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Por coincidência, no dia do seu aniversário inicia-se o ano lectivo para os caloiros do Técnico, nomeadamente para os caloiros do DEQB que pela primeira vez nos últimos 32 anos não contarão com aquele que neles deixou a marca indelével de que as muitas homenagens na blogosfera são testemunho. De facto, o chefe foi uma figura de destaque no Departamento de Engenharia Química e Biológica do Instituto Superior Técnico, não apenas como cientista mas sobretudo como (grande) educador, um professor que nos empolgou, nos surpreendeu, nos fez pensar e nos envolveu activamente no ensino e investigação em Química.
Vi o chefe pela primeira vez em diferido e a preto e branco, na televisão em que assistia às aulas do ano propedêutico, que antecedeu o 12º ano e substituiu o serviço cívico dos anos da Revolução. O seu génio como educador era evidente mesmo no pequeno écran em que eu e mais três colegas tentávamos aprender a muita matéria das cinco disciplinas, matemática, física e química, ciências da natureza, português e inglês, que constavam dos exames que em Julho realizei no Pedro Nunes. Aliás, devo confessar que muito rapidamente as aulas de química passaram a ser as únicas que não perdíamos.
Quando mais tarde pude assistir ao vivo e a cores às aulas do chefe, fiquei fascinada com a facilidade como descascava e apresentava os aspectos mais complexos da química, com a forma brilhante como usava a voz, o corpo, o giz ou o ponteiro (de madeira nesses tempos) para transmitir os seus vastos conhecimentos de química a uma plateia completamente rendida.
Muitos foram aqueles que já como jovens assistentes ou assistentes estagiários assistiam às lendárias aulas no QA para se inspirarem para as respectivas. O amor pela Química - uma ciência que nos dia de hoje é muitas vezes totalmente incompreendida ou reduzida a estereótipos a milhas da realidade -, que todas as suas aulas transpiravam reflectia uma das suas grandes causas, o ensino da (boa) Química em Portugal.
Embora sinta que escrever (e ensinar) sobre a ciência à qual devotou a sua vida constitui a melhor homenagem que posso prestar ao chefe, neste dia que em anos anteriores significaria um almoço quasi ritual no Retiro do Quebra-Bilhas ou no Amazonas, não posso deixar de assinalar a data. Obrigado chefe, nunca o esqueceremos.
1 comentário:
Palmira,
aprecio com veemência a apologia que fazes do teu mestre. Vejo que o fazes com cabeça e com coração. Nunca fui aluna do professor Alberto Romão Dias mas acreditamos, tal como tu, que nunca o esqueceremos.
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