Diz-se que a filosofia ocidental nasceu na Grécia, entre os séculos VII e VI a. C., quando alguns dos seus habitantes mais letrados esboçaram as primeiras tentativas de explicar o mundo que os rodeava sem recorrerem à mitologia, recurso esse que era a prática comum da época. Só meio século, depois, Pitágoras (circa 570-495 a.C.) deu o nome de FILOSOFIA a essa atitude mental.
Nascido em Mileto, cidade da Jónia, na Ásia Menor (atual Turquia), então colónia grega, Thales terá sido o primeiro pensador a romper com o ponto de vista religioso e, como tal, o primeiro filósofo ocidental. As datas dos seus nascimento e morte são incertas, sabendo-se, porém, com segurança, que ele viveu no período compreendido entre o final do século VII e meados do século VI a.C.
Todavia, há quem atribua que esta sua colocação em destaque resultou, sobretudo, da acção política que desenvolveu no propósito de unir as cidades-estados (“polys”, em grego), da Ásia Menor, numa confederação, fortalecendo-as face às ameaças de invasões de povos orientais.
Apontado por Aristóteles (384-322 a.C.) como o primeiro filósofo da humanidade, deve ser lembrado, sobretudo, por ter proposto uma nova visão de mundo cuja base racional, em sua opinião, era passível de ser repensada, reformulada e, até, substituída. Thales fundou, em Mileto, a renomada Escola Jónica e defendeu, como outros da sua escola, o materialismo monista, ou seja, explicação do mundo físico, aceitando que todos os seres, no sentido de objectos ou coisas, são compostos por um único elemento ou substância.
Este filósofo considerava a água como sendo esse elemento ou substância primordial, habitualmente referido por “princípio único” (“arkhe”, na versão grega). Segundo ele o mundo teria evoluído, por processos naturais, a partir desse elemento que caía do céu, que brotava das fontes, corria nos rios e formava os mares, e disse-o mais de dois mil anos antes do grande evolucionista Charles Darwin. Nessa convicção atribui-se-lhe o desabrochar do conceito de evolução.
Ao observar a natureza, incluindo o Universo visível, e os fenómenos naturais, Tales não só procurou o “arkhe”, para ele, como se disse, a água, como também a explicação de tudo o que os sentidos lhe traziam ao conhecimento, eliminando o sobrenatural, dando exclusividade à razão (raciocínio), tornando esse conhecimento acessível aos seus semelhantes.
Para alguns, a importância de Tales situa-se ainda no campo da matemática e da geometria, ao introduzir na Grécia noções próprias desta disciplina, trazidas do Oriente. Noções que desenvolveu e aperfeiçoou. Formulou dois teoremas importantes, que se ensinam nas nossa escola, sendo que um deles leva seu nome. Como astrónomo, as suas contribuições resultaram das muitas observações que realizou, tendo previsto um eclipse solar.
Entre os seus principais discípulos merecem destaque Anaximandro, Anaxímenes e Heráclito.
A. Galopim de Carvalho
1 comentário:
Não se sabe ao certo se Tales nasceu em Mileto ou tinha origem fenícia, como afirma Heródoto. Está documentada a sua atividade como comerciante, legislador, matemático e astrónomo.
Segundo uma lenda, Tales previu o eclipse lunar de 8 de março de 585 a.C. Diz-se que é lenda porque os conhecimentos de astronomia da época eram insuficientes para esta proeza.
Fundou a escola jónica, em Mileto, sendo Anaximandro e Anaxímenes seus discípulos.
Conta outra lenda que, durante uma viagem comercial ao Egito, calculou a altura das pirâmides a partir do comprimento da sua sombra, que comparou à altura do seu bastão...
Professor Galopim, não me parece que esse carril matemático de pirâmide incompleta ou imperfeita se alongue, de comboio, no trilho de Paris ou para algum campo de concentração. O chapéu mental do feiticeiro do Oz é uma antena difícil de sintonizar.
Diz o primeiro teorema de Tales:
- Se num triângulo se traçar uma linha paralela a qualquer dos seus lados, obtém-se outro triângulo semelhante. Pois é.
O segundo teorema confessa:
- Seja B um ponto da circunferência de diâmetro AC, diferente de A e de C, então o ângulo ABC é reto.
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