A propósito do livro “O Atlas do Corpo e da Imaginação” (Caminho), uma obra de Gonçalo M. Tavares, o autor deu uma entrevista ao último Jornal de Letras.
Li e deixo aqui excertos:
"Há coisas que só são produzidas quando se pensa passo-a-passo, como a Ciência."
“Ninguém imagina Miguel Ângelo a fazer uma pincelada, depois a responder a um email e voltar outra vez à pintura. Os artistas passavam semanas fechados num compartimento, sem falar com ninguém, só saíam para comprar comida, sem largar o seu objecto. Há obras de arte que só podem aparecer se uma pessoa estiver uma, duas, três, quatro, cinco horas em frente delas, sem mudar a sua atenção para outro lado. E este tempo prolongado com o mesmo objecto, concentrado, é qualquer coisa que as tecnologias e o mundo contemporâneo estão a perturbar.” … “se um artesão está a fazer um objecto e de dois em dois minutos levanta a cabeça há uma dispersão.”
"Definir um método é definir uma conclusão. A escolha da forma é já dizer aonde se quer chegar. (…) A escolha da metodologia é a escolha de tudo, sobra pouco. Gosto mais da ideia de para o mesmo problema podermos escolher diferentes metodologias e caminhar até ao fim ou até quando for possível, porque chega-se a diferentes focos sobre o mesmo problema."
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