Há mais luz
para além da luz visível. Para além do arco-íris, há muita mais luz que é
invisível aos nossos olhos.
A luz solar
influenciou e permitiu o desenvolvimento da vida tal qual a conhecemos no
planeta Terra. A vida adaptou-se ao intervalo de energias em que a radiação
emitida pelo Sol é mais intensa. A evolução dos olhos, iniciada há cerca de 560
a 520 milhões de anos durante o Câmbrico (caracterizado por uma intensa
revolução na vida na Terra em que se formaram quase todos os grandes grupos de
animais), permitiu aos seres vivos detectar essa luz solar, torná-la um sentido
visível e receber muita informação sobre o meio envolvente. Permitiu aos seres
que desenvolveram olhos localizar predadores e prezas à distância, evitar
obstáculos, potenciar uma ágil mobilidade.
À luz solar
a que os nossos olhos são sensíveis e que está belamente resumida no arco-íris,
chamamos naturalmente luz visível. Mas esta constitui um
pequeno intervalo no largo espectro de luz (ou radiação electromagnética) que
hoje conhecemos e detectamos científica e tecnologicamente.
A zona visível do espetro, compreendida entre o
vermelho e o violeta, situa-se entre o infravermelho (invisível, de frequência ou
energia menor que a radiação visível) e a luz ultravioleta (também invisível,
mas de frequência ou energia mais elevada que a radiação visível). Diga-se que
frequência é o número de repetições, ou ciclos, da onda por unidade de tempo. Os
cientistas descobriram que há uma relação proporcional entre a frequência e a energia:
quanto maior a frequência de uma dada radiação electromagnética (aqui
genericamente designada por luz) maior a sua energia.
Foi em 1800 que o físico inglês William Herschel
descobriu a luz infravermelha. Um termómetro colocado na zona invisível, perto
da zona vermelha do espetro visível, revelou uma nova radiação. Esta
experiência clássica expandiu o conhecimento para a existência de luz
invisível. A luz infravermelha é usada hoje, por exemplo, nos comandos da
televisão.
O espetro eletromagnético compreende ainda radiações
invisíveis de mais baixa frequência como as ondas de rádio, de televisão e as
micro-ondas – com aplicações nas telecomunicações - e de muito mais elevada
frequência, como os raios X e os raios gama – que têm aplicações médicas tanto
em diagnóstico como em terapia.
Os raios X foram descobertos em dezembro de 1895
pelo físico alemão Wilhelm Roentgen, quando estudava a passagem de correntes
elétricas em tubos cheios de determinados gases (tubo de Crookes). Essa
experiência foi repetida em Coimbra cerca de um mês depois, uma vez que os
instrumentos necessários (bobina de Ruhmkorff e o tubo de Crookes) existiam no
Laboratório de Física da Universidade de Coimbra.
Os raios gama foram descobertos em 1900 pelo químico e físico francês Paul Ulrich Villard, ao estudar
uma das propriedades do Urânio. Mas foi só em 1910 que o físico britânico
William Henry Bragg mostrou que essa forma de energia era realmente radiação
electromagnética muito energética. Por outras palavras, os raios gama são a luz
invisível que conhecemos com a frequência mais elevada.
Temos assim
e simplificadamente o espectro de luz que conhecemos no universo, distinguido
em regiões, ordenadas da menor para a maior energia: ondas de rádio,
micro-ondas, infravermelho, visível, ultravioleta, raios X e raios gama.
António Piedade
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