1-Como o
indeterminado nos determina
Assim somos tão pouco discerníveis
em tanto nada que resulta que a nossa particularidade,
por vezes, nos assombra: o mundo é nosso;
é tão-só nosso; outros que se movem aí,
ou parecem mover-se, estão noutro sítio, estão noutro mundo,
no seu mundo; vemos somente de vez em quando
— fragmentados, como se fôssemos nada, ou
Instáveis—, algumas vezes vemos o que eles vêem,
nenhum mundo conhecemos. O deles. Estranho. Como se
por uma mutação momentânea de pequenas partículas
de cargas, o cobre se tornasse carbono e sentisse o peso
e valências do carbono num mundo alterado
de inércias e reacções, e se retornasse cobre
num mundo cuproso. Resta-nos maravilhar e
ponderar a nossa particularidade e ponderar o seguinte:
somos duas incógnitas numa só equação, nós
E o nosso mundo, funções um do outro. A visãoé interior e vê-se a si mesma, a audição, o tacto,
são interiores. O que conhecemos do mundo é exterior?
Livro: Pensar a Ciência
Editora: Gradiva
Tradução: António Manuel Nunes dos Santos
Nota: O poeta expande
o princípio de incerteza de Heisenberg para além do mundo subatómico.
2-Elocuções
Não há galáxias próximas: Isto
tanto quanto que para alguma, mesmo sem se usar a unidade milha,
nós conhecemos o quanto são absurdas as milhas
em unidade de milha. Como a distância de mim para você?
É quase tudo na elocução,
metáfora —como medimos milhas, e a milha
é absurda, mas conhecemos o que a distância é:
Incomensurável. Todavia existem distâncias.
Nota: O poeta parte
da Lei de Hubble e recua até à distância psicológica entre homens.
3- Dez poemas de W.Bronk
The Inclination of the Earth; Home Address; My Father Photographed with
Friends; The Changes; At Tikal;The Annihilation of Matter; The Beautiful Wall,
Machu Picchu; The Nature of Musical Form; The World in Time and Space; The
Outcry.
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