É verdadeiramente extraordinário o teor de algumas mensagens que chegam à minha caixa do correio. Uma delas convida-me (mediante pagamento, claro) a participar num "Workshop Xamânico", organizado pela autointitulada "Universidade Internacional da Paz", com a brasileira Carminha Levy, intitulado "Jornada da Madona Negra e do Divino Espírito Santo", nos dias 17 e 18 de Maio em Sobral de Monte Agraço.
O resumo reza assim: "Este workshop destina-se essencialmente a quem procura percorrer o Caminho Sagrado. Com o Poder da Madona Negra e do Divino Espírito Santo, dos mistérios e dos milagres, vamos viver esta oportunidade onde a xamã e psicoterapeuta, Carminha Levy, nos conduz à cura profunda do arquétipo da culpa primordial. Através dos estados alterados de consciência xamânica, induzidos pelo som do tambor, atingimos a libertação de mandatos limitadores criados pela ilusão da culpa. Esta nova consciência abre-nos para uma ética de vida ao serviço da criatividade, que nos permitirá amar e ser amado."
"Caminho Sagrado..." conduzido por "xamã e psicoterapeuta"? Não se percebe se se trata de religião ou de pseudociência. Deve ser, de propósito, uma mistura das duas.
O que é a "Universidade Internacional da Paz"? O sítio www.unipaz.pt informa que a instituição, aparentemente apoiada pela Câmara Municipal de Lisboa (que a considera "entidade de elevado valor educativo e cultural") , foi "criada há 16 anos, em Brasília, por iniciativa governamental, tem contado com o apoio da ONU e da UNESCO e possui actualmente Campus em várias partes do mundo." E acrescenta: "Assente no novo paradigma científico, o Paradigma Holístico, os seus programas educacionais orientam-se no sentido de uma Educação para a Inteireza do Ser, tal como recomendado pela Declaração de Veneza da UNESCO."
"Assente no novo paradigma científico"? Aqui parece pseudociência. Merecerá o nome de Universidade? Será que a UNESCO e a Câmara de Lisboa sabem o que estão a apoiar?
domingo, 11 de maio de 2008
"Induzidos pelo som do tambor"
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2 comentários:
Obviamente que não sabem o que estão apoiar, há por este país fora muitos exemplos de casos assim, basta ver os boletins culturais dos municipios sobretudo nos meses das juventude ou da cultura, estes movimentos de new age e de pseudo-ciencia conseguem convencer as autarquias a apoiarem os seus projectos porque alem de serem muitas das vezes 1 novidade cultural conseguem agrupar as pessoas em actividades, sobretudo onde p panorama cultural é o deserto, com especial menção para as zonas do interior mas com portugal no seu geral, as autarquias como sempre não possuem tecnicos competentes com formação adquada para poderem avaliar estes projectos e solicitarem o promoverem alternativas aos mesmos.
Diga-se de passagem que a cultura popular à mercê das novas sociabilidades está a deaparecer e no seu lugar muitas vezes estas pseudo-ciencias conseguem-se imiscuir, quanto à cultura de elite, essa está com uma grande pujança devido às politicas culturais em que fzer cultura signfica grandes eventos megalomanos com figuras da praça publica ou do jet set num pais onde o rdenado minimo mal dá pra viver..
Parece que o estado ou se esqueceu do que é a cultura ou tem uma visão deturpada da mesma.
Estas vagas de pseudo ciencia e new age, quer a nivel do ensino, da cultura, da religiao devem-se ao desinteresse e ao desleixo de quem detem o poder que nada faz para as impedir..
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