Texto que elaborei no quadro da divulgação da candidatura da Universidade de Coimbra a Património Mundial da UNESCO (na imagem Pedro Nunes):
Portugal protagonizou a primeira
globalização, isto é, o contacto entre povos e culturas de diferentes
continentes que teve lugar nos séculos XV e XVI. Esse processo, enraizado na
observação e na experiência, precedeu a Revolução Científica ocorrida no século
XVII.
Antes de 1537, a Universidade portuguesa
estava em Lisboa. E, quando mudou para Coimbra, veio com ela aquele que é
talvez o maior sábio português de todos os tempos: Pedro Nunes, o cosmógrafo-mor de D. João III. Esse
matemático é o criador na navegação astronómica, que resolve alguns problemas
que se colocavam aos marinheiros da época. Duas das obras de Nunes saíram de
prelos conimbricenses para conhecerem o mundo. O maior responsável pela divulgação
dessa obra foi o jesuíta alemão Christophoro Clavius, que estudou em Coimbra no
Colégio das Artes, antes de se ter tornado astrónomo papal, tendo presidido à comissão
que instituiu o calendário gregoriano que Portugal foi um dos primeiros países
a seguir e que hoje vigora.
Os jesuítas, estabelecidos em Coimbra nos
Colégios das Artes e de Jesus, tiveram uma acção essencial na Revolução
Científica, graças à intermediação que fizeram de ideias e instrumentos para as
terras orientais, em particular a China e o Japão. O telescópio de Galileu
chegou ao Oriente passando por Lisboa e Coimbra. Exemplo de contacto cultural e
científico fecundo com o Império do Meio foi, no fim do século XVI e início do
século XVII, a acção do jesuíta italiano Matteo Ricci, que estudou em Coimbra
antes de deixar a Europa.
Não se pode dizer, porém, que a ciência em
Coimbra tenha estado em crescendo após a morte de Nunes. A Contra-Reforma, que se
opôs à expansão da ciência moderna, instalou-se em Coimbra com a escola chamada
dos Conimbricenses, em referência aos
livros com esse título em que os jesuítas comentavam Aristóteles. Tendo sido
uma referência na Europa, esse movimento filosófico, chegou ao jovem René
Descartes, a estudar num colégio jesuíta, cujo pensamento conduziu a uma visão diferente
da Natureza e do homem.
A Universidade de Coimbra foi, durante
muitos anos, a única do vasto Império. Neste, o Brasil foi privilegiado na
expansão cultural, como prova a moderna presença da língua. No século XVIII muitos
foram os jovens brasileiros que estudaram em Coimbra. Um caso notável é de Bartolomeu
de Gusmão, o inventor da Passarola e
autor de um dos primeiros pedidos de patente. Mas um outro nome foi José Bonifácio,
o químico descobridor do minério de lítio, que depois de ter ensinado em
Coimbra se tornou o patriarca da independência da nação brasileira. Bonifácio
trabalhou no Laboratorio Chimico, num
tempo marcado pela reforma pombalina. Destaque no iluminismo português tiveram
também as viagens philosophicas ao
Brasil e a África, revelando novas espécies e novos povos.
Nos tempos seguintes e até aos dias de
hoje, com as dificuldades e sobressaltos da história nacional, a Universidade
de Coimbra continou a espalhar no mundo, em particular no mundo lusófono,
cultura e ciência.
2 comentários:
É de algum tempo que estudo história, assim deste apreciado, propriamente fluir ao movimento humano; povos, raças, etnias, promoveram gerações, expressando ações, firmando-se através do desenvolver competência, quer aprimorando a qualidade de vida, quer organizando-se e estabelecendo relações para o progresso dos seus; através do que compreendera evolução: descobertas e inventos.
Para tanto e, de saudável capacidade?! A humana capacidade! Esta inteligível capacidade, houve (sentido em que há) da generosidade partilhada através do tempo, do conhecimento. Ora, por quanto estudo, assimilo e compreendo e, é passível que desfruto para além do anseio?! Então, partilho.
Pois fora deste partilhar, uma e outra, a forma significativa de exemplo. Quer ser feliz qualquer exemplo, e o melhor exemplo ainda é o ensino! É nesta capacidade de organizar-se, de estar humanamente disponível a verter soluções generosas. Válido é o esforço daquele que ensina o bem querer! Que é uma propriedade e, em apenas propriedade deste ser consciente da dimensão do amor.
A história é galgada por homens e mulheres que partilham suas horas de estudo: noite e dia, dia e noite! Quer aos seus, quer pelo próximo e para o próximo e, sabiamente a quem do próximo. Que herança a máxima do conhecimento.
Desconhecido é o conhecimento a nem ferramenta, humanizada.
Deixo vos deste propósito, as poucas palavras em memória de nomes citados a Universidade Coimbra. Quisera de princípios afinados ao ideal destes; outrora, empenharam em extraordinário momento a própria partilha, seu quinhão laboral. Eis, suavidade demarcada e registada, através da existência que nem fora em vão. Transformaram uma terra, seu pequenino chão! Conceito de homens e mulheres livres, conhecedores deste patrocínio, pois ser humano é apenas ter liberdade, reconhecer-se desta liberdade a vida em igual.
Relativamente a José Bonifácio Andrada e Silva, não será demais recordar que, em sua honra, o notável mineralogista americano James Dwight Dana (1813-1895) deu o nome de andradite a um tipo de granada, em 1868, perpetuando-lhe a memória entre a comunidade científica.
Deve-se também a Andrada e Silva a descoberta da espodumena e da petalite, dois silicatos de alumínio e lítio [como dito no texto]; da criolite, um fluoreto de alumínio e sódio; da indicolite, uma turmalina de cor azul, e da wernerite (variedade de escapolite), um aluminossilicato de sódio e cálcio, como se pode ler em texto do Professor Galopim de Carvalho
aqui: http://dererummundi.blogspot.pt/2012/08/jose-bonifacio-de-andrada-e-silva-1763.html
e aqui: http://sopasdepedra.blogspot.pt/2011/02/jose-bonifacio-de-andrada-e-silva.html
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