terça-feira, 11 de setembro de 2007

Ética aplicada

A ética aplicada renasceu no séc. XX, e produziu já um acervo de bibliografia especializada considerável. Acabo de publicar na Crítica uma boa panorâmica geral da disciplina, da autoria do professor Faustino Vaz: Ética Prática (subscrição). No final do artigo refere-se o mistério insondável de nenhum dos temas da ética aplicada surgir nos programas de filosofia, que têm um capítulo com o título delicioso de "Temas/Problemas do Mundo Contemporâneo" -- não podiam faltar, é claro, a barbárie das barras, típicas dos documentos do ministério. E ainda há quem se queixe do quase analfabetismo dos nossos estudantes! Aparentemente, no ministério da educação ninguém sabe decidir-se entre duas palavras que por serem tão complexas custam a compreender: "ou" e "e". E vai daí atiram-nos com as inefáveis barras. Se Wittgenstein tivesse sido português, teria antes escrito "Do que não se pode escrever com tino, mais vale fazer silêncio". Mas eu diria antes que, mesmo que escrevam, não o tornem em lei nacional, por favor.

5 comentários:

Anónimo disse...

Acabo de folhear o Spiegel desta semana e o que encontro? Uma entrevista ao Richard Dawkins, assim como uma reportagem sobre o último livro de Hans Küng, pelos vistos (em parte) de memórias. Creio que interessa a muitos dos que aqui opinam, mas... não li ainda!
Adelaide Chichorro Ferreira

Anónimo disse...

Ver os programas de biologia...

Joana Inês Pontes disse...

A Ética não é um tema respeitado pelos manuais de Filosofia, que simplesmente não dedicam praticamente nenhuma atenção a esta «area» interessantissima da Filosofia. Existe apenas um ponto do programa que permite ao Professor expandir pelos caminhos que melhor lhe convém nesta area, porém, é minimo e a maior parte das vezes desprezado.

Mas na verdade, a Ética está na moda, permite discutir uma grande variedade de de temas e é possivel trabalhar num conjunto de saberes diversos: bioética, ética empresarial, ética aplicada à saúde (...)

Viva a ÉTICA APLICADA e todo o conjunto de sub-éticas que tratam de questões de necessidade «comum», agora podemos dizer que a filosofia semrpe tem a sua utilidade!

Anónimo disse...

Olá Joanna Pontes,
Antes dos manuais fazerem uma referência inadequada (ou esquecida, ou ignorante) da ética aplicada, o próprio programa da disciplina já o faz. E fá-lo no sentido em que se tem apontado neste blog do que é, actualemente, a política educativa do sistema de ensino português, isto é, um ensino baseado exageradamente no pricípio pedagógico de uma "aprendizagem centrada no aluno". Do ponto de vista do sentido da expressão, nem sequer vale a pena o debate, uma vez que qualquer e toda aprendizagem é centrada naquele que aprende. O problema é que as pedagogias lusas, importadas de outras pedagogias, a expressão tem esta tradução como resultado: "aprendizagem centrada no aluno em detrimento de ser centrada nos conteúdos". Com isto, pasme-se, existe um manual, edição de 2007, de filosofia, para o 10º ano, que, pura e simplesmente, na unidade onde se poderiam explorar os temas e problemas de ética aplicada, apresenta somente uma lista de contactos de instituições de solidariedade. A justificação de um dos autores é que, dessa forma, o aluno tem a liberdade de orientar o seu estudo como muito bem entender. Ora bem, há aqui dois pontos essenciais a reter:
1º desse modo, para que é que se faz, imprime e vende um manual?
2º ao contrário do que pretende o autor em causa,o manual não dá mais liberdade ao aluno privando-o de um conhecimento actual, pertinente e com muito estudo feito que o aluno nunca na vida virá a conhecer.
O aluno, deste modo, tem a noção que discutir um problema de ética aplicada como por exemplo, os direitos morais dos animais não humanos, não é muito mais do que se sentar no café e fazê-lo somente pelos "bitaites" que ouviu na TV ou nos jornais. É como discutir equações matemáticas sem nunca ter aprendido tal coisa na escola. E isto, por si só, coloca os nossos alunos em clara desvantagem em relação aos seus congéneres europeus, não estranhando daqui a diferença de resultados nos exames para os países da OCDE. Este é um claro exemplo das consequências directas de uma política educativa baseada no eduquês, na qual se despreza tudo quanto é conhecimento avançado e investigação séria, em detrimento de um conhecimento vago e superficial.
Só mais uma nota: os manuais de filosofia para o 10ºano mais adoptados do país, pelo menos os dois mais doptados, não andam muito longe desta realidade. e isto é preocupante, uma vez que temos poucas mas melhores opções. mas isto é matéria para uma discussão mais longa.
até breve
Rolando Almeida

Anónimo disse...

Sugestão ou convite à leitura sobre
What is Applied Ethics? Aqui neste link
http://iic00.cc.kochi-u.ac.jp/~ozawa/what-text.html

CARTA A UM JOVEM DECENTE

Face ao que diz ser a «normalização da indecência», a jornalista Mafalda Anjos publicou um livro com o título: Carta a um jovem decente .  N...