terça-feira, 18 de setembro de 2012

QUATROCENTOS EUROS

Investiguei, com a ajuda do meu livreiro, quanto é que uma família portuguesa com duas crianças que estejam nos segundo e terceiro ciclos do ensino básico paga pelos manuais escolares.

Depois de fazermos a contabilidade a partir de várias listas fornecidas por escolas, chegámos a um valor que oscila entre trezendos e tal e quatrocentos e tal euros.

E isto tirando os manuais de Educação Física, de Educação Visual, de Educação Tecnológica e de Educação Moral e Religiosa que muitos professores estão a dispensar para não sobrecarregar mais a factura.

Perguntará o leitor porque é que fizemos as contas tendo em conta duas crianças? Porque os casais portugueses têm 2,1 filhos. Foi o nosso critério.

E porquê os segundo e terceiro ciclos do ensino básico? Porque começamos por aí... mas com a parcela a que chegámos, faltou-nos a coragem para avançarmos para outras combinações (terceiro ciclo e secundário; primeiro e terceiro ciclos, etc.)... pois, afinal, este este valor aproxima-se perigosamente do ordenado mínimo nacional.

7 comentários:

Finte a Crise disse...

Fizeram bem as contas ?
Não sei se no vosso caso poderá estar correcto, mas tenho 1 filho no ensino básico e gastei 70€ pelos manuais escolares (ok, aproveitei uns daqueles descontos de não pagar o IVA ou encomendar online ou etc, mas que estão à disposição para qualquer um). O que digo é que mesmo com 2 filhos, se estivessem os 2 no ensino básico acredito que gastaria 140€ (um ano pode ser mais caro do que o outro, mas a diferença nunca será grande). Pergunto-me onde estará a diferença para que, estando os miúdos no 2º ou 3º ciclo isto passe para mais do dobro! Numa universidade até acredito, os livros mais técnicos são por regra bem mais caros, mas o que me espera é mesmo gastar 200€ por miúdo daqui a um par de anos, ou haverá algum exagero/arredondamento/"optimismo"?

Areia às Ondas disse...

Sendo bibliotecária pedem-me ajuda para comprar todo o tipo de livros e nesta altura aparecem as urgências escolares. Foi o caso de ontem: aquisição de dois livros, em bloco pedagógico (Matemática e Francês, 7º ano). Total: 62 €… duas disciplinas.
O meu filho, universitário, já gastou 90€ em sebentas. Livros, com muita pena minha, é na biblioteca...

Baião disse...

Respondendo ao leitor anterior. Mesmo 200 euros é muito.
A saga dos manuais escolares é mais uma aldrabice, entre muitas, em vigor em Portugal. Serve para dar dinheiro a ganhar a uns quantos e à custa de muitos.
O uso de manuais pagos e em constante mudança é uma originalidade Portuguesa. Tal não se verifica em países com sistemas de ensino melhores que o nosso, dou como exemplos a Inglaterra e a Suiça onde tal práctica não se verifica.

Os helvéticos têm um sistema de empréstimos, controlado pelas escolas, onde os manuais vão circulando de ano para ano por diferentes estudantes. Os ingleses têm um sistema semelhante, os manuais quando existem são emprestados pela escola, não tendo os pais de gastar um centimo que seja em material escolar.

Se os nossos governantes fossem gente de respeito, esta práctica corrupta já tinha terminado há muito. Mas como continuamos entregues a gente mafiosa, cá vamos andando, vendo famílias que ganham 400 e poucos euros de salário a pagar 50% disso em livros escolares, para deitar fora no final de cada ano.

F Dias

José Batista disse...

O ano passado paguei pelo livro de Física do 12º ano, um volume só, cinquenta euros e poucos cêntimos.
Não posso indicar agora o título e os autores porque já foi oferecido a um aluno que este ano vai frequentar aquele ano de escolaridade.

Nas apresentações que estou ainda a fazer com os meus novos alunos deste ano procuro sensibilizá-los quer para procurarem junto de colegas mais velhos se não lhes podem disponibilizar os livros, quer para a possibilidade de os passarem a outros quando já não precisarem deles. A biblioteca da minha escola está a organizar uma espécie de "banco" de manuais usados.
Esta ideia já a tínhamos tentado implantar há mais tempo, mas muitos pais rejeitavam-na sob vários pretextos, entre os quais o de que se os meninos tinham dinheiro para telemóveis caros também deviam ter para os livros. Mas este ano a adesão foi grande e ninguém, que eu saiba, deprecia a medida.
Quanto aos miúdos, fiquei muito bem impressionado com a recetividade que mostraram (ainda há pouquíssimas horas...).

Areia às Ondas disse...

Como exemplo, sugiro a consulta dos livros aconselhados pelas Escolas do Agrupamento de Coruche, onde se podem constatar valores de 460€ em livros para um aluno...

Célia Gomes disse...

É verdade, o preço dos manuais escolares é revoltante! Apesar de se assistir ao um crescimento de " bancos " destinados à troca de manuais, na maioria das vezes por iniciativa privada, nem sempre se consegue encontrar os livros pretendidos, devido à enorme diversidade de manuais que circulam em Portugal, muitas vezes da mesma editora, o que não faz sentido. Assim, faz todo o sentido que sejam as escolas a promover as trocas e empréstimos, até porque os livros atribuídos aos alunos abrangidos pela ação social escolar deveriam ser devolvidos para reutilização. Num país que " bateu no fundo ", assistimos ao desperdício total!

Poupar Melhor disse...

Para troca de manuais escolares, há um Movimento já bastante distribuído pelo País

O BRASIL JUNTA-SE AOS PAÍSES QUE PROÍBEM OU RESTRINGEM OS TELEMÓVEIS NA SALA DE AULA E NA ESCOLA

A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...