Meu prefácio ao livro que acaba de ser publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos:
As «questões-chave» da Educação em Portugal e no mundo são também «questões-chave» da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Desde o início da sua actividade que a Fundação tem vindo a organizar vários debates abertos ao público, em Lisboa e fora de Lisboa, precisamente com o título «Questões-Chave da Educação». Realizaram-se em 2010, 2011 e 2012 e voltam a realizar-se em 2013, sempre acompanhados por um pequeno caderno que contém textos associados às conferências. O tema do «Ensino Profissional» foi, juntamente com o tema da «Indisciplina», escolhido pelo Conselho de Educação da Fundação, um grupo de cerca de doze especialistas de educação que ajudam a definir e a concretizar um programa de Educação, para fechar o ciclo do ano de 2013.
À semelhança de anos anteriores, também neste ano são convidados especialistas estrangeiros e nacionais. No caso do Ensino Profissional, a escolha recaiu em Cristopher Winch, professor de Filosofia e Política de Educação do King’s College em Londres, e em Ana Paula Paixão, professora de Psicologia da Universidade de Coimbra que se tem interessado pela orientação vocacional. Neste caderno, o Prof. Christopher Winch apresenta, em tradução portuguesa, um estudo que realizou com dois colegas seus sobre a preparação e o acesso a algumas profissões de carácter técnico (designadamente enfermeiro, condutor de veículos pesados, trabalhador de alvenaria e engenheiro de software), no Reino Unido e em alguns países do continente europeu, com vista a apurar a possibilidade de uma unificação europeia de aptidões e qualificações profissionais. Por seu lado, a Prof.ª Maria Paula Paixão discute o caso português da orientação vocacional e profissional, focando o papel da psicologia e dos psicólogos. Se o primeiro nos lembra o contexto europeu em que estamos inseridos, a segunda fala-nos do caminho que estamos a percorrer no sentido do melhor encaminhamento dos nossos jovens para a sua vida futura.
O tema do ensino profissional reveste-se neste momento de grande actualidade no nosso país. Parece ser consensual que ele deve ser discutido, a fim de encontrar e proporcionar de uma forma mais alargada percursos escolares aos alunos que não sejam exclusivamente académicos. Mas já não será tão consensual a via escolhida. Com a Revolução de 1974, terminou-se com o ensino nas escolas técnicas e comerciais, não se tendo ainda encontrado um modelo adequado de resposta às necessidades que aquelas escolas procuravam satisfazer. Algumas experiências têm sido realizadas entre nós de ensino profissional ao longo dos últimos anos, sendo agora a altura de efectuar a respectiva análise e avaliação, ao mesmo tempo que se olha com a necessária atenção para o que, nesse domínio, se passa em vários países europeus. A questão é de política educativa, existindo naturalmente opiniões diversas. A Fundação Francisco Manuel dos Santos procura contribuir para esse debate, oferecendo não só informação, mas também um ambiente propício à discussão livre.
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2 comentários:
Desenvolver o ensino profissional ou adequar a realidade profissionalizante do jovem (inserir no mercado de trabalho) requer no primeiro momento autonomia empresarial eis que a indústria nos mais variados setores: têxtil , cerâmica , metalurgia ou até mesmo as de gênero alimentício desempenham respostas por assimilar a demanda de profissionais. Ora o comportamento de mercado e a logística regional são factores determinantes e colaboram para tornar atrativa formação profissional. Aqui no Brasil a exemplo o ensino profissionalizante têm sido um bem necessário (dada estratificacao social) e equilibrada balança comercial, redistribui a oferta de empregos é claro de maneira aos mais variados setores de meu país.
Oportuno e importante tema deste livro do Doutor Carlos Fiolhais !
Seria bem interessante se os professores a leccionar esse tipo de ensino fossem auscultados e houvesse frontal seriedade nas respostas. Sobre o êxito do mesmo em termos de processos e produtos. E depois a reflexão sobre.
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