sábado, 17 de maio de 2008

PORQUE AMAMOS?


Minha crónica no "Sol" de hoje:

A pergunta do título não é original. Tem sido levantada desde que a humanidade existe. A pergunta foi, por exemplo, colocada por Shakespeare, o autor dos versos: O amor não vê com os olhos, vê com a mente; por isso é alado, cego e tão potente. Mas, ultimamente, tem tido respostas científicas.

Helen Fisher, professora de Antropologia da Universidade de Rutgers, nos EUA, dá algumas respostas científicas, no livro que acaba de sair Porque amamos? A Natureza e a química do amor romântico (Relógio de Água, 2008). É o terceiro livro da autora em português pois já tinham saído Anatomia do amor: a história natural da monogamia, do adultério e do divórcio (Dom Quixote, 1994) e O primeiro sexo: como as mulheres estão a mudar o mundo (Presença, 2001). As palavras "Natureza" e "química" do subtítulo fornecem pistas. O amor é um fenómeno natural (já Charles Darwin disse que o homem partilhava com os animais muitos tipos de emoções) e tem muito a ver com os níveis de certas substâncias químicas no cérebro (como já alguém disse, “o amor é uma droga”). Os avanços realizados recentemente na teoria evolucionista e nas neurociências, em particular na imagiologia cerebral, permitem quer apurar uma história natural do amor quer fazer o seu retrato neuroquímico.

Fisher partiu do estudo de imagens do cérebro de pessoas apaixonadas. A pesquisa exigia mostrar uma foto da pessoa amada, para conhecer as alterações provocadas no funcionamento neurológico. O facto é que o cérebro se altera quando está enamorado. A autora distingue amor romântico, o seu tema principal, de atracção sexual e de ligação. Há relações entre esses estados, mas eles correspondem a substâncias químicas e a situações cerebrais diferentes.

Quem pensar que a ciência desse tipo não tem aplicações saiba que a antropóloga é consultora do sítio www.chemistry.com, destinado a facilitar o emparceiramento humano. O seu próximo livro baseia-se num estudo sobre as ligações estabelecidas por esse meio. A questão analisada é: "Como encontrar a pessoa certa?" Ora aqui está investigação que interessa a muita gente...

4 comentários:

Klatuu o embuçado disse...

O plural inclui quem?

Carlos Pires disse...

Num livro que escreveu sobre Leonardo da Vinci, Freud negou que a análise cyentífica feita pela Psicanálise fosse uma forma de “denegrir o que é radioso, de arrastar pela poeira o que é elevado” e de diminuir o génio do grande artista. O carácter científico das análises da Psicanálise é no mínimo duvidoso, mas a ideia de que a explicação objectiva e factual de coisas belas e grandiosas não as diminui, antes pelo contrário, continua a fazer sentido.
Explicar o amor através da química e dos altos e baixos dos neurotransmissores, combina-se maravilhosamente com o dia a dia do amor: lenços de papel atirados através das estantes de uma biblioteca com um “bom dia” escrito de modo tão trémulo que só pode querer dizer “gosto de ty”, flores oferecidas a despropósito e encontros furtivos em parques de estacionamento – entre outras coisas, umas melhores e outras piores.
Uma afirmação só pode ser considerada científica se for falsificável. Se se apresentar como infalível e irrefutável, é banha da cobra – isto é, pseudo ciência. Tão incerto, verdadeyro e precioso como isso, só o amor.

Carlos Pires

Rui leprechaun disse...

Oh... this one I know... easy go!

Because we were created by Love!!!

(I swear it's true, by Jove! :))

Klatuu o embuçado disse...

LOL! - nem os duendes escapam já ao declínio do Mundo!

"A escola pública está em apuros"

Por Isaltina Martins e Maria Helena Damião   Cristiana Gaspar, Professora de História no sistema de ensino público e doutoranda em educação,...