Há poucos dias o
Público, dava a conhecer um texto de João Costa, professor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, que merece ser lido com a mais cuidada atenção (
aqui). Eis um extracto desse texto:
"Durante anos, os cientistas sociais e os investigadores em humanidades tiveram a liberdade de colocar as questões relevantes e definir a agenda de investigação, sendo a relevância e pertinência dessas questões avaliada por pares. Por isso mesmo, essas áreas progrediram.
Este paradigma corre o risco de se alterar radicalmente. Em vários países da Europa, aprovam-se as chamadas Smart Specialization Strategies, Estratégias de Especialização Inteligentes, que identificam temas prioritários para uma agenda de investigação com o propósito de servir diretamente o crescimento das economias.
De acordo com estas estratégias, os temas de projetos de investigação devem estar alinhados com os temas prioritários que forem definidos e que supostamente contribuírem para o desenvolvimento da economia dos países, como se não fosse verdade que grande parte dos contributos da ciência e tecnologia atuais existem porque surgiram e amadureceram sem impacto imediato durante anos.
Claro que Portugal não hesitou em definir a sua Estratégia de Investigação e Inovação para uma Especialização Inteligente (ENEI), num extenso documento que, em linha com esta política europeia, submete a investigação científica a desígnios meramente economicistas e elimina a investigação fundamental do elenco prioritário ..."
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