papel e o digital não são
inimigos, antes se complementam. Digitalizam-se as impressões de papel e até se
podem colocar conteúdos digitais em memórias electrónicas de papel. Estou em crer que os livros em papel vão continuar tal como as
bibliotecas que os albergam, ao mesmo tempo que os conteúdos digitais vão continuar
a multiplicar-se: Já há, de facto, bibliotecas que não têm um único livro em papel, como a
Biblioteca da Universidade Politécnica da Florida, que é apenas um belo sítio
com wifi. Significará isso que à vista o fim do
papel, do livro e das bibliotecas? As notícias da morte do papel são um bocadinho
exageradas. Na nossa sociedade cada vez
se produz mais papel e cada vez se consome mais papel. Desenvolvimento é
sinónimo de papel: os países com mais papel-moeda são também aqueles com mais
papel em geral, com mais livros e mais bibliotecas… Um dos sinais de desenvolvimento é, de resto, a construção de novas
bibliotecas contendo livros em papel, como a espectacular e muito recente
Biblioteca de Tianjin, na China.
Conforme diz Carl Sagan: “Os
livros permitem-nos viajar no tempo, beber na própria fonte a o saber dos
nossos antepassados. A biblioteca põe-nos em contacto com as concepções e o
saber, a custo extraídos da Natureza, das maiores mentes até agora existentes,
com os melhores professores, provindos de todo o planeta e de toda a nossa
história para menos inspirarem e dar a nossa contribuição ao saber colectivo da
espécie humana. (…) A saúde da nossa civilização… pode ser medida pelo apoio que
damos às nossas bibliotecas.”
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