Minha crónica do último "Sol":
Foi lançado em 27 de Abril de Baikonur, Casaquistão, a bordo de um foguete russo Soyuz, o segundo satélite do sistema de navegação Galileo, o grande projecto da União Europeia para concorrer com o GPS norte-americano.
O GPS é, na sua origem, um sistema militar e continua a sê-lo em larga medida. Em 1983, na sequência do abate de um avião sul-coreano no espaço aéreo soviético, o Presidente Reagan decidiu abrir o GPS ao uso civil. Na prática, coexistem um sistema militar, de alta precisão, e um sistema civil, de menor precisão, que tem tido um “boom” entre nós (quem não conhece o TomTom?). Em 2000 o Presidente Clinton mandou desactivar a “disponibilidade selectiva”, a possibilidade de interferir destrutivamente no sinal GPS público. Mesmo assim, a União Europeia decidiu que era necessário um sistema alternativo só para uso civil, com maior precisão do que a do GPS (o objectivo é um metro). A discussão com os EUA foi dura após os ataques do 11 de Setembro. Mas, em 2004, as duas partes chegaram a acordo, mudando as frequências do Galileo e regulando a actuação em caso de guerra. As tecnologias rivais entraram numa fase de cooperação.
Como funcionam o GPS e como vai funcionar o Galileo? Pelo menos três satélites, com relógios atómicos a bordo, enviam sinais por microondas para terra, que são lidos por receptores GPS. A posição do receptor determina-se a partir das posições dos satélites assim como os instantes de emissão e de recepção dos sinais.
O Galileo, que usará 30 satélites e duas bases de rastreio, é muito caro: em 2007 eram precisos mais 3,4 mil milhões de euros. As empresas privadas tremeram perante esse investimento. E foi só no final desse ano, durante a presidência portuguesa da União Europeia, que se deu um passo decisivo para desbloquear o projecto, alocando ao Galileo fundos comunitários retirados à agricultura e à administração. O sistema europeu (de facto, não é só europeu, pois já se juntaram países como a China, a Índia e a Coreia do Sul) deverá estar operacional em 2013, se tudo correr bem. Oxalá!
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