“E assim cheguei até vós, ó homens de hoje, e ao país da educação. E o que me aconteceu? Não obstante toda a minha ansiedade, tive de rir. Nunca os meus olhos tinham contemplado algo tão manchado e heterogéneo.” (Friedrich Nietzche, 1844-1900).
Acabo de ler o comentário de um habitual leitor deste blogue, Eng. Ildefonso Dias, que agradeço e me impele ao esclarecimento da minha posição, expressa (como ele escreve em simpática referência) em vários posts sobre esta temática. Esclarecimento esse que reside, fulcralmente, em duas razões:
1.º: Ter como razão da verdadeira gravidade do statu quo do nosso ensino actual motivado, em grande parte, pela força de bloqueio sindical a qualquer mudança e pela caça despudorada a diplomas de licenciatura, ou mesmo de doutoramento, obtidos em escolas, de aquém e além fronteiras, de duvidosa qualidade e seriedade, que servem para satisfazer o ego dos seus possuidores, atestando a sua ignorância numa tentativa desesperada em continuar a manter, em imagem pessoana, “cadáveres adiados que procriam”!
2.º: Ter como outra razão o facto de os professores de Filosofia (por serem formados apenas em universidades), não sofrerem na pele o látego da injustiça dos professores com mestrados universitários em Matemática ou Biologia ao terem a concorrência de diplomados por escolas superiores de educação habilitados a ministrarem, em simultâneo, Matemática e Ciências da Natureza no 2.º ciclo do ensino básico. Acresce o facto de um simples valor a mais na nota de curso dos diplomas politécnicos, relativamente aos mestrados universitários, os colocarem à frente em concursos de acesso à docência sem ter em conta a respectivas exigências escolares.
Em prova de que esta minha posição encontra respaldo em posições desde sempre por mim defendidas, transcrevo um dos meus posts (suficientemente polémico para suscitar 17 comentários), publicado no “De Rerum Natura” , com o título “A Implementação da Prova de Acesso à Carreira Docente” (28/06/2012):
“Em Abril deste ano, foi publicada, na imprensa diária, uma notícia de que transcrevo abaixo o que dela retive de essencial, e que me faz incorrer na repetição de argumentos por mim já apresentados em outras ocasiões e em idênticas circunstâncias, v.g., no meu post publicado neste blogue: “O exame de acesso à carreira docente".
A supracitada notícia reporta-se à declaração aos jornalistas do Ministro da Educação, Nuno Crato, à margem de um almoço no American Club de Lisboa, trazendo novamente para a discussão pública uma questão que corria o risco de se eternizar. Disse Nuno Crato: "Queremos dar, na formação inicial de professores, mais peso aos conteúdos. Ninguém pode ensinar muito bem se não dominar aquilo que vai ensinar. E estamos a introduzir uma prova de acesso à carreira docente, que, aliás, está na lei, mas que vai este ano ser implementada”.
Sobre esta exigência do domínio da matéria que se vai ensinar, já Eça não contemporizava: “Para ensinar há uma formalidade a cumprir: saber”! Não indo tão longe no tempo, em finais de 2007, lia-se na imprensa este título: “A vice-reitora da Universidade de Coimbra defende exame para acesso à docência”. De forma institucional, ficou a saber-se que esta professora catedrática da Faculdade de Letras, Cristina Robalo Cordeiro, pois é dela que se trata, subscreveu um parecer suportado em três princípios ": 1.“Qualidade de ensino e equidade de acesso à profissão docente”. 2. “Exigência acrescida para uma competitividade a nível europeu”. 3. “Reconhecimento de que nunca a pedagogia consegue que um professor ensine aquilo que não sabe”.
Em face de ocasiões anteriores em que este assunto esteve em cima da mesa, é de esperar que, de novo, se apreste a acorrer belicosa a guarda pretoriana da mediocridade a gritar em pleno regime republicano: “Aqui- d’el- rei”!. A título de mero exemplo, lia-se em notícia da Lusa ter a Fenprof rejeitado que os professores sejam obrigados a realizarem um exame de ingresso na carreira por considerarem este exame “injusto e sem sentido” (24/01/2009).
Injusto e sem sentido? Falemos claro! Injusto e sem sentido, isso sim, é o facto dos alunos diplomados pelas escolas superiores de educação passarem à frente dos alunos das faculdades nos concursos para professores do 2.º ciclo do básico, através, tão-só, da classificação do respectivo diploma de curso. E esta situação muito veio agudizar-se, nos dias de hoje, devido ao facto de hoje as escolas superiores de educação formarem docentes não só para o 1.º e 2.º ciclos, como até então, mas, outrossim, para o 3.º ciclo do básico.
Desta forma, um escasso valor, de nota de curso, superioriza-se à maior complexidade de currículos e exigência de formação exigida pelas universidades.
Mas se como isto ainda seja pouco, um memorando do Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos (05/05/2012), subscrito pelo actual presidente do Instituto Politécnico de Coimbra, ex-director da ESE de Coimbra, Rui Antunes, ARISEPE e ESE de Bragança, Castelo Branco, Leiria, Porto, Setúbal, Viana do Castelo e Viseu, defende a formação de professores do ensino secundário a cargo não só das universidades, mas também das escolas superiores de educação quando conclui que “existem razões suficientes para que a interpretação da legislação seja no sentido de se considerar que a habilitação para a docência não está condicionada pela instituição que lecciona os cursos, mas apenas pela natureza desses cursos e, nesse caso, não faz sentido distinguir os docentes formados nas ESE daqueles que são formados nas universidades”.
É de recear, portanto, que, em desrespeito pela Universidade Portuguesa, apareça um qualquer iluminado que tente demonstrar não haver qualquer diferença entre coisas diferentes. Aliás, sem qualquer novidade por se tornar émulo desta personagem descrita por Eça:
“Caso surpreendente! E sobretudo surpreendente para mim porque descubro que a Academia tem sobre os livros a opiniãodo meu velho criado Vitorino! Este benemérito, quando em Coimbra lhe mandávamos buscar a um cacifo, apelidado Biblioteca Alexandria, um livro de versos, trazia sempre um dicionário, um Ortolan ou tomo das Ordenações; e se, por maravilha, nos apetecia justamente um destes tomos de instrução, era certo aparecer Vitorino com Lamartine ou a ‘Dama das Camélias’. Os nossos clamores de indignação deixavam-no superiormente sereno. Dava um puxão ao colete de riscadinho, e murmurava com dignidade: - ‘Isto ou aquilo tudo são coisas em letra redonda’”.
Aliás, a necessidade de exigência na formação de docentes foi evidenciada numa intervenção do professor catedrático e historiador, actualmente jubilado, Luís Reis Torgal, num debate, promovido pela Associação Académica de Coimbra (19/02/2003). Nele insurgiu-se ele contra a formação de professores para o 2.º ciclo do ensino básico, a cargo, simultâneo, das faculdades e escolas superiores de educação. Mereceu-lhe, igualmente, veemente crítica o verdadeiro escândalo da atribuição do grau de licenciado a diplomados pelas antigas escolas do magistério primário, após a frequência de cursos de complemento de habilitações feitos em escassos meses em escolas privadas.
E isto é tanto mais insólito por as escolas superiores de educação terem sido criadas, apenas para a formação de professores do 1.º ciclo do básico (antigo ensino primário) e educadores de infância provendo este ensino politécnico em regiões carenciadas de ensino superior. Mas, com a complacência, ou mesmo pusilanimidade dos poderes públicos, logo elas se instalaram de armas e bagagens, em cidades de longa e cimentada tradição universitária, como Coimbra, Lisboa e Porto.
Last but not least, o que acima se relatou sobre a rejeição sindical da Fenprof à prova de acesso à carreira docente (aliás, muito a seu jeito e em coerência com a sua posição em criticar tudo quanto sejam avaliações, ainda que mesmo no sentido de “separar o trigo do joio” ) pode ser sintetizado, de certo modo, nesta frase de Ortega y Gasset : “O ódio aos melhores”!
Post scriptum: A minha posição reporta-se, apenas, à necessidade imperiosa de uma prova de acesso que não deixe passar, em crivo apertado, candidatos à docência que para além da matéria a leccionar não demonstrem conhecimentos de cultura geral (com escreveu o médico e académico Abel Salazar, “um médico que só sabe de Medicina, nem Medicina sabe”!) e de português (correcção de escrita e correcta interpretação de textos literários ou outros da vida corrente). Quanto ao conteúdo dessas provas, como se diz, em linguagem não erudita, “a conversa é outra”.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
O corpo e a mente
Por A. Galopim de Carvalho Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...
-
Perguntaram-me da revista Visão Júnior: "Porque é que o lume é azul? Gostava mesmo de saber porque, quando a minha mãe está a cozinh...
-
Usa-se muitas vezes a expressão «argumento de autoridade» como sinónimo de «mau argumento de autoridade». Todavia, nem todos os argumentos d...
-
Cap. 43 do livro "Bibliotecas. Uma maratona de pessoas e livros", de Abílio Guimarães, publicado pela Entrefolhos , que vou apr...
35 comentários:
Mas... se na faculdade só se ensina medicina...
Então o que se está a avaliar, concretamente? O que terão as pessoas de saber para além da medicina? Literatura? Física Quântica? Cozinha molecular?
Eu, por exemplo, leio Nietzsche, Deleuze, Zizek, Sartre, mas poderei levar um Ferruccio Pinotti no exame por não saber quem foi Camões. É um contentamento descontente e ninguém me avalia este “fogo que arde sem se ver”.
Além disso, os erros não deveriam ser contabilizados. Os erros envolvem o social. O social é um erro. O sujeito é plural, o verbo é singular ou vice-versa e há erros de grafia e de sintaxe por todo o lado. Será que saber errar me poderá ajudar no exame? E se esfregar a orelha e o nariz e tossir muito e rodar o anel? Será que entro na carreira já sem pneus? E para onde me levará?
Tenho um curso primário do mais ranhoso que possam imaginar, uma licenciaturazeca de fazer corar o Torgal e mais umas tralhas que roubei a uns ciganos do ensino superior que não me servem literalmente para nada... E aqui, o Torgal faz-me corar!
Além do mais, e antes de qualquer coisa, deveríamos definir "ensino". Por exemplo, num módulo laboratorial onde todos usam bata e fazem mecanicamente os mesmos gestos, que poderei eu acrescentar? Eu, Jung? Quem me liberta das barras das grelhas e das estatísticas para que possa aprender Camões para além dos Lusíadas? Quem me ensina a fazer poesia? Quem me ensina a ver e a fazer ver para além do visível? Quem me ensina o caminho de regresso ao paraíso sem ser preciso ler Pascoaes?
Quem me ensina a produzir humanos por parâmetros? É que não sei onde colocar as vivências, os estados dinâmicos da alma, a importância do indefinido e do imprevisível no crescimento, a verdade, a felicidade e a realização máxima, as metamorfoses sem medida… Não sei os critérios desta avaliação. Porque no caso escolar, a aprendizagem não o é efetivamente. É um falso implante que se esvai com o tic-tac do relógio porque não tem a ver com tudo aquilo que é importante e que não cabe em grelhas. A escola é do possível, uma estrutura física e velha, em decadência, que não nos responde como gente nem nos ensina a medir sem medida, a realizar o impossível! Não é possível viver humanamente sem a visão do impossível! A escola tornou-se megapequena, sem mestria, com maquilhagem de saúde, sofrendo de apertos vasculares, nós na garganta, pouco erudita, absurda, com uma racionalização ineficaz e uma “profecia de projeto” que supera qualquer ficção. Porquê? Porque a escola somos nós. Esta coisa suspensa, fragmentada, interrompida, mutável, desestabilizada, injusta, descentrada, assimétrica, este armazém de quinquilharia histórica perpetuado num esforço para a sabedoria com o Adão ainda no quintal aos solavancos à macieira suspenso no eterno convite da serpente.
Nada, na realidade, ainda chegou a ser…
Professor Rui Baptista;
Obrigado pelo esclarecimento.
Permita-me que lhe diga que "a necessidade imperiosa de uma prova que não deixe passar, em crivo apertado, candidatos à docência que para além da matéria a leccionar não demonstrem conhecimentos de cultura geral" de que nos fala, deveria ser um imperativo também do país.
De outra forma fica-se sempre na situação de que é preciso começar tudo de novo, voltar sempre ao inicio porque o que existe não tem suporte sólido, e a primeira grande falha revela-se logo quando não existe justiça no acesso à carreira docente, como o senhor aqui nos mostra.
Possa a opinião publica estar alerta para estas situações que o Professor Rui Baptista aqui nos descreve. Um Bem haja por tudo!
Um abraço amigo.
Acaba com os conteúdos quando devia começar por aí. A prova, pelo aquilo que vi, não é mais do que um teste psicotécnico. Mas, Rui Baptista, há aqui algo que não compreendo. Se os politécnicos têm deficiências (eu sinceramente não tenho informação que me capacite para essa avaliação), então os alunos saem com deficiências. Neste nexo causal, qual seria o remédio?
Embora seja sabido que nem sempre aquilo que parece é, e vice-versa, entendi iniciar o seu comentário "Exame"com a sua discordância para com Abel Salazar: “”Quem só sabe de Medicina, nem de Medicina sabe”. Essa sua discordância expressa-se da forma seguinte: “Mas…se na faculdade só se ensina medicina”.
E aqui entre a necessidade de uma Cultura (a que o simples diploma académico pode não satisfazer, mas ajuda), que a sociedade moderna de um mundo computorizado, viciado por uma cultura de “Google”, torna cada vez mais de ouropel . Cultura que não deve ser avaliada , ainda que mesmo numa sociedade imperfeita, em testes do tipo cruzinhas de que fui vítima no meu Curso de Oficiais Milicianos em Mafra, no início dos anos 50.
E aqui a maioria parece estar de acordo em discutir os cantores e não a canção, isto é, os feitores das provas de acesso à docência e não as necessidade em seleccionar professores que se distingam uns dos outros pelo seu conhecimento da matéria a ensinar e que diplomas de pechisbeque deviam eliminar à partida, mas que são consentidos enquanto o escândalo nacional deste estado de coisas não salta do compadrio dos bastidores académicos para o palco da opinião publica.
Foi Eça que, referindo-se, reverentemente, a Ramalho disse ter ele “saúde e não ser bacharel”. Nos dias de hoje, a continuar-se nesta verdadeira rebaldaria, continuarão a candidatar-se à docência milhares de mestres, que a literacia taxará de analfabetos funcionais, que dificilmente quererão ser avaliados mantendo na penumbra a vergonha de um grau académico que tem servido de atestado a uma falta de conhecimento da matéria a ensinar , a uma ausência de cultura geral e a um descarado oportunismo.
Nada disto justifica (e aqui faz-se sentir a ausência de uma ética profissional) que o corifeu da Fenprof, o maior sindicato nacional de professores, Mário Nogueira, apresente como argumento de “magister dixit” contrário a esta prova que os respectivos candidatos “não têm de provar nada aos badamecos do MEC, ou seja a quem for” (“Público”, 28/11/2013).
Começo por dizer que não li na totalidade o seu texto inicial por um simples motivo que me parece central nesta questão (ainda que não queira com isso dizer que os que expõe e li sejam de menor significância). As falhas que aponta são falhas de um sistema que, pelas acção da tutela, subsistem há mais de quinze anos. Aponto os quinze aos porque encontro contratados com esse tempo (e mais até) a serem obrigados a inscreverem-se na paac. Ora mas qual foi o motivo que levou a que, desde as universidades públicas, não se gritasse bem alto sobre essa situação no devido momento? As universidades estavam a ser penalizadas já que parte dos alunos estavam a fugir para um sistema menos credível. Nessa época não me recordo de que os docentes universitários andassem preocupados com a situação. Talvez porque houvessem alunos para a mais? Não sei. Também durante anos a fio essas mesmas universidades insistiram em manter cursos sabendo que no extremo oposto estaria um previsível desemprego.
Deixo-lhe ainda outra questão. Muitos professores contratados estão à data a proceder a realização de mestrados em universidades públicas com um único fito: obter uma boa/melhor nota no mestrado no sentido de que esta, com a permissão/conivência/promessa dessas mesmas instituições, possa substituir a nota de final de licenciatura que lhes garanta uma passagem administrativa nas listas de seriação. Parece-lhe honesto? Justo? Rigoroso por parte dessas instituições? Lei da procura e da oferta? Isto é, não havendo alunos suficientes no ensino superior não andarão, mais uma vez, as pessoas a serem convencidas à "compra" graus académicos? Eu próprio com uma periodicidade quase anual sou convidado a ir "comprar" um mestrado educacional nas universidades públicas quando esse sistema está como se sabe.
A minha posição sobre a prova. A prova a existir deve acontecer em circunstâncias diferentes. A ser imposta julgo que o mais honesto seria uma prova universal, e quando digo universal quero dizer para todos, sem excepção - contratados, quadros, básico, secundário e superior. Sem excepção porque só assim se garante justiça. E não deixo fora os professores do ensino superior porque existem noutros níveis docentes tão ou mais capazes pedagógica e cientificamente como estes e que também ganham prémios, publicam, etc etc tal como os últimos.
Para finalizar. As universidades deveriam chamar a si um papel mais activo no sistema que existe a montante das mesmas. No caso da física e da química que leccionei durante os últimos dez anos, se existiu algum alteração foi apenas para pior. E sempre que isso sucedeu nunca ouvi/li posições de força das universidades ou até das sociedades das referidas áreas. Quero com tudo o que escrevi dizer que não basta comentar ou fazer artigos de opinião. Sabe-me a hipocrisia porque na data própria para agir e saber ler nas acções dos sucessivos governos as consequências futuras, os alertas não soaram e as posições firmes não foram abraçadas, como agora. As universidades portuguesas e os seus académicos deveriam abraçar de novo o espírito de tempos idos. Será que as acções/ligações políticas não o permitem? E a este propósito. O acordo ortográfico e todo o processo não será sintomático do estar do sentido crítico nacional?
Os melhores cumprimentos.
Pedro Miguel Santos
Nos últimos anos, gostava de saber em concreto quais as diferenças de tirar um curso de vocação educacional num politécnico e numa universidade. Usar o status quo de cada uma para priorizar melhores e piores professores é um argumento tão vazio quanto o facto de se querer defender uma prova de acesso à docência a quem já leciona. Ou seja, pretende-se a quem já está dentro de casa, que volte a sair para mostrar que consegue entrar... Mais redundante é impossível.
Mas já agora, aproveito para lhe colocar uma questão: então na sua opinião, qualquer professor de Matemática ou Biologia deveria ter prioridade a um professor de Matemática e Ciências (2º Ciclo), em qualquer ciclo, correto? E já agora, porque não um professor universitário ter prioridade sobre qualquer um destes? Se o saber é o único argumento, então teria de lhe ser dada prioridade num concurso de professores.
O seu raciocínio é bastante organizado e claro, mas em última análise, redundante e vazio.
“Prof”: Para não lhe ficar atrás, começo pelo fim do paradoxal epílogo do seu comentário : “O seu raciocínio é bastante organizado e claro, mas em última análise, redundante e vazio”. Quase me dá vontade de retrucar com outro trocadilho: gordo esquelético. Mas não o faço por comungar da opinião de um autor, que cito de memória e cujo nome me não ocorre: “Uma boa linguagem é a própria essência do pensamento”.
Passemos ao largo deste espécie de “fait-divers”, mas não tanto que o não aproveite, por saber que na filosofia moral o paradoxo tem um papel central no domínio da ética. Assim, a propósito, ocorre-me transcrever esta tirada moralista da Fenprof, quando escreve, em desacordo com a criação de uma Ordem dos Professores, por mim defendida “à outrance” em textos escritos e assinados:
“Em movimentos agudos de ataque à classe e à profissão, tem caminho fácil a ilusão de que uma ‘ordem’ contribuiria para unir a classe eventualmente dividida e, por essa via, aumentar a capacidade reivindicativa. É uma óbvia ilusão. A criação de uma ordem, no actual contexto, seria mais um factor de divisão. E é uma ilusão enganadora. O campo de intervenção de uma ordem restringe-se ao plano de questões éticas e deontológicas que não são, para já, as questões centrais das preocupações dos professores e das escola –até porque há uma ética e uma deontologia historicamente construídas, assumidas e respeitadas pela classe docente. Os Sindicatos dos Professores têm sido e continuarão a ser espaço de análise e discussão das questões da Ética e da Deontologia da profissão, conscientes que da sua clara assunção também beneficia a imagem social dos professores que só ilusoriamente seria melhorada pela criação de uma eventual ordem”.
Reportando-me ao último período deste texto doutrinário, não posso deixar de me interrogar: de que ética nos fala a Fenrof? De uma ética que ultrapassa a simples boa-educação, entrando no domínio do insulto grosseiro, ao escrever Mário Nogueira não terem os professores sujeitos à Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades “de provar nada aos badamecos do MEC” (“Público”, 28/11/2013). Esta espécie de trocadilho, intencional ou não, “badaMECos e MEC”, não prenuncia ter havido a intenção simpática de atribuir a badameco o sentido de “homens jovens”. Daí eu entender dar-lhe, no mínimo, o significado de joão-ninguém.
Bem eu sei, por outro lado, que certos dirigentes sindicais eternizando-se nos seus lugares se profissionalizam como sindicalistas tornando-se numa espécie de Frei Tomás, exortando os seus antigos e episódicos pares de docência a seguirem-lhe as peugadas: “Ouve o que o digo não faças o que eu faço”.
No que tange às competências que me indaga sobre os ensinos politécnico e universitário, eram fora ultrapassadas por forças sindicais que se aproveitaram de uma legislação confusa que não redigiu o que queria dizer ou redigiu o que não queria dizer, a exemplo do caso, descrito pelo escritor espanhol Pio Barojo, de um ministro “nuestro hermano”, que virando-se para o seu secretário, o adverte: “Senhor Rodriguez, venha lá se a legislação está redigida com a conveniente confusão!"
Ou seja, de Espanha, como nos adverte o dito popular, nem sempre bons ventos, nem sempre bons casamentos. E pelos vistos, por vezes, também, legislações confusas para fugirem à interpretação de simples mortais. Isto é, só acessíveis aos deuses que habitam o Olimpo das magistraturas e da advocacia!
Rectifico o 5.º § do meu comentário anterior: Bem eu sei, por outro lado, que certos dirigentes sindicais, eternizando-se nos seus lugares se profissionalizam como sindicalistas tornando-se numa espécie de contraditório de Frei Tomás ao exortarr os seus antigos e episódicos pares de docência a seguirem-lhe as peugadas: “Não ligues ao que eu escrevo, faz o que eu faço!”
Se é bem certo que no melhor pano cai a nódoa, o que esperar do pano roto de serapilheira do meu prosar "redundante e vazio"? Cerzi-lo, com emendas! Assim, onde escrevi trocadilho (4.º linha, do 1.º § do meu comentário inical), deveria ter escrito paradoxo.
Manuel Ferreira
Esta prova, não obrigado.
Eu quero uma "a sério", que não se limite ao "aprovado" ou "não aprovado", porque havia, e suponho continuem a haver, universidades que limitavam a nota de estágio e com isso a média final de curso.
Mas no concurso do pessoal docente ninguém quer saber qual a universidade ou qual o curso, só a nota importa.
Um valor a mais significa uns quantos lugares à frente na lista de candidatos, e isso faz a diferença entre ser colocado ou não colocado.
Eu quero uma prova que sirva como fator de ponderação da nota de acesso ao concurso do pessoal docente.
E já agora, como a avaliação do pessoal docente não passa de um embuste, experimentem fazer umas provas ao pessoal dos quadros....
Porque, e desde há muitos anos, quem está nos "Quadros" atinge uma espécie de estatuto que apelido de intocável, e se não podemos menosprezar os direitos também não nos podemos esquecer dos deveres e parece-me que, infelizmente, Portugal é um País onde os cidadãos têm direitos mas muito poucos deveres. Parece-me, até, que uma vasta maioria dos portugueses não percebe que o Estado somos nós.
Para finalizar...
Não entendo como é que não há limitação de mandatos para os sindicalistas, ninguém me convence que uma pessoa que não está na escola há 5, 6, 10 anos tenha a noção do que se passa nas escolas.
Nunca se percebeu exatamente de que doença sofria Eça… se de uma enterocolite, se de uma previscerite vulgar, se de uma tuberculose pulmonar, se de um tumor maligno na cauda do pâncreas, se da doença de Crohn. Talvez numa das suas crises de febres intermitentes, paludosas, acompanhadas de nevralgias, se tivesse vingado nos bacharéis. Mas não se estranhe esta desorientação dada a insipiência da medicina nessa altura e a carência de especialistas no setor gastrintestinal. Como pôde comprovar pela obra deixada, a doença não o impossibilitou de uma atividade intelectual e artística de qualidade e lá jaz e “apodrece o menino de sua mãe”, no cemitério de Santa Cruz do Douro, logo abaixo de Tormes, se não estou em erro. Um morto de qualidade. Não é isso que todos gostaríamos de ser?
Voltando aos professores, por que razão não os constroem diretamente catedráticos, com acabamentos de requinte? Assim, escusaríamos de ter parentes pobres e facilmente apedrejáveis. Todos eruditos, todos exímios, todos altamente inteligentes, sem esta “insígnia do incógnito” (como diria Eça) que a todos atormenta. Como tal, estaríamos livres deste provincianismo irritante e imoral de contínua crítica às diferentes camadas de ensinadores, suas avaliações e seus avaliadores. Não é nenhuma farpa… Acho mesmo que o ensino deveria estar nas mãos de gente ilustre, distinta, espiritualizada, de fino relevo, de bom gosto e de talento, dispensando avaliações. A democracia não tem de ser o Pátio das Cantigas nem o Mercado do Bulhão. A universidade deveria dar lógica e brilhantismo à Educação concedendo diplomas de mérito e chapéus de coco. Não deveria ser uma fatalidade geográfica como o clima e o solo…
…
“A velha” (com o devido respeito): O seu relatório clínico dos achaques de Eça, sem um diagnóstico preciso, pode ser explicado pelo atraso desse tempo relativamente ao arsenal de meios auxiliares de diagnóstico hoje existentes, v.g. TAC (Tomografia Axial Computorizada), TEP (Tomografia por Emissão de Positrões), Ressonância Magnética que desvendam as entranhas dos doentes mesmo antes do corte do bistúri que transformava o corpo humano numa espécie de melão que só depois de aberto desvenda o seu paladar.
Talvez por isso, ou mesmo por isso, Eça invejava a forte compleição física e entrega à exercitação física que levava a Ramalhal figura a dizer orgulhosamente de si próprio (cito de memória): “Creio que nasci para Hércules de Feira”.
Assim, Ramalho, membro da Academia das Ciências de Lisboa, em censura acerba aos políticos do seu tempo, dizia que “não eram homens de ciência, nem sequer homens do mundo, por não terem princípios nem ideias gerais”, justificando a sua opinião de forma corrosiva: “Pela sua cultura de espírito estão abaixo do mais corriqueiro leitor da ‘Revista dos Dois Mundos’ e do ‘Dicionário de Larousse’ [nesse tempo não havia o Google!]. Como cultura física, indigência igual à da cultura mental. Se falando metem os pés pelas mãos, calados metem os dedos pelo nariz. Não têm ‘toillete’, não têm maneiras, e têm caspa”.
Eça (ele próprio bacharel) punha em evidência valorativa o facto de Ramalho ter saúde e não ser bacharel! Ou seja, a exemplo, de Alexandre Herculano, seu contemporâneo, ambos sem o bordão de um bacharelato, ocuparam lugares cimeiros na Cultura do seu tempo que perdura “por obras valorosas que os libertou da lei da morte”. Longe vão os tempos, em relação a este nosso tempo em que o “canudo” serve de vã glória a políticos que são obrigados a despirem na praça pública a vergonha de um diploma de pechisbeque…
Como escreveu (e eu subscrevo com aspas, para não ser acusado de plágio tão em voga mesmo em teses de doutoramento!): “A universidade deveria dar lógica e brilhantismo à Educação concedendo diplomas de mérito e chapéus de coco. Não deveria ser uma fatalidade geográfica como o clima e o solo.”
Num país em que quase nada se avaliava, quisemos, num repente, avaliar tudo. Sem saber como. Mas desatámos a avaliar. Na mesma. Como se. No caso dos professores, com um argumento deveras salutar e impróprio: eles teriam de saber avaliar os seus pares, não avaliavam os alunos? Ou outro muito pacífico: se em todas as profissões havia avaliações, (não era bem assim) o que queriam os professores? Não ser avaliados? Olha o despautério, quem julgam que são?
E promoveu-se o mérito. Mas, porém, os meritocratas terão de esperar. Porque, simplesmente, parece não haver verba para eles. E parece que retroativos de mérito também não.
Entretanto, saltando sobre muitos outros atropelos da tutela, tudo coisa sem importância, de somenos, um exame previsto mas não em exercício de funções está aí com 37 000 inscritos, disse o Senhor Ministro, com o seu jeito de francamente reconhecer, sem basófia, que ele não é dessas coisas, Vêem, vêem, afinal toda a gente queria o exame; portanto, os protestos são queixumes piegas de quem não tem qualidade e está com miúfa de chumbar e se vir a saber que não sabe nada de nada – isto, mesmo que um certo filósofo o tenha afirmado querendo dizer outra coisa, mas pronto, deixemos a filosofia de lado porque até não é curso politécnico e tem diplomados a sério, quiçá o senhor ministro lhes abra uma excepção e nem precisem do tal exame. E tal. Nem se vislumbra que anda fazendo esta gente há tanto ano no ensino sem se dar ao trabalho de aprender ao menos, sequer, os conteúdos que ensina.
Acerca da senhora catedrática que armou em la Palisse só me ocorre que não precisaria ela de estudar tanto para tal concluir, não há quem não saiba, excepto talvez os que desconheçam o significado da palavra, que a pedagogia não ensina conteúdos. E porém. Minha senhora, senhor ministro, com a devida vénia, melhor será juntar as duas coisas. Experimentem lá, vá…é que se pode ensinar, saber os conteúdos de fio a pavio, e não haver aprendizagem. Imaginem isto!
Sou contra a prova? Sou contra esta prova. Sim. Não contra um exame de admissão de professores. Mas por favor, não o façam a meio das carreiras, depois dos estágios… concordo: um professor tem de saber interpretar, não dar erros ortográficos. E. O exame é para o mérito? Não. Será uma forma de salvaguardar mínimos de exigência e rigor. Dignificar a profissão, talvez. Oh, mas tanto mais há da tutela a fazer para isso. E nada se vê.
E porque não têm os avaliadores externos a hipótese de poderem recusar sê-lo? É o mínimo que deve o ministério a quem já deu ao ensino muitos anos do seu trabalho, que, em geral e a expensas suas, se valorizou profissionalmente. Parece-me uma falta de respeito a falta de uma cláusula que permita a excusa do professor avaliador externo.
Não vale a pena continuar. É tudo muito.
Deixem-me só contribuir com um pequeno esclarecimento: a prova não dará acesso a nada, nem carreira, nem docência, apenas à possibilidade de concorrer. A prova destina-se, supostamente, a determinar se pessoas que dão aulas há 10,15,20 e mais anos, como contratadas, e que têm a formação que lhes foi exigida, e muitas vezes mais até, estão habilitadas a fazer o que já fazem há 10,15,20 ou mais anos. Desculpar-me-ão mas não me parece uma coisa séria.
Engenheiro Ildefonso Dias:Destaco do seu comentário: "De outra forma fica-se sempre na situação de que é preciso começar tudo de novo, voltar sempre ao início porque o que existe não tem suporte sólido". Ou seja, está-se a tentar remediar a jusante o que devia ter sido feito a montante!
E, como é consabido, é sempre mais difícil remediar do que fazer bem de princípio. Um princípio em que alguns dos seus culpados foram timoneiros da 5 de Outubro que deixaram que a Fenprof (a mais poderosa força sindical de professores do país) tomasse as rédeas de um ensino que permitiu que só tardiamente haja quem pretenda despertar a consciência adormecida de professores contratados, ainda que licenciados por universidades de garantido prestígio, que são, por vezes, vítimas, de um “laissez-faire, laissez-passer” que os obriga a serem uma espécie de matéria imprestável para uma docência séria e responsável, enquanto muitos docentes “efectivos” trataram de arranjar para os seus cursos médios complementos de habilitação que lhes desse equivalência a licenciaturas, em poucos meses, em escolas privadas que tornaram a docência numa forma de comércio escandaloso de formação de professores.
Ou seja, em Portugal, de há anos para cá, empurrados pelos ventos de um sindicalismo aberrante (e que, por vezes, quer passar pelo papel de vítima injusta daqueles que criticam a profissionalização de alguns dos seus dirigentes e a sua feroz oposição a uma Ordem os Professores), fazem-se orelhas moucas às “palavras loucas” de Pierre Bordieu, sociólogo francês, com forte influência nos anos 70: “Só uma política inspirada pela preocupação de atrair e de promover os melhores, esses homens e mulheres de qualidade que todos os sistemas de educação sempre celebraram, poderá fazer do ofício de educar a juventude o que ela devera ser: o primeiro de todos os ofícios”!
Pelo contrário, e já que se está a falar de ofícios, o recrutamento de professores transformou, por vezes, Portugal num país de sapateiros remendões com pretensões a um papel de destaque na alta roda da indústria de calçado europeu! Este é o país que temos, como li algures, “em que os fracos têm problemas e os fortes têm soluções”!
Retribuo o abraço amigo
Por acaso também me soa a alguma coisa de oco. Mas posso ter mau ouvido.
As aspas vieram com o mundo - imitação barata. Arrogância é considerar-se original.
... mas... se na faculdade só se ensina medicina...
Na verdade o grande mal! Duas senhoras, num momento impaciente e fantasista, arrufam-se - e estremece a pátria de Afonso Henriques, a antiga tirania da Índia!
De sorte que tudo se explica: se o nosso crédito baixa, se o nosso exército se enferruja, se a nossa marinha racha, se a nossa literatura se embrutece:
É porque no teatro de S. Carlos, entre duas árias triviais e dois gorjeios monótonos, duas senhoras - em lugar de trocar os seus leques, trocaram as suas ironias!
De modo que já sabemos: escusamos de trabalhar, de organizar, de pensar: há um meio simples de realizar, amanhã já - uma regeneração social:
É alcançar que as senhoras não se zanguem, decretando:
"Quando qualquer dama estiver para se pentear, é proibido que a cabeleireira tarde!"
As Farpas - Eça & Ramalho (as originais)
Caro Manuel Ferreira: Final do seu comentário: "Não entendo como é que não há limitações de mandatos para os sindicalistas, ninguém me convence que uma pessoa que não está na escola há 5, 6, 10 anos tenha a noção do que se passa nas escolas". 5, 6, 10 anos? Upa, upa!
E isto com o dinheiro dos nossos impostos, cortes nas reformas e diminuição da percentagem de despesas de saúde para efeitos de IRS. O Estado, para uns, é um saco sem fundo de benesses. Para outros, um ogre de dinheiro dos contribuintes. Isto porque nós somos avessos em aprender a lição de Peter Vries: " Os ricos não são como nós; pagam menos impostos”.
Que nos valham, ao menos, os sindicalistas que se sacrificam por nós, anos a fio nos seus gabinetes, para chegarem ao topo da carreira docente sem entraves pelo caminho. Parafraseando Ramalho (trocando a palavra Pátria por Ensino), pouco há a fazer quando " o Ensino se torna comparável a um prédio em ruínas de que secretamente se houvesse extraído os alicerces”. Mas esse pouco é muito para que não sejamos coniventes maiores deste “statu quo” com o silêncio de um falso porreirismo nacional em aceitar todos os males desde que eles não batam à porta do nosso oportunismo em acharmos justo que o topo da carreira docente tivesse sido uma álea frondosa para professores passados uns tantos anos, ainda que medíocre, mau ou péssimo serviço.
Sem ser por falecimento, de “motu próprio” ou por ter batido no respectivo presidente do Conselho Directivo, numa época em que se ab(usa) de estatísticas seria bom conhecerem-se números que nos dessem a percentagem de professores, em tempo de vacas gordas, que não chegaram ao 9.º escalão (bacharéis) e 10.º escalão (licenciados). Alguém sabe, e não quer dizer? Deitem cá para fora essa percentagem, para conhecimento da sociedade ( a Educação é um assunto que interessa, ou devia interessar, a todos os cidadãos) e satisfação de um pedido pessoal que estou farto de fazer mas que esbarra sempre num muro de conivente silêncio.
Não é em vão que se diz que o silêncio é a alma do negócio, um negócio em que se traficam influências políticas, sindicais ou de mero compadrio!
1.ª linha do penúltimo § do meu comentário anterior, retirar o acento agudo da palavra próprio. Assim, "motu proprio".
Muitos professores efetivos fizeram o 12º ano, 3 anos de bacharelato (porque na altura não havia ESE´s) + 2 anos de Complemento que lhes conferiu o grau de licenciado (5 anos, um ano a mais do que aqueles que fizeram apenas 4 anos de uma "verdadeira licenciatura"). Acrescento que os tais professores da treta tiveram de passar por dois "exames" (estágio integrado e monografia no final do bacharelato + tese de licenciatura no final do Complemento). Os outros não. Foram menos examinados. Houve até quem fizesse pós-graduações e mestrados e doutoramentos, esses professores, os idiotas, que trataram de dar dinheiro às faculdades para continuarem a ser considerados professores indignos do título!
Mas considero a sua uma boa peça, parecida com aquelas do nº 41 de Thierschstrasse que restaram do mundo intelectual de Hitler. Já agora, Hitler era doutor, licenciado ou bacharel? Só sei que teve aulas de uma semana na Universidade de Munique e que fez um curso intensivo de dois anos sobre literatura de direita e que gaseou judeus até lhe terem cortado o gás. Tinha algumas lacunas académicas…
Fantástica a sua observação
Nan:Também a mim me não parece uma coisa séria.Unicamente, uma peneira para tapar o Sol das injustiças que se têm gerado num sistema educativo em que se esquecem os erros do passado de, v.g., Ana Benavente, em lugar destacado, e de Maria de Lurdes Rodrigues, uma espécie de aprendiz de feiticeira.
Entretanto, o ataque cerrado feito a Nuno Crato (herdeiro de um ministério que nunca agradou a gregos e troianos) mais não são que tentativas de o crucificar tendo a seu lado as suas das antecessoras! Suprema injustiça daqueles que entendem preferível nada fazer a cometer erros que indiquem um novo caminho a seguir não minado por forças de bloqueio sindical ou de interesses pessoais de docentes do quadro a quem passa ao lado, em conveniência pessoal, a exigência de um exame que, como escreve Nan, "não dá acesso a nada, nem carreira, nem docência, apenas a possibilidade de concorrerem", depois de, em nova citação, terem dado aulas, em nova citação, "há 10, 15, 20 e mais anos”. E este desastroso “statu quo”, enquanto oportunistas ascenderam ao 9.º e 10º escalões tendo em atenção, por vezes, apenas os anos de serviço cumpridos.
E não me venham com a loa de que todos mereceram o “crachá”. Quem frequentou, ou frequenta, as escolas como docente ou aluno, é testemunha presencial de maus professores que por lá andaram e andam! Não devem ser consentidos testemunhos falsos punidos pela consciência de quem os profere no tribunal da opinião pública! Opinião pública, conjunto de cidadãos que não gosta que os induzam a tomar gato por lebre!
“A cervejaria”: Sentado à mesa da cervejaria, enquanto beberrico uma cerveja bem gelada, faço um interregno breve para lhe dizer que desrespeitada fica a política educativa quando misturada com a “realpolitik” para lançar cortinas de fumo com a intenção de fazer avançar a belicosa guarda pretoriana que ocorre em ocasiões de aperto com o argumento poderoso (repito, poderoso, embora desajustado) do verdadeiro horror que foi o nacional-socialismo responsável pelo holocausto que matou milhões de judeus e ausência de idêntico, ou maior, horror que foi perpetuado pelo socialismo de Staline sobre a população russa que se lhe opunha (por coincidência ou não, ambos usavam bigode mais ou menos farfalhudo e discursavam, em culto de personalidade, em cenários gigantescos com o seus retratos ampliados em proporções gigantescas para lhes dar uma grandeza que não possuam em regimes ditatoriais de triste e penosa memória, que se desmoronaram, mais cedo e mais tarde, como castelos de baralhos de cartas!
Em vésperas da 2.º Guerra Mundial, mancomunaram-se (como dizem os franceses, “les beaux espirits se trouvant”!) no chamado Pacto Nazi-Soviético para a invasão conjunta da Finlândia, Polónia e Países Bálticos, não consumado pela invasão da Europa pelas tropas alemãs. Para não ficar atrás da caderneta escolar de Hitler por si evocada, quanto aos estudos de Sataline eles processaram-se no Colégio Religioso de Tiflis em satisfação dos desejos da mãe que o queria ver seguir a vida eclesiástica: perdeu-se com isso um salvador de almas das labaredas do inferno para mandar corpos para o inferno do gelo dos Gulags onde houve casos de canibalismo (“Caninibal Island Death in Siberian Gulag”, Princeton Universsity Press). A vida tem destas ironias!
Mas daqui não me queixo, pela oportunidade que me deu em não deixar Hitler sozinho a penar no inferno o pecado ela morte de milhões de pessoas e Stalin no limbo do esquecimento por crime igual ou maior para subir ao céu dos anjos.
Queixo-me apenas do facto de ter lido em diagonal ou com más intenções o meu post cujo leitmotiv residia, em duas razões, essencialmente nesta que reproduzo “verbo pro verbo, ” por respeito aos leitores:
“Ter como outra razão o facto dos professores de Filosofia (por serem formados apenas em universidades), não sofrerem na pele o látego da injustiça dos professores com mestrados universitários em Matemática ou Biologia terem a concorrência de diplomados por escolas superiores de educação habilitados a ministrarem, em simultâneo, Matemática e Ciências da Natureza no 2.º ciclo do ensino básico. Acresce o facto de um simples valor a mais na nota de curso dos diplomas politécnicos, relativamente aos mestrados universitários, os colocarem à frente em concursos de acesso à docência sem ter em conta as respectivas exigências escolares”.
Só em demonstação de cábula que não estudou convenientemente a matéria, ou nem sequer sabe do que se está a falar, se poderá atribuir equivalência (ou prevalência baseada num simples valor de diploma) de um curso universitário destinado exclusivamente ao ensino da Matemática a um curso politécnico que habilita simultaneamente para o magistério da Matemática e das Ciências da Natureza. Mas depois de ver no circo um urso (não me refiro ao melhor aluno da turma, na gíria académica) a andar de bicicleta, já nada me devia espantar. Mas lá que me espanta, espanta! E ao leitor?
Na 2.ª linha do 3.º § do meu comentário anterior, onde escrevi "o pecado ela morte", deverá passar a ler-se "o pecado pela morte".
Caro António Daniel: Em tudo isto para mim, que não sou jurista, começa pelo facto de haver direitos adquiridos, quais inamovíveis Rochedos de Gibraltar, no caso da docência, e outros, qual manteiga que se derrete no verãol, como é o caso das reformas dos funcionários públicos.
E assim, chego à sua pergunta: "Neste nexo causal, qual seria o remédio? " Numa altura em que está em cima da mesa, a reforma (irreformável?) do Ensino Superior, parece-me ser uma altura ideal para definir, numa espécie de “Tratado de Tordesilhas”, quais as águas em que podem navegar o ensino universitário e o ensino politécnico para, em expressão feliz da voz respeitada e respeitável de Adriano Moreira, se não continue a “universitar os politécnicos ou politécnizar as universidades”. E toda esta bagunça se agudiza quando há universidades privadas que vendem diplomas de licenciatura, que não valem um caracol furado, em expressão popular. Denunciado, um deles, pela Ordem dos Engenheiros, ao não aceitar a inscrição da “licenciatura”de Sócrates , dando, deste forma, o pontapé de saída para a divulgação do ainda mais escandaloso caso de Miguel Relvas.
O caso Sócrates, para evitar novas repetições de desprestígio para este tipo de”licenciaturas” de políticos da nossa praça, fez com que as novas ordens profissionais tenham que aceitar qualquer bicho-careta que lhe bata à porta a dizer que é “licenciado” para assim encher o hemiciclo de S. Bento de “doutores e engenheiros”, gerados num país em que a”diplomocracia” , termo de António José Saraiva, tido por Eduardo Lourenço, “como uma referência-chave da cultura portuguesa”, criou raízes sociais que continuam a suportar árvores com mas folhas amarelecidas que resistem a todos os Outonos.
Qual José Saramago, “Prémio Nobel”, diplomado por uma escola industrial de antigamente, qual Alexandre Herculano, o grande Alexandre da nossa História, sem qualquer” canudo”, qual Ferreira de Castro, escritor renomado com o diploma da antiga 4.ª classe da escola primária, qual carapuça!, que “outros valores mais altos se alevantam”: os deputados (sem generalizar)) do nosso Parlamento, erguendo bem alto os seus diplomas de pechisbeque, e levantando-se das bancada, aquando da votação das respectivas moções! Este é o país que continuamos a ter e a que bem se aplica a crítica mordaz de Eça, meu escritor de mesinha de cabeceira em leitura renovada de prazer cada vez maior:
“Uma nação vive, prospera, é respeitada, não pelo seu corpo diplomático, não pelo seu aparato de secretarias, não pelos seus banquetes cerimoniosos de camarilhas: isto nada vale, nada constrói, nada sustenta; isto faz reluzir as comendas e assoalhar o pano das fardas – mais nada. Uma nação vale pelos seus sábios, pelas suas escolas, pelos seus génios, pela sua literatura, pelos seus exploradores científicos, pelos seus artistas. Neste início do século XXI, como se dizia no tempo do “vintismo”, nunca mais aprendemos!
P.S.: Quanto ao cerne da questão que me é posta por si, ou seja a deficiência dos alunos saídos do politécnico, sem generalizações sempre perigosas de fazer, para mais se saídas do âmbito da formação de professores, tenho respondido, dezenas de vezes, em livros, artigos de jornais, conferências, blogues, etc., mas aqui vai uma vez mais e sempre que solicitado. Ponho em dúvida metódica (sem qualquer pretensão de natureza filosófica!) que um diploma de habilitação do politécnico para ministrar a disciplina de Matemática e/ou Ciências da Natureza (a não ser que ungido por uma poção mágica de sabedoria!), possa ter idêntico valor a um outro diploma universitário para ministrar, tão-só, Matemática. Apenas isto, e nada mais do que isto, para evitar extrapolações (faço a justiça de reconhecer não ser essa a sua intenção) para aquilo que possam querer que eu tenha dito…mas não disse. Ou, sequer, me passou pela cabeça, ainda que em noite de febril delírio!
Por razões da actualidade de "As Farpas", crítica aos costumes da época dos "Vencidos da Vida", em que basta mudar o nome dos figurões para com eles convivermos nos dias de hoje, agradeço-lhe a citação que faz proveitosa para uma juventude (sem generalizar) que passa os dias a ler o "facebook", "et por cause", tendo a leitura dos nossos clássicos uma "chatice" para ser lida apenas
pelos "cotas" (na gíria dos jovens de hoje, velhos) , ou como e dizia no meu tempo (não, não vou falar da velhinha da televisão, saudosa do tempo em que o quilo de arroz custava 2 escudos e 50 centavos!) pelos botas-de-elástico!
.
De repente, não sei porquê, lembrei-me do Churchill que considerava o Estaline uma pessoa de grande poder, merecedor de toda a confiança e do Truman que o achava honesto e "esperto como os diabos". O pessoal moralista ocidental nunca teve problemas em lidar amistosamente com responsáveis por assassínios em massa.
Estou, de facto, espantada! E já vi muitos ursos...
Não tenho a certeza de ter percebido o que quis dizer.
Há maus professores, claro, mas não é a «prova» que os vai encontrar.
Numa carreira como a de professor, em que o trabalho é basicamente o mesmo desde o início ao fim da carreira, a única progressão é determinada pelo tempo de serviço.
Cada professor tem a formação que era exigida no seu tempo. Exigir-lhe agora uma «prova» é desonesto.
Nan: Como diz a canção de Rui Veloso,”julgo ser mais aquilo que nos une do que aquilo que no separa”.
Assim, se se der ao cuidado de reler o que escrevi , em muitas das respostas a comentário que me foram feitos, também eu não estou de acordo com o exame que ora se discute, mormente no que concerne à forma como está elaborado a respectiva prova, fazendo fé naquilo que corre na Net e em alguns medias.
Quanto a dizer, e passo a citá-la ,“numa carreira como a de professor, em que o trabalho é basicamente o mesmo desde o início ao fim da carreira, a única progressão é determinada (repito, é determinada) pelo tempo de serviço”.E aqui, nasce a minha dúvida: acha, porventura, que este é o critério mais justo?
E a qualidade desse serviço prestado na escola e fora dela, em trabalhos de natureza científica ou pedagógica e livros publicados, palestras proferidas, etc., não deveria ser tomado em linha de conta, através da elaboração de um currículo devidamente fundamentado e autenticado e em que o seu relator não se perdesse em folhas e folhas de palha de coisas que nada interessam, como, por exemplo, participação em congressos em que, muitas vezes , os seus simples participantes vão, no primeiro dia, apresentar-se no respectivo secretariado e, no final “caçar” o respectivo diploma, enquanto nesse entreacto se passeiam pelas ruas da cidade e entram nas lojas para compram “souvenirs” para levar à família?
E já que falo de currículos, ocorre-me o conselho da poetisa polaca Wislawa Szymborska, Pémio Nobel da Literatura (1996), na respectiva realização:
“Qualquer que seja o tempo vivido
Um currículo deve ser curto
Pede-se que seja sucinto,
Baseado em factos concretos “.
Não seria esta uma forma possível, para auxiliar a seriação dos professores contratados, e, assim, resolver uma situação dependente apenas de um discutível classificações de diplomas sem ter em conta a idoneidade das escolas que os outorgaram?
Suponhamos, por mera hipótese, haver um concurso público para engenheirosa ele concorrendo um engenheiro diplomado por uma universidade privada, de mais do que duvidosa qualidade, e um engenheiro do prestigiado Instituto Superior Técnico, o primeiro com um valor a mais de nota de curso relativamente ao segundo? Ganharia a engenharia portuguesa prestígio e qualidade em nomear o primeiro?
Isto só pode ser aceite numa sociedade pejada de Vitorinos, para quem “isto ou aquilo, tudo são coisas de letra redonda”(vide, 9.º § do meu “post”). E pejada, outrossim, com imberbes nomeados, a granel para assessores de ministros e secretários de Estado , alguns deles diplomados por “universidades”, apelidadas de vão de escada. Por vezes, filhos dilectos da política, apenas com o 12.º ano, são referenciados por “Drs., aquando da respectiva nomeação em DR. Ou seja, isto de diplomas tem muito que se lhe diga desde elementos da governação até deputados! E se isto não é sério, será sério transferir este processo para o acesso e progressão numa carreira docente que enclausura em grades de iniquidade os professores melhor preparados, abrindo a jaula da ignorância para que – em feliz imagem camiliana – “as feras façam das garras o seu argumento”? “That is the question”!
Erratas:
1 - 4.ª linha do 2.º §, substituir "elaborado" por "elaborada".
2 - 3.ª linha do 7.º §, substituir " um discutível" por "discutíveis"
Continuação do meu comentário a Nan (dia 3, às 03:21):
A hora a que terminei o comentário supracitado, cansado (e por que não dizê-lo, revoltado pela forma como neste país a política educativa é conduzida) faz com que o complete e o contemple com esta adenda com o pensamento posto em Miguel Torga: “”Maldito seja quem se nega aos seus nas horas apertadas”.
Como pode uma secretaria de Estado do Ministério da Educação, tutelada por João Granjo (cuja competência pessoal baseada em simples juízos de valor, não me atrevo a pôr em causa, logo eu que, em resposta a um comentário, exaltei a figuras de Alexandre Herculano, José Saramago e Ferreira de Castro, os três sem quaisquer estudos superiores) gerir a contento o complexo problema do exame dos professores contratados do 2.º e 3. ciclos do ensino básico e secundário sem correr o risco de ser amaldiçoado por se negar aos seus em horas apertadas?
Evoco aqui a sua formação académica de diplomado por uma Escola de Magistério Primário (1980) , de Estudos Superiores em Administração Escolar numa escola privada (Instituto de Ciências Educativas, em 1993), mestrado em Administração Escolar e Planificação da Educação, noutro estabelecimento de ensino privado (Universidade Portucalense, 2007) e de presidente da Associação Nacional de Professores (em herança da Associação Nacional dos Professores do Ensino Básico, antigo Ensino Primário) durante períodos longos da sua actividade profissional e, como tal, afastado do verdadeiro ensino do 1.º ciclo do básico para o qual se preparou numa escola de ensino médio que tantos e tantos professores de qualidade diplomou.
Por outro lado, ainda no caso de João Granjo, sem vivência daquele ensino dos 2.º, 3.º ciclo do básico e secundário de natureza quase missionária que dá o traquejo da vivência diária com os reais e complexos problemas de uma escola pejada de questões de natureza pedagógica , de indisciplina dos alunos e de burocracia (ou melhor, de “burrocracia”!) dá-nos a impressão de que em Portugal se recompensa a fidelidade quase canina ao Partido com a nomeação de indivíduos que poderiam ser aproveitados para lugares a que a sua preparação académica (ou mesmo simples vocação) justificasse sem o perigo extremo de se ganhar um “doutor” com o prejuízo de se perder um artífice de qualidade, de se ocupar um gestor das questões do ensino desviando-o para trabalhos de natureza pedagógica, ou seja aquilo a que os ingleses apelidam de “right man in the right place”.
Com o “Princípio de Peter”, enunciado da forma seguinte, “ num sistema hierárquico, todo o funcionário tende a ser promovido até ao seu nível de incompetência”. “Mutatis mutandi”, grande parte da política partidária deste país promove os seus boys actuais ou antigos até ao seu nível máximo de incompetência.
Regressando a Miguel Torga “maldito seja quem se nega aos seus em horas apertadas”, os partidos políticos portugueses (a excepção, se houver, confirma a regra!) dessa maldição não podem ser acusados. Mas valha-nos Deus!
Cábula da melhor nota: Como dizia António Vieira, "quando se olha com simpatia para o rato preto ate o rato preto nos parece branco; quando se olha com antipatia para o cisne branco até o cisne branco nos parece negro". Ou seja, tudo depende do cristal, e das ocasiões com que se miram as coisas. Os amigos de hoje, aqueles de que exaltamos as excelsas qualidades, serão os inimigos de amanhã a apedrejar.
Isto sucedeu no tempo de Salazar quando milhares de oportunistas que o vitoriavam, de braço estendido, enchendo por completo o “Terreiro do Paço”, são muito daqueles que, de cravo ao peito e punho fechado, cantam hossanas ao 25 de Abril.
Mas para tudo há resposta pronta. Indagado alguém sobre o facto de mudar de opinião como quem muda de fato, respondeu ele: “É bom sinal, é sinal que tenho um roupeiro repleto de fatos para mudar”.
Por que nos espantarmos, portanto, com ursos amestrados, a andar de bicicleta no circo, quando nos deparamos todos os dias com oportunistas a fazerem equilíbrio em cima do arame para não abandonarem o poder político? Eu não me espanto, nunca me espantei ou espantarei!
Já Eça dizia: “Portugal é uma fazenda, uma bela fazenda possuída por uma parceria. Como vocês sabem há parcerias comerciais e parcerias rurais. Esta de Lisboa é uma ‘parceria politica’ , que governa a herdade Portugal”. E acrescentava o mordaz escritor dos hábitos nacionais da época: “Mas para entrar na ‘parceria política’ o cidadão português precisa de uma habilitação – ser deputado. Exactamente como quando pretende entrar na Magistratura necessita de uma habilitação – ser bacharel”.
Neste dealbar de um novo milénio, em Portugal há mais exigência nas parcerias políticas: há que ser deputado e, simultaneamente, engenheiro ou doutor. Ou, pelo menos, parecê-lo!
Prezado Pedro Miguel Santos: Publiquei ao meio-dia de hoje um "post" tendo por mote uma expressão sua que roubei para o respectivo título; "A Universidade Actual e o Espírito de Tempos Idos". Confessado o "roubo", espero pelo seu perdão ou pela respectiva prescrição. Ingenuidade minha, por saber que os pequenos delitos são julgados de imediato e os verdadeiros crimes adormecem nas gavetas?
Enviar um comentário