“Há lágrimas
espremidas pelas mãos da prepotência
e a lei acobarda-se de levar aos olhos do fraco o
lenço que vela os olhos da Justiça”
(Camilo Castelo Branco).
e a lei acobarda-se de levar aos olhos do fraco o
lenço que vela os olhos da Justiça”
(Camilo Castelo Branco).
O pensamento de Camilo, em epígrafe, e a citação que faço de Victor Hugo de que “os velhos têm tanta necessidade de afecto como de sol”, endosso-os para o “ghetto” em que foram lançados os idosos expulsos da ADSE, como se fossem gafos indesejáveis para a “polis” que Aristóteles, através de uma visão ética da política, defendeu como comunidade ordenada tendo em vista a felicidade dos cidadãos, ao invés de determinados políticos portugueses para quem os fins justificam os meios, neste caso, ínsitos no Decreto-Lei 118/83, Secção III, ponto 2, que passo a transcrever: “A inscrição na ADSE destes familiares só será viável desde que provem não beneficiar de qualquer outro regime de protecção social e enquanto se mantiver esta situação”.
Em desrespeito pela lei, até então em vigor, passaram estes
anteriores beneficiários da ADSE a ser havidos como ferro velho que se atira para lixeiras
municipais, facto tanto mais insólito por acontecer numa altura em que se discute
acaloradamente a “morte assistida” e se
presencia, paradoxalmente, uma “morte desassistida” de idosos enviados para um Serviço Nacional de Saúde a rebentar
pelas costuras, pese embora o brio profissional de médicos e enfermeiros ao seu
serviço em contantes manifestações de
justo descontentamento.
Em nome da verdade dos factos, refira-se que esta
legislação foi partejada pelo PSD,
durante o VIII Governo Constitucional, qual recém-nascido necessitado de
cuidados em incubadora do PS, no XXI Governo Constitucional, tornando extensivo
o usufruto de familiar de beneficiário
titular a uniões de facto, apesar dos dispendiosos encargos trazidos poderem
contribuir, a brevíssimo prazo, para o fim da ADSE. Seja como for, discutirei até à
exaustão ou na letra de um fado “até que a voz me doa”, isso sim, o facto de se tirar a uns para dar a
outros em contas de rudimentar conhecimento
contabilístico feitas por gente que
julga ter descoberto a pólvora, através do acréscimo de dinheiro entrado em
catadupa nos cofres da fazenda pública, sem ter em conta o défice provocado pelo aumento
exponencial de despesas inerentes.
Em nome de uma necessária clarificação de processos, e em
consideração pela sempre presente afectividade presidencial de Marcelo Rebelo
de Sousa, entendo que haveria toda a conveniência em ser tornado público o entendimento dos partidos com assento na Assembleia da
República sobre esta situação com exclusão, obviamente, do PSD e PS , ambos responsáveis directos por esta medida legislativa. Estranhamente, a própria
opinião pública mantém um quase silêncio sobre esta temática de elevado interesse
social e humanitário, com honrosa excepção de uma recente “Petição
Pública” que não encontrou eco bastante para ser discutida na Assembleia da República.
Formulo sinceros votos para que o novo presidente da ADSE a
aguardar nomeação (em esperança que eu
não desejaria sebastiânica) tenha como plano de acção um futuro promissor para a ADSE
e seus beneficiários, contrariamente a
Carlos Liberato Baptista com um passado que nada abona a seu favor por a respectiva tutela estar sob suspeita de desvios de dinheiros e favorecimento de empresas na Associação de Cuidados de Saúde da Portugal
Telecom (“Público”, 01/05/2018).
Porque, como nos adverte a voz populi, “cesteiro que faz um cesto faz um cento desde que tenha
verga e tempo”, por críticas que tenho feito constantemente à sua actuação
na ADSE, estou convencido que foi por falta de tempo que ele não fez pior! Ou muito pior?
4 comentários:
Considero os métodos de luta de Rui Baptista brandos demais contra a injustiça brutal infligida pelo Estado Português sobre os beneficiários da ADSE, essa vetusta instituição humanitária, fundada no consulado do Doutor Oliveira Salazar que, como hoje todos sabemos, tinha como grande objetivo político, a destruição da Nação Portuguesa!
A ADSE e os Hospitais Universitários de Lisboa, Coimbra e Porto eram só para disfarçar!
Aproveitando o direito à indignação, Rui Baptista deveria assumir-se, de uma vez por todas, como chefe de um movimento político forjado no próprio universo dos beneficiários da ADSE, e marchar sobre Lisboa, onde contará com a adesão do povo anónimo, para correr com os Costas, os Vieiras, os Santos, os Pecadores e toda a sorte de gente que tem feito dos Ministérios do Terreiro do Paço - centralista até mais não! - uma Tapada, no interior da qual se podem praticar, sem ninguém ver, crimes de participação económica em negócios e atos vis de corrupção!
Os beneficiários da ADSE unidos jamais serão vencidos!
Infelizmente este é o país que temos!
Este é o país que, também nos anos oitenta, obrigava um jovem desempregado diabético a pagar na íntegra as dispendiosas agulhas para as inoculaçoes diárias de insulina e as oferecia a um qualquer heroinomano...! Tal como no caso referido por V.a Ex. tudo se resume a uma questão de prioridades...
Os partidos ainda são os mesmos. As suas práticas também.
Tanto breve quanto possível, responderei a estes dois comentários agradecendo, desde já, a sua publicação.
POR ESQUECIMENTO IMPERDOÁVEL MEU,PERANTE O BÁLSAMO QUE REPRESENTARAM PARA MIM ESTES DOIS COMENTÁRIOS DE APOIO PERANTE A DESUMANIDADE DA ADSE EM LANÇAR NO DESESPERO OS VELHOS, DOENTES E DEFICIENTES AQUI RELATO.BEM HAJAM!
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