terça-feira, 5 de novembro de 2013

PLANETA AZUL

Texto do Professor Galopim de Carvalho.

Sob o olhar do cidadão comum, cada vez mais 
explorado e, por enquanto, resignado e ordeiro, 
a ganância insaciável do mundo das finanças 
não tem permitido o uso pleno de tudo o que
de bom o “Planeta Azul” tem para nos dar.

Estamos a viver um tempo em que o saber científico e os recursos tecnológicos avançam a passos de gigante e, dia após dia, nos deslumbram. Apesar das perseguições de que foram alvo ao longo da História, em especial, no período que antecedeu o iluminismo, as Ciências da Terra não deixaram de crescer e são hoje pilares da sociedade moderna, facultando alavancas poderosas para o bem e para o mal, ao serviço de uma humanidade, a um tempo, sabedora e desencantada, à procura de um caminho que tarda em encontrar.

Quem anda por dentro destas ciências sabe que elas são indispensáveis na procura e na exploração racional dos recursos energéticos e em matérias-primas, no planeamento do território, na construção de barragens, pontes e outras grandes obras de engenharia, na defesa do ambiente (cada vez mais ameaçado) e na prevenção face aos riscos sísmicos, vulcânicos e outros desastres naturais, com são as cheias, os deslizamentos de terras e as derrocadas.

Na sua caminhada de cerca de 4570 milhões de anos, na grande maioria, de mãos dadas com o mundo vivo, a Terra, o nosso berço e a nossa casa, facultou-nos tudo o que necessitamos para viver: um campo magnético que nos protege das radiações letais (raios X, raios gama, raios ultravioletas e outras) emitidas pelo Sol, o ar que respiramos, a água que bebemos e o chão que pisamos e nos dá o pão.

Face as estas capacidades, a Geologia, a Mineralogia, a Paleontologia e as outras disciplinas que nos permitem conhecer o mundo em que vivemos acabaram por conquistar, em muitos países, estatuto de ciências de grandeza compatível com a sua real e grande importância no desenvolvimento sustentado, o que não é o caso em Portugal, onde permanecem subalternizadas nos currículos escolares e continuam arredadas da cultura geral dos portugueses, dos mais humildes e iletrados às elites intelectuais mais iluminadas.

A. Galopim de Carvalho

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