Este é o aspecto central do número 49 da revista Cités, cujo título é Le populisme, contre les peuples?
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Mas o mais relevante, que sobressai no conjunto dos textos, é a tese de que populismo político é o reflexo preocupante do desmembramento do quadro ético construído no ocidente e, nessa medida, do desmembramento dos pilares em que assenta a própria democracia: "deliberação pública", "consulta popular", e "bem comum".
Yves Charles Zarka, autora do editorial - Le populismet: la démocratie des humeurs -, adverte os leitores para o facto de o actual populismo não poder confundir-se com a demagogia clássica. Efectivamente, o nível de educação das pessoas aumentou, muitas percebem as estratégias políticas que estão subjacentes aos discursos, sobretudo as mais óbvias, pelo que é preciso usar estratégias mais dissimuladas e dirigidas ao ser que cada pessoa é, ao seu íntimo.
Exige-se um grau de sofisticação que, já não podendo ficar nas mãos de amadores, requer excelentes especialistas. Conhecimentos científicos e tecnológicos entram em cena, nomeadamente, para fazer crer a cada pessoa que o político tal está a falar só para ela para lhe explicar que quer o seu bem e que para certo problema existe uma "única solução possível". São os sentimentos mais profundos que se manobram, em particular o medo.
Não obstante, o tom geral da revista é de optimismo: é fundamental a consciencialização das pessoas, que têm de "saber resistir" para que a democracia sobreviva.
1 comentário:
Que excelente reflexão e que grande verdade! Gostei muito!
Obg
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