quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Homem Só, Meu Irmão
Luiz Goes, trovador de Coimbra, escreveu, compôs e cantou canções como Homem Só, Meu Irmão. Uma voz fica e que continua a encantar.
Tu, a quem a vida pouco deu,
que deste o nada que foi teu
em gestos desmedidos...
Tu, a quem ninguém estendeu a mão
e mendigas o pão dos teus sentidos,
homem só, meu irmão!
Tu, que andas em busca da verdade
e só encontras falsidade
em cada sentimento,
inventa, inventa, amigo, uma canção
que dure para além deste momento,
homem só, meu irmão!
Tu, que nesta vida te perdeste
e nunca a mitos te vendeste
– dura solidão –,
faz dessa solidão teu chão sagrado,
agarra bem teu leme ou teu arado,
homem só, meu irmão!
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1 comentário:
Agradeço à Helena Damião esta pequena homenagem ao Luiz Goes. Foi, como se sabe, uma das melhores vozes da canção de Coimbra. Foi um compositor inspirado que contribui, com outros- entre os quais não teremos que considerar, claro, o José Afonso e o Adriano Correia de Oliveira, para a renovação dessa fonte tão rica e original do lirismo português e das canções a ele ligadas. É com pessoas destas que se vê e sente como temos uma cultura rica, profunda, original e forte, sem deixar de ser doce. Nem sempre a valorizamos, quase sempre a escondemos por baixo da pimbalhice e da grosseria agora reinantes, mas ela lá está. E continua viva. Luiz Goes, homem simples, fraterno e com um voz inconfundível sobre sonoridades também elas inconfundíveis.
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