sexta-feira, 3 de maio de 2013

Resposta a um comentário ao meu post: "As aprendizagens escolares e o controverso papel da memória"


 “O sistema nervoso tem vindo a ser conhecido com uma lentidão que só se compreende pelas inúmeras dificuldades que desde sempre se levantaram a  este género de investigações” (Franz Joseph Gall, 1785-1828).

Caro anónimo :  Começo por lhe agradecer o seu comentário que, pela certa, despertou a reflexão dos leitores que o terão lido, ou venham a ler, e que, com a isenção de meros observadores, melhor saberão  avaliar se a citação, ainda que expressa em linguagem metafórica,  de Richard Thompson é merecedora da sua contundente análise crítica: “Isto é disparatado”(sic..).  

A matéria dela constante foi  por mim reproduzida, verbo pro verbo, no meu post  intitulado"As aprendizagens escolares e o controverso papel da memória" (01/05/2013). Reedito-a: “O cérebro humano consta aproximadamente de 12 biliões de neurónios e o número de interconexões entre eles é superior ao das partículas atómicas que constituem o universo inteiro” (”Introduccion à la psicologia fisiológica”, Harla, México, 1975).  Apesar dos meus estudos superiores em Fisiologia, aprimorados por uma declarada paixão sobre “Os mecanismos da mente” (título de um livro de  Collin Blakemore),  no já conhecido e naquilo que a previsão do futuro nos possa antecipar, assumo a posição humilde de “um diletante de coxia”, como diria Eça.

Mas, desde já, convém, por outro lado,  ter presente que Aristóteles, com lugar no pódio dos melhores filósofos da humanidade, considerou o cérebro como um sistema de arrefecimento do sangue  e o coração como sede dos sentimentos. Ainda mesmo hoje, na tradição popular e mesmo na  linguagem gestual de personagens teatrais actores  há que levam a mão ao coração para demonstrar as labaredas   de  amor  pela sua amada. Isto porque, como sentenciou Georges Gusdof (“Da história das ciências à historia do pensamento”,  Pensamento, Editores  Livreiros Ldª., 1997),  “a biologia aristotélica só foi verdadeiramente ultrapassada depois de um intervalo de 2.000 anos”. Por esse facto, curvei-me  (e curvo-me) reverentemente perante quem,  no firmamento do conhecimento desta matéria, apresenta  o currículo valiosode Richard Thompson que enuncio (em consulta feita na Internet):

“Richard F. Thompson is Keck Professor of Psychology and Biological Sciences at the University of Southern California. For many years he was Director of the Neuroscience Program (Program in Neural, Informational and Behavioral Sciences) at the University of Southern California and is currently Senior Scientific Advisor to the Neuroscience Program. Prior to this he was Bing Professor of Human Biology and Professor of Psychology at Stanford University, where he served as Chair of the Human Biology Program from 1980-1985. Previous positions include Professor of Psychobiology in the School of Biological Sciences at the University of California, Irvine, Professor of Psychology (Karl Lashley's chair) at Harvard University and Professor of Medical Psychology and Psychiatry at the University of Oregon Medical School. He received his B.A. degree at Reed College, his Ph.D. in Psychobiology at the University of Wisconsin, and did post-doctoral research in the Laboratory of Neurophysiology at the University of Wisconsin and Laboratory of Neurophysiology at the University of Goeteborg in Sweden”.

E aqui está, meu caro anónimo, o interesse do seu comentário que gostaria de ver despertar uma reflexão de peritos na matéria biológica e matemática  e da qual me retiro na modéstia dos meus conhecimentos que, porventura,  possam envolver conhecimentos matemáticos que excedam os por mim adquiridos no ensino liceal até ao 7.º ano da antiga Secção de Ciências. Não querendo, de forma alguma,  assumir para mim o papel do sapateiro audacioso que queira ir além da chinela pintada pelo pintor grego Apeles, reverto esta matéria para os especialistas que, porventura,  se desejem pronunciar sobre esta questão e  a transcrição que faço do Prefácio do livro “Matéria Pensante”    (Ciência Aberta, Gradiva, 1991) , da autoria de  Jean-Pierre Changeux (neurocientista) e Alain Connes (matemático), ambos  cientistas de renome internacional: “Os matemáticos, em geral, dão-se bem com os biólogos. Mas eles conversam pouco uns com os outros. Os seus conhecimentos e as suas motivações são tão distantes que o diálogo parece impossível”. Será impossível, uma vez mais?

P.S.: Neste mesmo dia, cerca das  23 horas, para evitar a respectiva consulta "in loco", transcrevo  a argumentação do leitor justificativa da frase: "Isto é disparatado":  

"Cada interconexão entre neurónios é constituído por partículas atómicas. Assim, mesmo que a cada interconexão neuronal correspondesse a uma partícula atómica apenas, mesmo nesse caso absurdo haveria tantas partículas atómicas no universo inteiro quanto ao conjunto de todas interconexões neuronais. E comparando com total das partículas atómicas poucas serão as que compõem os seres vivos e respectivas redes nervosas... "

4 comentários:

Cláudia da Silva Tomazi disse...

Em modesta, limito-me. O papel da memória nem poderia ser controverso.

Anónimo disse...

Em controvérsia, modesto-me. O papel dos limites é de boa memória.

Cláudia da Silva Tomazi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Este removido foi comentado pelo autor.

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